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Cúpula do Brics

Lula reforça antagonismo do Brics a “protecionismo” comercial em fórum de empresários

Lula
Críticas ao "ressurgimento do protecionismo" foi feita em encontro com empresários no Rio de Janeiro. (Foto: reprodução/Youtube Canal Gov)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar veladamente neste sábado (5) o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e países europeus pelo que seria o “ressurgimento do protecionismo” nas relações comerciais do mundo, e que os países que fazem parte do Brics devem se colocar como antagonistas a essa política.

A crítica foi feita durante a abertura do Fórum Empresarial do Brics, evento paralelo à Cúpula do Brics que será realizada a partir deste domingo (6) no Rio de Janeiro com a presença de líderes e representantes dos países que fazem parte do bloco comercial.

“Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional. O Brics segue como fiador de um futuro promissor”, disse Lula.

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A crítica aos Estados Unidos é em referência à taxação imposta por Trump em março a diversos países, e à União Europeia por conta da contrariedade de alguns países – entre eles a França – em efetivar o acordo comercial com o Mercosul.

O presidente brasileiro reforçou que o Brics hoje tem capacidade para se posicionar como um grande player econômico mundial por conta do avanço da economia de seus 11 membros, que já superam 40% do PIB global em paridade do poder de compra.

Pontuou, ainda, que a média de crescimento dos países do Brics foi de 4% no ano passado, enquanto o mundo cresceu 3,3%, e que possuem as maiores reservas de minerais críticos do mundo que serão cada vez mais demandadas pelo avanço da tecnologia. São, diz, 84% das reservas de terras raras, 66% do manganês e 63% do grafite.

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O Brics hoje é formado pelos seus cinco membros fundadores -- Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -- e seis associados nos últimos anos, como Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia, Irã e Indonésia.

“De acordo com a Agência Internacional de Energia, a demanda por minérios críticos deve triplicar até 2040. Queremos ir além da extração dessas riquezas. Em parceria com o setor privado, vamos qualificar nossa participação em todas as etapas das cadeias de suprimento”, pontuou.

Lula citou, ainda, a capacidade de produção de alimentos dos países do Brics como um ativo forte para se colocar como um player global, com 33% das terras agricultáveis e 42% da produção agropecuária mundial.

“O combate às desigualdades fortalece mercados consumidores, impulsiona o comércio e alavanca investimentos. [...] Nossos países podem liderar um novo modelo de desenvolvimento pautado em agricultura sustentável, indústria verde, infraestrutura resiliente e bioeconomia”, pontuou.

Citou ainda, como um ativo dos países do Brics, os investimentos em geração de energia renovável no mundo – “os maiores investidores” – e o “imenso potencial” para ampliar a produção de biocombustíveis, baterias, placas solares e turbinas eólicas.

Ainda no discurso, Lula retomou a necessidade de reforma das instituições multilaterais do mundo, entre elas o FMI, e criticou as guerras, afirmando que há um “vácuo de liderança” que “agrava as múltiplas crises enfrentadas por nossas sociedades”.

“O vínculo entre paz e desenvolvimento é evidente. Não haverá prosperidade em um mundo conflagrado”, completou.

E emendou uma crítica ao desenvolvimento de inteligência artificial pelas big techs -- tema comum em seus discursos em fóruns internacionais --, citando o que seria uma ausência de "diretrizes claras coletivamente acordadas".

"Os modelos gerados com base apenas na experiência de grandes empresas de tecnologia vão se impor. Os riscos e efeitos colaterais da inteligência artificial demandam uma governança multilateral", concluiu.

Além de participar da abertura do Fórum Empresarial, Lula terá uma agenda cheia neste sábado (5), com reuniões bilaterais com líderes de países como Etiópia, Vietnã, Nigéria, Abu Dhabi e China.

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