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Lula
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (à esq.), o ex-presidente Lula (centro) e o senador Humberto Costa (à dir.), discutiram união do PSB com o PT para 2022| Foto: Ricardo Stuckert/PT

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Brasília no fim de semana para uma nova rodada de conversas com lideranças políticas. O objetivo é costurar alianças para as eleições de 2022. Na agenda, que deve seguir pelo menos até a quinta-feira (7), o líder petista pretende ampliar o leque de contatos para além da esquerda, incluindo políticos de legendas que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Lula vai se encontrar com parlamentares do PP e do PL (partidos do Centrão, o principal bloco de apoio do governo no Congresso); lideranças do MDB; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG); o presidente do PSD, Gilberto Kassab; e até mesmo com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), aliado de Bolsonaro.

A lista de parlamentares do Centrão que irão se encontrar com o petista vem sendo mantida sob sigilo pela assessoria do ex-presidente. O objetivo, segundo os organizadores, é evitar represálias por parte do governo Bolsonaro contra esses parlamentares.

"Eu quero conversar com todo mundo que queira conversar comigo. Porque o Brasil precisa ser repactuado", disse Lula durante reunião com a bancada petista na última segunda-feira (4).

Com siglas de esquerda, Lula negocia para o PT ceder espaços nos estados

Em um hotel próximo à Esplanada dos Ministérios, Lula já recebeu o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e outras lideranças do PSB. O petista tenta fechar o apoio do PSB a sua candidatura presidencial ainda no primeiro turno na disputa eleitoral no ano que vem. Em troca, Lula já sinalizou que o PT irá abrir mão de candidaturas próprias em estados como Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo para apoiar nomes do PSB.

A recomposição entre PT e PSB, principalmente em Pernambuco, vem sendo conduzida por Lula, depois do racha que ocorreu entre as lideranças dos dois partidos na disputa pela prefeitura do Recife nas eleições de 2020. A expectativa é que Paulo Câmara dispute o Senado, enquanto o ex-prefeito Geraldo Júlio seja cabeça de chapa na disputa pelo governo estadual. Nesse caso, o PT poderia indicar um nome para a vaga de vice, e até o momento, o nome do senador Humberto Costa é o mais cotado.

“Estamos dialogando e buscando o melhor caminho para os dois partidos. Precisamos de união entre todos aqueles que são contra tudo aquilo que Bolsonaro representa”, afirmou Humberto Costa, que esteve no encontro entre Lula e Câmara.

Além do governador de Pernambuco, o ex-presidente se reuniu com os governadores do Ceará, Camilo Santana (PT); do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT); do Piauí, Wellington Dias (PT); e da Bahia, Rui Costa (PT).

Segundo líderes petistas, a disputa pelos governos do Nordeste será primordial para a estratégia política de Lula em 2022, pois a região concentra a maior parcela do eleitorado do PT. No entanto, esses políticos temem o avanço de Bolsonaro na região, diante dos novos programas sociais como o Auxílio Brasil e o Minha Casa Verde Amarela, por exemplo.

Ainda em Brasília, Lula reuniu as bancadas do PT na Câmara e no Senado para um café da manhã de segunda. De acordo com lideranças presentes, um balanço sobre as últimas manifestações contra Bolsonaro foi apresentado a Lula. Também esteve na conversa a “blindagem” feita pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em relação aos pedidos de impeachment contra Bolsonaro.

“Esse encontro tem um papel estratégico. O principal deles é unificar o discurso e análise do ex-presidente Lula, da direção nacional do PT e do Congresso Nacional. Ou seja, qual é o papel estratégico do PT para enfrentar o que Bolsonaro está fazendo, e como construir um Brasil cada vez mais justo”, afirmou o deputado Enio Verri (PR), vice-líder do PT na Câmara.

Centrão e Rodrigo Pacheco estão no alvo do petista

Além de lideranças da esquerda, o ex-presidente Lula vai se encontrar na quarta-feira (6) com parlamentares do PP e do PL, dois partidos que integram o Centrão, o principal bloco de sustentação de Bolsonaro no Congresso.

O petista também poderá se encontrar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, mas ainda não há confirmação da agenda. O encontro vem sendo articulado pela bancada do PT no Senado, que apoiou o nome de Pacheco na disputa pela presidência da Casa no começo deste ano.

Uma reunião entre os dois chegou a ser marcada na última visita de Lula à capital, em maio deste ano, mas acabou cancelada horas antes pela presidência do Senado e pela equipe do petista. À época, o Palácio do Planalto demonstrou incômodo com o encontro, já que Pacheco também contou com apoio de Bolsonaro para sua eleição a presidente do Senado.

Agora, com o distanciamento entre Pacheco e Bolsonaro, líderes petistas avaliam que o encontro deverá ocorrer sem desgastes políticos. O presidente do Senado vem sendo sondado pelo PSD, presidido por Gilberto Kassab, para ser candidato à Presidência da República em 2022. Mas, segundo petistas, “eventuais candidaturas” não serão pautas do encontro.

Um encontro entre Lula, Kassab e parte da bancada do PSD também está previsto para ocorrer. Apesar de sinalizar que o seu partido terá candidatura própria na disputa de 2022, Kassab tem mantido conversas com o petista desde o começo do ano.

Em jantar com a bancada do MDB, Lula vai se encontrar com Ibaneis

Um dos principais caciques do MDB, o ex-senador Eunício Oliveira (CE) pretende oferecer um jantar para Lula em um encontro que terá a presença de outras lideranças emedebistas, como ex-presidente José Sarney e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Também serão convidados os ex-senadores Romero Jucá (RR) e Edison Lobão (MA), juntamente com o senador Veneziano Vital do Rego (PB).

Dos convidados, apenas Ibaneis Rocha se mantém próximo ao presidente Bolsonaro e defendeu que o jantar com o petista não terá cunho eleitoral. "Não vejo assim. Eu, por exemplo, estou atendendo ao convite de um correligionário", minimizou o governador do Distrito Federal.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) chegou a ser convidado, mas declinou do convite, pois pretende se encontrar com Lula apenas depois da entrega do relatório final da CPI da Covid, o que deve ocorrer no dia 20 deste mês. Apesar disso, Calheiros já sinalizou que irá apoiar a candidatura de Lula ao Planalto em 2022.

Depois de ter o seu projeto de reeleição ao Senado derrotado em 2018, o anfitrião Eunício Oliveira pretender disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados no ano que vem pelo Ceará. Desde que Lula recuperou seus direitos políticos, Eunício e outros caciques emedebistas trabalham para uma recomposição entre o MDB e o PT para a disputa de 2022.

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