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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou nesta quinta (3) um novo lema do governo como uma espécie de balanço das políticas públicas que implantou desde que tomou posse para este terceiro mandato. O “Brasil dando a volta por cima” é a nova tentativa do Palácio do Planalto para tentar reverter a queda de popularidade e a alta desaprovação do petista.
O novo lema foi lançado em um grande evento em Brasília organizado pelo ministro Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação Social (Secom), com a presença de ministros, parlamentares aliados e autoridades. A tônica da cerimônia girou em torno do que seria a “reconstrução” do país ao longo de 2023 e 2024, uma constante em seus discursos sobre a suposta “destruição” de políticas públicas pelo seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
“Pela reconstrução de um país deixado em ruínas pelo governo anterior. [...] Um país que não tolera ameaça à democracia, que não abre mão da sua soberania, que não bate continência a nenhuma outra bandeira que não seja a bandeira verde e amarela, que fala de igual para igual e respeita todos os países, mas que exige reciprocidade no tratamento”, disse emendando uma resposta sobre como o Brasil deve reagir ao tarifaço imposto pelo norte-americano Donald Trump na quarta (2) (veja mais abaixo).
Lula afirmou que voltar ao governo é como se retornasse para casa após muito tempo e a encontrasse "em ruínas" e uma "terra arrasada", semelhante ao que rotineiramente fala em seus discursos.
"Mas, ainda há muito a ser feito. Precisamos da união de todos para derrotar o ódio, a desinformação e a mentira", pontuou.
Entre os principais destaques apresentados como “transparência às entregas do governo federal”, estão a retomada de programas sociais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Farmácia Popular, a ampliação do Mais Médicos, o Novo PAC e a criação do Pé-de-Meia.
Também se falou muito nas questões econômicas, como a volta do Brasil ao “top 10 das economias” do mundo, pleno emprego e aumento real do salário mínimo, abertura comercial a outros países, entre outros. A cerimônia do governo também citou o Plano Safra como o “maior volume de investimentos da história do agronegócio”, e o projeto de lei que pretende isentar do Imposto de Renda os trabalhadores que ganham até R$ 5 mil.
Lula ainda pontuou alguns dos futuros anúncios que serão feitos em breve, como o Minha Casa Minha Vida para a classe média e a atualização do aplicativo Celular Seguro, que aumentará a proteção dos aparelhos, a segurança da população e "fortalecer o enfrentamento ao crime organizado".
Durante a cerimônia, foram exibidos vídeos com depoimentos de pessoas assistidas por programas sociais e Lula assinou decretos voltados ao repasse de R$ 18 bilhões em recursos do pré-sal para o Minha Casa Minha Vida e a antecipação do 13º salário aos aposentados e pensionistas para abril e maio.
A pesquisa mais recente de avaliação de Lula, divulgada na quarta (2) pela Quaest, mostra a aprovação do governo no índice mais baixo desde o início dessa gestão, em janeiro de 2023. O levantamento aponta que a desaprovação subiu de 49% em janeiro para 56% em março, enquanto a aprovação recuou de 47% para 41%.
Outra pesquisa, realizada pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg e divulgada no dia 1º, mostrou que a desaprovação do governo Lula atingiu 53,6% e os entrevistados alegaram insatisfação com a economia e a responsabilidade fiscal do governo, apesar das medidas anunciadas para tentar reverter essa tendência.
Relação com os Estados Unidos
Lula aproveitou o discurso para dar o tom da resposta que deve adotar contra o tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump na quarta (2), afirmando que o Brasil defende o multilateralismo e o livre comércio.
“Responderemos a qualquer tentativa de impor um protecionismo que não cabe mais hoje no mundo. Diante da decisão dos Estados Unidos de impor uma sobretaxa aos produtos brasileiros, tomaremos todas as medidas cabíveis para defender as nossas empresas e trabalhadores brasileiros, tendo como referencia a Lei da Reciprocidade econômica aprovada ontem (quarta, 2, no Congresso) e as diretrizes da Organização Mundial do Comércio”, disparou.
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Balanço de entregas
De acordo com o governo, nestes dois anos do terceiro mandato de Lula, o Brasil voltou ao grupo das dez maiores economias mundiais, com crescimento do PIB de 3,2% em 2023 e 3,4% em 2024. Também foram abertos diálogos com líderes de 67 países e mais de 340 mercados para o agronegócio.
Já internamente, o país também atingiu a menor taxa de desemprego em 12 anos, com 6,6% em 2024, contra 14,9% em 2021. Desde o início do governo, mais de 3,2 milhões de empregos formais foram gerados, e o salário mínimo voltou a crescer acima da inflação.
O combate à fome foi prioridade, diz o governo, com a ampliação do Bolsa Família para 20 milhões de famílias e a distribuição de alimentos diariamente para cerca de 60 mil pessoas.
O balanço também sustenta que a retomada do Mais Médicos chegou a 26 mil profissionais atendendo 64 milhões de brasileiros em 4,5 mil municípios. O Farmácia Popular, uma das principais bandeiras de Lula, passou a oferecer gratuitamente 41 medicamentos e insumos, incluindo fraldas geriátricas.
Na saúde, segue o governo, houve recorde de 14 milhões de cirurgias eletivas realizadas no SUS em 2024, um aumento de 37% em relação a 2022. O SAMU recebeu pouco mais de 2 mil novas ambulâncias.
“Após superar um período de negacionismo, o Brasil saiu da lista de países com mais crianças não vacinadas no mundo, segundo o Unicef. A cobertura vacinal aumentou consideravelmente para 15 das 16 vacinas infantis”, pontuou o governo em ataque ao antecessor Jair Bolsonaro (PL).
Na educação, diz, o programa Pé-de-Meia concedeu auxílio para 4 milhões de estudantes do ensino médio, permitindo repasses de até R$ 9,2 mil ao longo de três anos. O ensino integral alcançou um milhão de estudantes, e foram anunciadas 10 novas universidades e 102 institutos federais.
A indústria também mostrou reação, com crescimento de 3,3% em 2024, impulsionado pelo programa Nova Indústria Brasil. O setor gerou quase 200 mil empregos formais no período, aponta. E o Novo PAC, diz, movimenta R$ 1,8 trilhão em obras e investimentos.
Na habitação, o programa Minha Casa, Minha Vida contratou 1,2 milhão de moradias em dois anos.
No agronegócio, o Plano Safra liberou mais de R$ 765 bilhões em crédito, registrando o maior volume de investimento da história do setor.
O Concurso Público Nacional Unificado atraiu mais de 2 milhões de candidatos para 6,6 mil vagas e provas em todas as Unidades da Federação.
O governo também isentou 10 milhões de brasileiros do Imposto de Renda e encaminhou projeto para ampliar esse benefício a quem ganha até R$ 5 mil a partir de 2026.
No turismo, diz o governo, o Brasil bateu recorde de visitantes estrangeiros, com 6,7 milhões de turistas em 2024, superando as marcas de 2014 e 2016.
O desmatamento na Amazônia teve a maior redução em uma década, com queda de 46% em relação a 2022, enquanto no Cerrado, a redução foi de 25,7%.
A cultura recebeu investimentos na ordem de R$ 6,8 bilhões repassados por meio da Lei Paulo Gustavo e da Política Nacional Aldir Blanc. Pela Lei Rouanet, mais de 14 mil projetos foram aprovados, com um volume recorde de R$ 3 bilhões em recursos.








