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Cúpula dos Brics
Presidente Lula diz que países “não podem terceirizar as responsabilidades [pelas mudanças climáticas] ao Sul Global”.| Foto: Secom

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomou as críticas aos países desenvolvidos como responsáveis pelo aquecimento global e as mudanças climáticas, e afirmou que o que se conhecia como uma “governança global” para a solução destes problemas foi “esfacelada” ao longo da última década.

A declaração foi dada durante a primeira sessão plenária desta quarta (23) da Cúpula do Brics, realizada em Joanesburgo, na África do Sul. No mesmo discurso, Lula falou sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, de que os Brics têm um papel importante na ajuda para encontrar o caminho da paz, e o uso de recursos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, também conhecido como “Banco dos Brics”) para o financiamento de países do chamado “Sul Global”.

Segundo o presidente, os 17 objetivos da agenda da ONU, com 169 mesas para todos os países do mundo implementarem até 2030, correm risco de não serem cumpridos e que um relatório recente da organização indica um “forte retrocesso” em alguns deles. Lula diz que houve um aumento da desigualdade nos países em três décadas, e que houve estagnação em 30% das metas.

“Os grandes responsáveis pelas emissões de carbono que causaram a crise climática foram aqueles que fizeram a revolução industrial e alimentaram o extrativismo colonial predatório. Eles têm uma dívida histórica com o planeta Terra e com a humanidade”, disse retomando críticas contundentes que tem feito em busca de mais recursos para a preservação ambiental.

De acordo com Lula, é preciso valorizar os compromissos firmados em protocolos como de Paris e a convenção do clima “em vez de terceirizar as responsabilidades climáticas para o Sul Global”.

Ele enfatizou a realização da Cúpula dos Países Amazônicos, realizada no começo do mês, como um “marco para a construção de um desenvolvimento sustentável e justo” em que a exploração das florestas tropicais deve ocorrer sem prejudicar as populações que vivem dela, um discurso que também tem sido constante.

Para Lula, as promessas feitas pelos “países ricos” precisam ser cumpridas, como o direcionamento de recursos para a proteção ambiental que são prometidos mas demoram a ser efetivamente concretizados.

Ainda durante o discurso, Lula afirmou que é preciso criar um sistema financeiro global que seja mais benéfico aos países em desenvolvimento, com taxas menos danosas aos tomadores de empréstimos – oito vezes maior do que os cobrados de países ricos – o que eleva o endividamento das nações.

"Precisamos de um sistema financeiro internacional que, ao invés de alimentar as desigualdades, ajude os países de baixa e média renda a implementarem mudanças estruturais. Isso só ocorrerá com representatividade adequada nas instituições de Bretton Woods e seus fundos climáticos. O endividamento externo restringe o desenvolvimento sustentável", completou.

Neste sentido, enfatizou que o NDB pode oferecer medidas próprias de financiamento para o “Sul Global”. E, ainda, citou que a adoção de uma moeda de referência para as transações comerciais entre os países pode ser mais benéfica para os países em detrimento do uso do dólar.

Lula também afirmou que a ampliação do grupo dos Brics será efetivamente decidida na reunião plenária de quinta (24). Interlocutores do Itamaraty disseram a jornalistas brasileiros em Joanesburgo que está pré-decidido que pelo menos quatro países serão convidados: Arábia Saudita, Argentina, Egito e Emirados Árabes Unidos. Há, ainda, a possibilidade de que o Irã seja aceito no bloco, mas ainda não há um consenso entre os atuais membros.

Ainda nesta quarta (23), Lula participa de mais uma sessão plenária da Cúpula e um jantar com o presidente Cyril Ramaphosa, da África do Sul.

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