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Deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) denunciou venda de cogumelos em sites.
Durante depoimento na CPI das Ongs. deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) denunciou venda de cogumelos em sites.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A venda de cogumelos sanöma, também conhecidos como cogumelos yanomami, em sites de organizações não-governamentais (Ongs) e no Magalu (Magazine Luiza), estaria financiando a fome de indígenas no norte do país. A afirmação foi feita pela deputada indígena Silvia Waiãpi (PL-AP), durante seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Ongs, nesta terça-feira (1º).

De acordo com a deputada, os cogumelos são uma fonte de alimentação importante para os indígenas, especialmente nos períodos de chuva, em que a caça é escassa e não há outras fontes de alimento disponíveis. Para ela, a venda de cogumelos na internet impacta a situação de fome verificada em povos indígenas. “Isso significa que um indígena ficou sem comer! Esse cogumelo é rico em proteínas. Eles [os indígenas] procuram na mata e não encontram”, disse a parlamentar ao mostrar os pacotes de cogumelos adquiridos nos sites do Instituto Socioambiental (Isa) e do Magazine Luiza.

A deputada Silvia entregou os pacotes de cogumelos ao presidente da CPI das Ongs, senador Plínio Valério (PSDB-AM) para que seja devolvido aos povos indígenas.

Por meio de sua assessoria, o Magazine Luiza emitiu a seguinte nota sobre as declarações da deputada Silvia Waiãpi:

"O Cogumelo Desidratado Yanomami, vendido pelo seller Casa Santa Luzia, no marketplace do Magalu, é um produto legal e gerador de renda para os povos Sanõma, que são parte do povo Yanomami e habitam a região de Awaris, nas florestas de montanha do extremo noroeste de Roraima. O produto também é encontrado em diversos outros grandes e-commerces nacionais. O Magalu lamenta que temas tão sérios para a sociedade brasileira sejam explorados para fins políticos e de desinformação. A empresa ainda reforça seu compromisso com os povos originários do Brasil. Neste ano, o Magalu fez doação, via UNICEF, de 150 000 reais para famílias Yanomamis para compra de leite terapêutico para alimentar de 50 a 100 crianças com desnutrição aguda grave, além de beneficiar mais de 6 000 crianças com os sachês de micronutrientes."

A Gazeta do Povo tentou contato com o Isa sobre as declarações da deputada Silvia sobre a venda de cogumelos yanomami, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.

Mortes por desnutrição está entre as mais frequentes na Terra Indígena Yanomami  

A Terra Indígena Yanomami, de onde são retirados os cogumelos yanomamis, fica localizada nos estados de Amazonas e Roraima, na fronteira com a Venezuela, possui 9.664.975 hectares (96.650 km²). Em janeiro, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) devido às mortes de indígenas registradas nesta região.

De acordo com o mais recente informe produzido pelo Ministério da Saúde, divulgado em 27 de julho, em 2023 já foram registradas 157 mortes de indígenas no território yanomami. A desnutrição aparece como uma das quatro causas mais frequentes de mortes na terra indígena, somando 19. Além disso, o informe mostra que havia pelo menos 256 crianças indígenas em acompanhamento nutricional, por desnutrição grave ou moderada.

As ações do governo Lula na Terra Indígena Yanomami tiveram como plano de fundo a alegação de um suposto "genocídio" promovido pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). No entanto, levantamento feito pela Gazeta do Povo com dados disponíveis na plataforma da Lei de Acesso à Informação evidencia que os números mais usados para propagar a tese do “genocídio” recente são, na maioria dos casos, apresentados de forma incompleta e enviesada, já que há dados desfavoráveis em medida semelhante a todos os governos desde os anos 2000.

O crescimento dos casos de malária, uma das principais causas de mortes, nas terras indígenas yanomamis é real, mas ocorre pelo menos desde os anos 2000, quando começaram as medições. O maior aumento percentual aconteceu durante o primeiro governo Lula, e a situação praticamente só tem piorado desde 2013, com um leve arrefecimento nos últimos dois anos.

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