O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta terça (4), que o Mercosul “não pode isolar” a Venezuela e a Nicarágua dos diálogos. A declaração foi dada logo após tomar posse da presidência rotativa do bloco comercial, em uma entrevista a jornalistas.
Pouco antes, durante o discurso de abertura da Cúpula do Mercosul e posse no cargo, Lula deixou de fora qualquer menção aos dois países que restringem as liberdades civis das suas populações, para não gerar críticas imediatas de outros líderes presentes.
Segundo o presidente, os “problemas de democracia” na Venezuela e na Nicarágua precisam ser enfrentados, mas que não se pode “isolar” os países. “Os defeitos são múltiplos, precisamos conversar com todo mundo”, disse.
“Com relação à questão da Venezuela, todos os problemas que a gente tiver de democracia, a gente não se esconde deles, a gente enfrenta eles. Não conheço pormenores do problema com a candidata da Venezuela, pretendo conhecer”, disse em referência a María Corina Machado, pré-candidata à presidência venezuelana que foi declarada inelegível pela Controladoria-Geral do país.
A defesa ao regime político de Nicolás Maduro tem sido uma constante no governo Lula, com afagos a uma suposta democracia que ele considera ser um conceito “relativo” de uma pessoa para outra. O petista foi duramente criticado por líderes sul-americanos ao receber o venezuelano com honras no Palácio do Planalto em maio, quando afirmou que “narrativas” foram criadas pelo mundo sobre o país.
Já com relação à ditadura nicaraguense de Daniel Ortega, que travou uma guerra contra a Igreja Católica há mais de cinco anos com a prisão de líderes religiosos e fechando órgãos de imprensa, Lula disse que assumiu um compromisso com o Papa Francisco para interceder na situação.
“Eu assumi o compromisso com o Papa Francisco de falar com o [presidente da Nicarágua] Daniel Ortega, na próxima semana, para falar da disputa com os setores da Igreja. A única coisa que a Igreja quer é que a Nicarágua libere os bispos”, disse.
Sem citar nominalmente outros presidentes dos países que formam o Mercosul, Lula disse que pretender colher “as principais divergências” para “alinhavá-las” enquanto ocupar a presidência rotativa do bloco até o final do ano. “Nós formamos um bloco, juntos somamos mais gente, juntos temos mais capilaridade de negociar com quem que a gente queira”, completou.
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