Milhares de indígenas de todas as regiões do Brasil participam de mobilização em Brasília nesta semana. Nesta terça-feira (23) eles fizeram uma marcha até o Congresso Nacional e lotaram o plenário da Câmara, onde protestaram contra o Marco Temporal, que dificulta a demarcação de novas terras indígenas e gera mais segurança jurídica para o produtor rural.
O Acampamento Terra Livre (ATL), organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), começou na segunda-feira (22) e segue até sexta-feira (26). Neste ano, o movimento comemora 20 anos de mobilizações. A organização do evento afirma que há cerca de 20 mil indígenas no acampamento. A programação inclui uma série de reuniões entre os diferentes povos e agendas no Congresso Nacional, voltadas especialmente para contestar a tese do marco temporal de demarcação de terras indígenas.
Na manhã desta terça-feira (23), milhares de indígenas saíram do acampamento, localizado próximo à Torre de TV, na área central de Brasília, e marcharam pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional em um percurso de cerca de quatro quilômetros. A marcha foi acompanhada durante todo o percurso pela Polícia Militar do Distrito Federal e dificultou o trânsito por cerca de meia hora.
Na chegada ao Congresso, porém, apenas um grupo de cerca de 500 indígenas teve acesso à Câmara dos Deputados para acompanhar uma sessão solene em homenagem aos 20 anos do acampamento. O grupo lotou o plenário da Câmara dos Deputados de cocares e maracás das mais diversas etnias. Os maracás foram agitados diversas vezes, emitindo sons, que demonstravam a concordância com os discursos.
Entre as autoridades mencionadas pela deputada indígena Célia Xakriabá (Psol-MG), que conduziu a sessão, estiveram os representantes das embaixadas da Noruega e dos Estados Unidos e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Os indígenas entoaram cantos no Plenário e acompanharam os discursos feitos por lideranças e deputados de esquerda. Nos discursos, a contrariedade com a lei do marco temporal para a demarcação de terras indígenas foi reforçada.
Do lado de fora da Câmara, por volta do meio-dia, os indígenas que não tiveram acesso ao plenário e permaneceram nos gramados da Esplanada, começaram a se dispersar e a voltar para o acampamento.
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