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Tabata Amaral
Pablo Nobel está em negociações com o PSB para tocar a campanha da deputada Tabata Amaral à prefeitura de São Paulo em 2024.| Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

O marqueteiro que ajudou na campanha vitoriosa de Javier Milei à presidência da Argentina, Pablo Nobel, está conversando com o PSB para assessorar a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) na corrida à prefeitura de São Paulo em 2024. A informação foi confirmada pelo partido à Gazeta do Povo nesta quinta (23).

De acordo com o PSB, as conversas ainda estão em andamento e não há um prazo para se bater o martelo, pois tudo depende de orçamento e de questões burocráticas – não há informações de quanto custaria o auxílio de Nobel à Tabata. A reportagem tenta contato com o consultor.

Apesar de ainda estar em negociações com o partido, o PSB informou que Nobel já participou de uma sessão de gravação de inserções partidárias com Tabata, e que ele também auxiliou na campanha presidencial de Geraldo Alckmin (atual vice-presidente) em 2018. Naquele ano, no entanto, o país elegeu Jair Bolsonaro (PL).

Pablo Nobel também foi o responsável pela campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo, no ano passado. Ele fez o então ministro de Bolsonaro nascido no Rio de Janeiro ser conhecido em todo o estado e vencer a disputa com 55,27% dos votos em segundo turno (veja aqui), desbancando o então candidato Fernando Haddad (PT), hoje ministro da Fazenda.

Durante a campanha eleitoral, Tarcísio foi alvo de críticas por suposto desconhecimento de localidades do estado, como o nome da escola em que votava em São José dos Campos.

Nobel também chegou a conversar com o Podemos para fazer a campanha do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), que mudou de legenda e concorreu ao Senado.

As agências de comunicação que Nobel atuou nas campanhas segundo seu perfil no LinkedIn, como a Kavaná, em 2022, e a PROS, em 2018, não constam nas prestações de contas de Tarcísio e de Alckmin, respectivamente, na Justiça Eleitoral.

Nobel suavizou imagem de Milei

Com raízes argentinas, mas radicado no Brasil, Pablo Nobel desempenhou um papel essencial na estratégia de Milei para angariar votos da conservadora Patricia Bullrich, derrotada no primeiro turno com 23,8% dos eleitores.

Nobel adotou uma estratégia inspirada na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2002. Ao final da campanha, Milei publicou um vídeo negando privatizações em áreas como saúde, educação e esportes, encerrando com a frase “a esperança vai vencer o medo”, mesma expressão usada por Lula em sua primeira vitória presidencial.

A sugestão de Nobel visava atrair parte dos votos de Bullrich, e não houve resistência do partido “A Liberdade Avança” à utilização do mote petista na campanha.

“Na nossa experiência, o antídoto para o medo é a esperança. Você se lembra de Lula 2002. Então nós resgatamos isso e trouxemos a narrativa da esperança. ‘A esperança vai vencer o medo’. Isso foi muito forte no digital e acabou de uma maneira mudando um pouco a envergadura e deixando ele mais presidenciável”, disse Nobel em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo em Buenos Aires.

O vídeo veiculado era uma resposta às alegações da campanha de Sergio Massa, oponente de Milei, que acusava o libertário de planejar o fechamento de escolas, entre outras críticas.

Durante a campanha, Milei criticou Lula e declarou que não dialogaria com o presidente brasileiro se eleito. Contudo, Nobel recomendou uma “suavização do discurso”, afastando símbolos agressivos como a motosserra, antes utilizada por ele para representar a redução de privilégios e gastos públicos.

O apoio de Macri e Bullrich foi crucial, segundo Nobel, e Milei, em seus discursos pós-vitória, expressou gratidão a ambos. A estratégia de adotar um tom mais suave e democrático surpreendeu ao virar o resultado do primeiro turno e dar uma vantagem de 12 pontos porcentuais em relação a Massa.

Nobel afirma que foi preciso levar ao então candidato o “ponto de vista brasileiro” da moderação. “Tinha uma audiência que já havia decidido votar em Milei, outra que ia votar em Massa. E tinha uma franja de 20% talvez 30% de brancos, indecisos, que não sabiam o que fazer”, disse.

“Essa moderação era necessária para utilizar, da melhor forma possível, o apoio da Patricia e do Mauricio Macri. Isso funcionou”, completou o marqueteiro.

Nobel passou a atuar na campanha de Milei pouco depois do primeiro turno da eleição argentina, em que o então candidato contava com a vitória e acabou amargando o segundo lugar na apuração das urnas, com seis pontos atrás de Sergio Massa.

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