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Lula e Guilherme Boulos
Ex-presidente Lula e o pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Psol, Guilherme Boulos.| Foto: Ricardo Stuckert/PT

A estratégia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de tentar se aproximar de partidos de centro na busca de alianças para a disputa presidencial de 2022 fez com que partidos da esquerda se movimentassem no sentido contrário. Historicamente apoiadores dos governos petistas, partidos como Psol e PCdoB já se dividem sobre a candidatura do ex-presidente.

No Psol, o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) e o líder do Movimento Sem-Teto, Guilherme Boulos tentam manter o partido ligado ao grupo de Lula, mas sofrem resistência dentro da legenda. Freixo tenta viabilizar sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro com o apoio do PT e Boulos pretende ser candidato ao governo de São Paulo com uma aliança com os petistas.

Já outros nomes da sigla de esquerda defendem um nome próprio para a disputa presidencial. Nos últimos dias, um manifesto com apoio de seis dos dez parlamentares do partido lançou o deputado Glauber Braga (RJ) como pré-candidato ao Palácio do Planalto.

A movimentação desse grupo de parlamentares vai contra a direção do partido, que tem sinalizado que uma candidatura única no campo da esquerda seria o melhor caminho para a disputa contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No entanto, a pré-candidatura de Glauber conta com apoio de nomes importantes dentro do Psol como o da deputada Luiza Erundina (SP), que foi vice de Boulos na disputa da prefeitura de São Paulo no ano passado.

“É possível defender unidade na esquerda contra Bolsonaro e ao mesmo tempo ser pré-candidato a presidente do Brasil pelo Psol apresentando o programa da esquerda radical de forma não sectária? Sim! Muito obrigado às correntes e militantes que me incentivaram pra essa tarefa. Topo”, escreveu Glauber Braga nas suas redes sociais.

A parte mais radical do Psol tem se incomodado com as movimentações de Lula em relação aos partidos de centro como MDB e PSD. Além de Erundina, a articulação em prol da candidatura própria conta com o apoio de parlamentares como Sâmia Bonfim (SP), Vivi Reis (PA), Fernanda Melchionna (RS), e Davi Miranda (RJ).

“Não podemos nos associar com a direita liberal, que se apresenta como centro. Nossa militância acha que é preciso fortalecer o projeto com orientação à esquerda e com radicalidade política”, afirmou o pré-candidato à Presidência em entrevista ao jornal Valor Econômico.

A forte oposição de parte do Psol à composição com outros partidos de centro pode resultar na desfiliação de Freixo, que vem conversando com o PSB. O deputado está articulando sua candidatura ao governo do Rio em uma aliança que, além do PT, deverá ter o apoio de partidos como o DEM e o PSD. O ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), são nomes que pretendem apoiar o candidato de esquerda.

Antes de bater o martelo sobre sua saída, Freixo tem feito sinalizações aos militantes do Psol sobre a necessidade de compor com demais siglas para ter força nas eleições. Para não ampliar o racha interno, tanto Freixo quanto Boulos tem evitado declarações públicas sobre o partido.

Apesar disso, o presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros, afirmou que o manifesto em apoio o nome de Glauber Braga foi lançado em “momento inoportuno” e a que a hora é de lutar pela unidade da esquerda. Uma definição oficial da sigla deve ocorrer no fim deste ano.

Proximidade de Lula com Sarney incomodou PCdoB

Principal nome do PCdoB, o governador do Maranhão, Flávio Dino, demonstrou incômodo com a aproximação entre Lula e o ex-presidente José Sarney, uma das figuras mais influentes dentro do MDB. Dino e a família do emedebista são rivais políticos no Maranhão, reduto eleitoral dos Sarney.

O ex-presidente petista esteve com Sarney durante sua passagem por Brasília para tratar do apoio do MDB na disputa presidencial do ano que vem. Lula tem buscado “caciques” emedebistas, principalmente no Nordeste, para uma reaproximação.

Filha de Sarney, a ex-governadora Roseana Sarney articula seu retorno à política em 2022 e pode tentar uma vaga ao Senado. Os planos vão de encontro ao projeto de Flávio Dino, que também tentará o mesmo cargo.

Além disso, a base aliada de Flávio Dino está dividida sobre quem será o sucessor no governo estadual. Atualmente as pré-candidaturas do senador Weverton Rocha (PDT) e do vice-governador, Carlos Brandão (PSDB), disputam o aval do atual governador.

Mesmo com esses entraves, Dino tem sinalizado que estará no mesmo palanque que Lula. No entanto, a presidente do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, defendeu que o campo progressista deveria trabalhar um nome alternativo ao do ex-presidente petista na disputa do ano que vem. Na avaliação dela, “se a gente pudesse fugir dessa polarização, seria o melhor caminho para o Brasil". Luciana defendeu que não será interessante um eventual embate de Lula com o presidente Jair Bolsonaro.

"Nós não temos uma liderança popular com força eleitoral ainda suficiente para uma construção dessa natureza", disse Luciana Santos em entrevista a Rádio Clube AM. Na ocasião, a presidente do PCdoB citou que as tratativas entre o PT e o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) em 2018, foi o mais perto que se chegou dessa construção alternativa.

Ciro, por sinal, é outro nome da esquerda que toma um rumo distinto do de Lula – inclusive fazendo críticas contra o petista. Em entrevista publicada na segunda-feira (17) no jornal Valor, Ciro Gomes disse que Lula "é o maior corruptor da história brasileira".

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