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Movimentos de esquerda protestam contra o governo Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro: direita planeja promover manifestação própria.
Movimentos de esquerda protestam contra o governo Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, no dia 5 de julho.| Foto: André Coelho/EFE

Movimentos sociais, partidos de esquerda e centrais sindicais convocaram para este sábado (24) um novo protesto contra o presidente Jair Bolsonaro. De acordo com os organizadores, a pauta das manifestações será o impeachment do chefe do Executivo. Os atos estão programados para ocorrer pelo menos 430 cidades do país, e a maior quantidade de público é esperada na Avenida Paulista, em São Paulo.

Além da saída do presidente Bolsonaro, os protestos também vão reivindicar a volta do auxílio emergencial de R$ 600, vacinação em massa e reforma administrativa, além de ressaltar as mais de 540 mil mortes por Covid-19, segundo os organizadores.

“Só o povo em massa nas ruas vai impedir que se concretizem as aventuras autoritárias que o presidente tem insinuado, como a de que pode impedir a realização das eleições de 2022 ou não aceitar o resultado das urnas eletrônicas em caso de derrota. Por isso é cada vez mais necessária a presença de todas e todos nas manifestações para pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a pautar um dos mais de cem pedidos de impeachment, como o “superpedido”, diz a carta de convocação assinada pelos sindicatos e partidos.

Apesar de contar com apoio do Partido dos Trabalhadores (PT), as manifestações não deverão ter a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à presidência em 2022. No entanto, o líder petista pediu para que a população continue indo para as ruas “para mostrar a sua insatisfação com a situação do Brasil”.

“Continuem protestando porque o grito de vocês é que pode ajudar a libertar esse país”, declarou o petista durante o Encontro da Cultura em São Paulo no último fim de semana. Além do PT, os protestos contam na organização com partidos de esquerda como PSB, PDT,  Psol, PCdoB, PSTU, PCB, PCO e UP.

Integrantes do PT admitem que a presença de Lula nos atos poderia acabar gerando divisão entre os demais partidos, tendo em vista que legendas como PSB ainda não fechou apoio ao nome do petista para 2022 e o PDT conta com a pré-candidatura de Ciro Gomes. “Tem de ter unidade entre diversos setores, apesar das nossas opiniões diferentes. Neste momento, é preciso abandonar essas diferenças e caminhar no que é convergente, no que nos unifica, que é tirar Bolsonaro do poder”, afirma Ariovaldo de Camargo, secretário da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT.

Violência dos últimos atos

Os últimos atos contra o presidente Jair Bolsonaro convocados pelos partidos e movimentos de esquerda ocorreram no dia 3 de julho. Foram registradas manifestações em 290 cidades.

Em São Paulo, o protesto acabou terminando em vandalismo, quando, no momento da dispersão, alguns manifestantes quebraram vidraças e incendiaram uma agência bancária na Rua da Consolação. Outro grupo quebrou vidros de uma concessionária de veículos, depredou cinco pontos de ônibus e colocou fogo em lixo. A fachada da Universidade Presbiteriana Mackenzie também foi danificada.

No mesmo dia, militantes do PCO brigaram com militantes do PSDB. Integrantes do partido de esquerda acabaram queimando bandeiras e hostilizando os tucanos que também revidaram aos ataques.

O episódio acabou resultando em desgastes entre os partidos e movimentos de centro e centro-direita que buscavam acordo com as legendas de esquerda para aderir aos movimentos. Com o impasse, a chamada “direita não-bolsonarista”, convocou atos para o dia 12 de setembro.

“O que nós temos observado é que existe por parte dos movimentos de esquerda algum radicalismo e uma atuação incompatível com a democracia, como a depredação do patrimônio público. É preciso que aqueles que representam os movimentos de esquerda se atentem para esses fatos, pois parte da sociedade não se sente representada por isso. Isso acaba sendo prejudicial para a própria causa”, argumentou a porta-voz do Vem Pra Rua, Luciana Alberto, organizadora dos atos do dia 12 de setembro.

Ministério Público pede que PM evite excessos e uso de armas em Pernambuco

O Ministério Público de Pernambuco expediu um ofício para a secretária de Defesa Social e para a Polícia Militar com recomendações para atuação nos protestos contra o governo Bolsonaro convocados para o estado. A promotoria pediu que os policiais que forem atuar nos protestos usem os protocolos recomendados para evitar excessos e uso de armas letais ou não-letais no caso de eventual uso da força.

Em maio, durante os protestos na capital Recife, a PM acabou utilizando spray de pimenta e bala de borracha para dispersar os manifestantes. Dois homens, que não participavam do ato, foram atingidos pelos disparos e acabaram perdendo parte da visão. Além disso, a vereadora do Recife Liana Cirne (PT) foi agredida no rosto com spray de pimenta por policiais.

Pouco tempo depois, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), acabou vindo a público para afirmar que havia determinado o afastamento do oficial da PM que estava comandado a operação. “A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social já instaurou procedimento para investigar os fatos. O oficial comandante da operação, além dos envolvidos na agressão à vereadora Liana Cirne, permanecerão afastados de suas funções enquanto durar a investigação", disse o governador. Dezesseis policiais militares, sendo 13 praças e três oficiais, seguem afastados.

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