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Luiz Henrique Mandetta comandou o Ministério da Saúde por quase um ano e quatro meses: saída ocorre após desgaste com o presidente da República.
Luiz Henrique Mandetta comandou o Ministério da Saúde por quase um ano e quatro meses: saída ocorre após desgaste com o presidente da República.| Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
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O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez um discurso de despedida do Ministério da Saúde com poucas referências à polêmica com o presidente, e direcionado especialmente à equipe que trabalhou com ele durante um ano e quatro meses na pasta. A fala ocorreu na sede do Ministério da Saúde nesta quinta-feira (16).

Mandetta começou o discurso agradecendo seus funcionários e mencionando nomes que o acompanharam durante a gestão e que estavam presentes na sala da coletiva. “Não posso medir o tamanho do meu agradecimento pelo que eu aprendi com vocês”, disse o ex-ministro.

Mandetta orientou os funcionários que continuarão no Ministério da Saúde a lutarem por seus posicionamentos. “Não tenham medo. Não façam um milímetro diferente do que vocês sabem fazer”, afirmou.

Ele também incentivou seus ex-subordinados a uma “defesa intransigente da vida, defesa intransigente do SUS e uma defesa intransigente da ciência”. “Fiquem nos três pilares, porque por esses pilares vocês conquistam tudo, porque esses pilares alimentam a verdade”, disse.

O ex-ministro também afirmou que sua relação com os outros membros do poder “nunca foi uma via de mão única” e quis ressaltar sua abertura ao diálogo. “Nunca foi de mim para eles, nem deles para mim. Sempre foi de ida e volta. Eu sempre fui a voz a ser convencida. Eu prefiro ser aquela metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, disse.

Mandetta exalta funcionários e pede apoio a novo ministro

Por enquanto, a maioria dos funcionários do Ministério deve ser mantida nos cargos que ocupa. O ex-ministro exaltou o trabalho dos seus ex-subordinados.

“Vocês servem muito bem. Vocês tem a gana e a garra para servir. Vocês sabem que ministros passam, o que fica é o trabalho do servidor do Ministério da Saúde do Brasil”, afirmou.

Mandetta também pediu que sua antiga equipe garanta um bom ambiente para o trabalho do novo ministro, Nelson Teich.

“Eu sei o que eu deixo, sei que deixo aqui a melhor equipe. Trabalhem para o próximo ministro tal qual vocês trabalharam para mim. Ajudem, não meçam esforços. Se trabalhavam para mim numa zona de conforto, pela equipe já estar organizada, desdobrem os seus esforços para que eles tenham o melhor espaço possível para trabalhar”, disse.

Bolsonaro é “extremamente humanista”, diz Mandetta

O ex-ministro fez algumas referências a Jair Bolsonaro sem a atitude de confronto que vinha marcando suas declarações sobre o presidente nos últimos dias. “Eu deixo esse Ministério da Saúde com muita gratidão ao presidente, por ter permitido que eu nomeasse cada um de vocês”, afirmou, em referência aos funcionários indicados por ele, no início do discurso.

Mandetta afirmou ter consciência “das dificuldades e do peso da responsabilidade” do presidente, “do peso que é você decidir em que momento a economia deve retomar a sua normalidade, o impacto disso no emprego de milhões de pessoas”. O ex-ministro diz que considera Bolsonaro “extremamente humanista” por pensar nesse aspecto. “Tenho certeza de que Nosso Senhor Jesus Cristo vai iluminá-lo para que ele possa tomar as melhores decisões em prol do país”, afirmou.

Em outro momento, Mandetta agradeceu novamente a Bolsonaro e falou de forma positiva sobre a conversa que selou sua exoneração.

“Volto a repetir: agradeço muito ao presidente. A conversa que tive com ele hoje foi uma conversa extremamente amistosa, agradável, embora o que eu possa entregar agora, a maneira como eu posso entregar agora a condução do ministério, realmente, é melhor que ele organize uma equipe que possa construir um outro olhar e que isso possa ser feito com base também na ciência”, disse.

Mandetta diz que quer lutar “no campo da saúde pública mundial”

O ex-ministro manifestou o desejo de continuar trabalhando no campo da saúde pública, e sugeriu que quer fazer isso em âmbito internacional.

“Que fique aqui não um adeus, mas sim um até logo para muitas e muitas lutas que o sistema de saúde pública do Brasil… E pode ter certeza, eu vou também lutar no campo da saúde pública mundial, porque eu acho que a gente tem muito para dizer para o mundo sobre essa experiência magnífica de um país em desenvolvimento ter tido coragem de escrever na Constituição que saúde é um direito de todos e um dever do Estado brasileiro”, afirmou.

Para Mandetta, o atual momento deve despertar a sociedade para reflexões sobre o estilo de vida que se leva. “Vamos ter que repensar muita coisa em termos do que queremos”, disse. “Vamos procurar pensar bem mais nas próximas gerações”, acrescentou.

Além disso, alertou os brasileiros sobre a situação do coronavírus no país. “Não pensem que nós estamos livres de um pico de ascensão desta doença. O sistema de saúde ainda não está preparado para uma marcha acelerada.”

Ex-ministro se dispõe a contribuir com transição

O ex-ministro disse que a chegada de um novo chefe pode ser “uma grande oportunidade” para sua ex-equipe. “Não tenham uma visão única, não pensem dentro da caixinha”, disse. Os novos membros da pasta podem trazer, segundo ele, “uma visão diferente, que pode mudar o pensamento”. “Se vocês estiverem convictos, trabalhem e vão atrás do melhor resultado”, acrescentou.

Mandetta também se dispôs a continuar ajudando informalmente a sua ex-equipe. “Não deixem de me acionar e ligar quando acharem que eu posso servir”, afirmou.

O ministro também disse que a antiga equipe contará com suas orações. “Tenho certeza de que a minha devoção inabalável a Nossa Senhora Aparecida vai acompanhar e proteger cada um de vocês aqui dentro. Muito obrigado por tudo.”

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