Povos mestiços da Amazônia estariam sendo forçados a se "transformar em indígenas". A denúncia envolve servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) que estariam apoiando e incentivando as pessoas a buscar a obtenção dos documentos de reconhecimento indígena. A presidente do Movimento Pardo-Mestiço, Helderli Castro de Sá afirmou que a Funai estaria incentivando mestiços a "virarem" índios e ainda promovendo expulsões de áreas em caso de negativas. Helderli usou ainda o termo "limpeza étnica" para se referir às ações da Funai contra o povo mestiço.
Uma das denúncias, apresentada por meio de vídeo exibido a pedido da convidada da CPI, Helderli Castro de Sá, mostra a amazonense Maria Alcilene Silva dos Anjos, de Careiro da Várzea. Ela relata que há pelo menos 50 anos ouvia os antepassados falando que tinham conhecimento de somente duas aldeias indígenas no município.
“De uns tempos pra cá começou a influência. O pessoal passando por aqui, querendo transformar os mestiços em indígenas, por causa de benefícios. Um parente nosso, inclusive, começou a se envolver com a justiça, fazendo coisas erradas. Aí começaram a colocar na cabeça dele que se ele passasse a ser índio, se livraria da justiça. Assim ele teria advogado de graça e não seria preso”, relata a Maria Alcilene, que atribui aos funcionários da Funai o apoio para a prática na região de Autazes/AM e para a emissão de Registros Administrativos de Nascimento de Indígena (RANI).
Maria Alcilene disse ainda que os “mestiços transformados em indígenas” teriam tentado entrar nas terras que estão em sua família há pelo menos 100 anos e fazer demarcação de terras indígenas.
A Gazeta do Povo está tentando contato com a Funai e atualizará esta reportagem quando a fundação apresentar seu posicionamento em relação às denúncias.
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