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O senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse que pretende sair “definitivamente da política”.
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse que pretende sair “definitivamente da política”.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado.

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou nesta quinta-feira (2) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a dar um golpe de Estado. A declaração foi feita pelo senador durante uma live nas redes sociais, ainda durante a madrugada. Segundo do Val, ele recusou e denunciou a proposta do ex-presidente. Posteriormente, o senador confirmou a acusação em entrevista à GloboNews e ao portal g1. Marcos do Val ainda afirmou que vai renunciar ao mandato no Senado.

“Vocês esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira [dia 3] vai sair na Veja a tentativa do Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei”, disse o parlamentar.

A revista Veja, citada pelo senador, publicou logo depois a reportagem sobre o assunto, relatando a acusação da tentativa de golpe de Estado. Marcos do Val afirmou à Veja – e também ao g1 – que se reuniu com Bolsonaro e com o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). Durante o encontro, o suposto plano de golpe teria sido apresentado ao senador. Isso teria ocorrido no Palácio da Alvorada em 9 de dezembro do ano passado, quando Bolsonaro ainda era presidente e Silveira, deputado.

A ideia seria que Marcos do Val gravasse, sem autorização, uma conversa que pudesse comprometer o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Essa conversa serviria como argumento para prender Moraes e invalidar o resultado das eleições, impedindo a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O plano teria sido verbalizado por Silveira com a concordância de Bolsonaro.

Marcos do Val mantém um relacionamento cordial com Alexandre de Moraes – o que facilitaria o plano. Além disso, para gravar o ministro, o senador seria equipado com equipamentos de escuta ambiental em suas roupas. E isso seria feito com o apoio do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República – orgão responsável pela segurança do presidente e ao qual é vinculada a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O GSI foi comandado até o fim do governo Bolsonaro pelo general Augusto Heleno.

"Eles me disseram: 'Nós colocaríamos uma escuta em você e teria uma equipe para dar suporte. E você vai ter uma audiência com o Alexandre de Moraes, e você conduz a conversa pra dizer que ele está ultrapassando as linhas da Constituição. E a gente impede o Lula de assumir, e Alexandre será preso'", disse o parlamentar ao g1. Caso Alexandre de Moraes não falasse nada de comprometedor, a gravação seria descartada.

Marcos do Val disse a Bolsonaro e a Silveira que precisaria pensar antes de decidir se aceitava ou não fazer parte do plano. E, no dia do encontro com Moraes, 14 de dezembro, relatou a proposta que recebeu do presidente e do deputado ao ministro do STF. Após avisar Moraes, o senador entrou em contato com Silveira e disse que não participaria do plano.

Os motivos para Marcos do Val renunciar ao mandato de senador

Na madrugada desta quinta-feira (2), o senador Marcos do Val anunciou que pretende sair "definitivamente da política". Em uma publicação em sua conta oficial no Instagram, ele afirmou que nos próximos dias deve pedir afastamento do Senado e que vai para os Estados Unidos. O parlamentar foi eleito em 2018 e tem mais quatro anos de mandato.

Ele justificou a decisão citando motivos pessoais e de saúde, como um “princípio de infarto”. Além disso, Marcos do Val afirmou que “não adianta ser transparente, honesto e lutar por um Brasil melhor, sem os ataques e as ofensas que seguem da mesma forma”. "Nos próximos dias, darei entrada no pedido de afastamento do Senado e voltarei para a minha carreira nos EUA", disse.

Após a derrota de Rogério Marinho (PL-RN) na disputa pela presidência do Senado, Marcos do Val foi acusado nas redes sociais, junto com outros senadores, de ser um “traidor”.

O senador declarou apoio a Marinho. Mas vídeos do parlamentar cumprimentando o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), viralizaram. Marcos do Val ressaltou que o gesto demonstra civilidade e educação. “As ofensas que tenho vivenciado, estão sendo muito pesadas para a minha família”, disse.

"Não tomei decisão sobre a renúncia do cargo"

Em conversa com os jornalistas, na manhã desta quinta-feira (2), Do Val disse que ainda está "indeciso" sobre a renúncia, após anunciar o afastamento do Senado e dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou coagi-lo a dar um golpe de Estado, em uma live nas redes sociais, durante a madrugada.

O parlamentar parece ter mudado de opinião sobre a renúncia do cargo, depois de receber o apoio de senadores e assessores do Senado, e disse que o anúncio foi um "desabafo" em sua rede social. "Tem hora que a gente fica com vontade de ir embora, porque aqui você é colocado numa posição como se quisesse tirar proveito de algo. Mas não posso largar minha equipe. Não tomei decisão sobre renúncia ao cargo", disse.

Durante a entrevista, ele confirmou que em dezembro do ano passado reuniu-se com Bolsonaro e com o então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e que recebeu um pedido para gravar uma conversa com Moraes. O objetivo seria criar uma situação que impedisse a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O parlamentar diz que está à disposição da Policia Federal para prestar depoimento sobre a suposta pressão de Bolsonaro por golpe. "É inevitável. Claro que vou ter que esclarecer, lógico. Não fiz isso antes por conta de não expor o ministro Alexandre", afirmou Marcos do Val, em entrevista coletiva no Senado.

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