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Negociação bilionária

Moraes manda investigar negociação de dólares no dia do tarifaço de Trump

Moraes abre investigação sobre suposto uso de informações privilegiadas em operações de câmbio no dia do anúncio do tarifaço de Trump. (Foto: Fellipe Sampaio/STF)

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu nesta segunda-feira (21) uma investigação sobre suposto uso de informações privilegiadas em operações de câmbio no dia 9 de julho, data do anúncio do tarifaço contra o Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

As negociações de compra e venda de dólares renderam a alguns investidores lucros de até 50%. No último dia 18, o advogado-geral da União, Jorge Messias, apontou indícios de uso de “informações privilegiadas (insider trading) por pessoas físicas ou jurídicas, supostamente com acesso prévio e indevido a decisões ou dados econômicos de alto impacto”.

O caso tramitará no STF como uma petição autônoma e sigilosa e será relatado por Moraes por prevenção, pois o ministro é o responsável pelas investigações contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Além de apresentar motivos comerciais, o líder americano defendeu o fim imediato da ação penal por suposta tentativa de golpe contra Bolsonaro ao anunciar a taxação.

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“Os fatos noticiados, conforme sustenta a AGU, podem caracterizar o delito previsto no art. 27-D da Lei 6.385/76 (“Utilizar informação relevante ainda não divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores mobiliários”) e podem estar relacionados aos fatos investigados neste Inq. 4.995/DF e na Pet 14.129/DF”, escreveu Moraes.

O Jornal Nacional, da TV Globo, revelou na última sexta-feira (18) movimentações bilionárias no mercado de câmbio pouco antes do anúncio do tarifaço por Trump. Segundo a reportagem, às 13h30, de 9 de julho, houve uma compra de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões, neste momento o dólar era negociado a R$ 5,46.

Dois minutos depois das 16h17, horário em que Trump divulgou a carta sobre a taxação contra o Brasil, alguém vendeu o montante bilionário, com o dólar a R$ 5,60. O investimento de três horas pode ter gerado um lucro de até 50%. De acordo com o JN, negociações semelhantes ocorreram em anúncios anteriores das tarifas de Trump contra África do Sul, México, Canadá e União Europeia.

Para a AGU, o padrão das operações sugere “acesso prévio e indevido a decisões ou dados econômicos de alto impacto”. O uso de informações sigilosas para obter lucros no mercado de câmbio é crime. Além do Supremo, Messias também acionou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável por regular o mercado de valores no país, para apurar possíveis irregularidades.

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