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O futuro deputado federal Nikolas Ferreira (de camiseta amarela) e o senador eleito Cleitinho (de boné), ao lado do presidente Bolsonaro.
O futuro deputado federal Nikolas Ferreira (de camiseta amarela) e o senador eleito Cleitinho (de boné), ao lado do presidente Bolsonaro.| Foto: Reprodução/Twitter

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentará, em seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto, um Congresso Nacional de viés mais conservador do que o que existia entre 2003 e 2010, quando o petista comandou o país. No primeiro turno das eleições, escolheram novos deputados federais e senadores com um perfil, em sua maioria, mais alinhados com pautas da direita. Com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da disputa presidencial, esses grupos conservadores foram automaticamente transformados na futura bancada da oposição – que deve endurecer a vida de Lula no Legislativo.

A lista das "pedras no sapato" que Lula enfrentará no Congresso contém tanto novatos em Brasília quanto figuras que chegaram ao Legislativo na "onda conservadora" de 2018 ou mesmo que já faziam oposição ao PT nos governos do ex-presidente e de sua sucessora Dilma Rousseff.

Um exemplo de novato que tentará criar dores de cabeça para Lula é o senador Cleitinho (PSC), eleito por Minas Gerais. Ele recebeu 4,2 milhões de votos em outubro e superou Alexandre da Silveira (PSD), o candidato apoiado por Lula, e Marcelo Aro (PP), que era o nome do governador Romeu Zema (Novo). Cleitinho é atualmente deputado estadual e tem no endurecimento da legislação penal uma de suas bandeiras políticas.

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) é um exemplo de parlamentar em segundo mandato que tende a ser uma das lideranças da oposição a partir de 2023. Ela chegará para a nova legislatura referendada por um crescimento expressivo em sua votação: saltou de 76.306 votos em 2018 para 946.244 em 2022, número que superou o obtido por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente.

Já o grupo dos opositores que são adversários do PT de longa data tem como um de seus representantes Eder Mauro (PL-MG), que na sessão do impeachment de Dilma, em 2016, justificou seu voto favorável ao dizer que se opunha à ideologia de gênero do PT. Ele foi reeleito em 2022 como o segundo mais votado do Pará, com 205.543 votos. Iniciará em 2023 seu terceiro mandato.

Confira abaixo outros deputados federais e senadores eleitos que deverão protagonizar a oposição a Lula no Congresso.

Quem serão os destaques da oposição no Senado

Eduardo Girão (Podemos-CE)
Senador pelo Ceará, eleito em 2018, Eduardo Girão ganhou destaque na defesa do governo Bolsonaro durante a CPI da Covid, embora se apresente como um parlamentar independente. O antipetismo é uma de suas bandeiras políticas, o que deverá ser acentuado com o retorno do PT ao Palácio do Planalto.

Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
O filho mais velho do presidente é o atual líder do PL no Senado e tende a continuar tendo representatividade como membro da oposição, a partir de janeiro. Flávio chegou a ser citado como possível candidato a presidente do Senado se seu pai se reelegesse.

General Hamilton Mourão (Republicanos-RS)
O atual vice-presidente se elegeu senador pelo Rio Grande do Sul e, depois de sua vitória, se empenhou na campanha de Bolsonaro no segundo turno. Ele também apoiou o candidato derrotado ao governo gaúcho Onyx Lorenzoni (PL). Ao longo das últimas semanas, não poupou críticas a Lula e ao PT.

Magno Malta (PL-ES)
O ex-senador voltará ao Congresso após perder a eleição de 2018, quando tentou renovar seu mandato no Senado. Malta foi cogitado no passado para ser vice-presidente de Bolsonaro e para ocupar um ministério, mas as especulações não se confirmaram. Ele permaneceu ao lado de Bolsonaro – e contra o PT – ao longo dos últimos anos. Deve retomar a abordagem contra a esquerda que marcou os últimos anos de seu mandato anterior.

Marcos Rogério (PL-RO)
Derrotado na tentativa de se eleger governador de Rondônia, Marcos Rogério permanecerá no Senado e tentará se consolidar como uma voz de oposição ao PT. O senador ganhou notoriedade durante a CPI da Covid, quando foi uma das principais vozes de defesa do governo Bolsonaro. Antes de chegar ao Senado, foi deputado federal – na Câmara, se opôs ao PT durante seus mandatos.

Sergio Moro (União Brasil-PR)
O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça já seria um adversário natural de Lula, pelo fato de ter sido o magistrado que condenou o petista em primeira instância judicial. A recente reaproximação de Moro com Jair Bolsonaro, após ele ter saído do Ministério da Justiça acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal (PF), pode dar um papel ainda maior para o ex-juiz na oposição.

Soraya Thronicke (União Brasil-MS)
A senadora era uma parlamentar de pouco destaque no Congresso até se lançar como candidata a presidente. Passou a ser conhecida nacionalmente; e obteve 600 mil votos, ficando em quinto lugar na eleição presidencial. Ao longo do segundo turno, indicou que não apoiaria Lula nem Bolsonaro. Posteriormente, declarou que seria oposição no Senado a qualquer um dos dois. Tem ainda quatro anos de mandato.

Conheça os principais oposicionistas da Câmara

André Fernandes (PL-CE)
Fernandes estreará em Brasília em 2023 respaldado por ter sido o candidato mais votado nas duas eleições que disputou: a de 2022 para deputado federal e a de 2018 para deputado estadual. É um apoiador convicto de Bolsonaro e crítico de pautas progressistas. Em seu período como deputado estadual, travou acalorados embates com representantes do PT do Ceará.

Bia Kicis (PL-DF)
A deputada foi eleita para o Congresso em 2018 como uma das principais apoiadoras de Bolsonaro. Ao longo dos últimos anos, reforçou a condição e se reelegeu como o nome de maior votação no Distrito Federal. Tende a fazer linha-dura contra o PT.

Carlos Sampaio (PSDB-SP)
Reeleito para o sexto mandato, o tucano buscará reviver na Câmara o tempo em que foi líder do PSDB e era uma das principais vozes da oposição aos governos petistas. O combate ao PT foi o que o fez decidir pelo voto em Bolsonaro no segundo turno. Terá como obstáculo, porém, o fato de o PSDB ter hoje um tamanho bem menor do que tinha há alguns anos – em 2022, elegeu apenas 13 deputados federais e nenhum senador.

Deltan Dallagnol (Podemos-PR)
Assim como o senador eleito Sergio Moro, o ex-procurador é outra figura que ganhou notoriedade com a Lava Jato. Deltan foi o candidato a deputado federal mais votado no Paraná e, no segundo turno da disputa presidencial, declarou voto em Bolsonaro como oposição à "corrupção do PT". Deverá focar seu mandato em criticar os escândalos das gestões petistas e discutir pautas anticorrupção.

Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
O terceiro filho do atual presidente experimentará novamente a experiência de ser membro da oposição na Câmara, como ocorreu em seu primeiro mandato, época que combatia o governo de Dilma Rousseff. Eduardo continuará no Congresso respaldado por 741.701 votos, e tentará ser uma das maiores vozes contra a gestão de Lula.

Kim Kataguiri (União Brasil-SP)
O líder do Movimento Brasil Livre (MBL) pregou o voto nulo na disputa de segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Ele apoiou Bolsonaro em 2018, mas ao longo de quase todo o governo criticou o atual presidente. Sob Lula, deverá reforçar seu antipetismo, vetor que motivou a fundação do MBL, na década passada.

Nikolas Ferreira (PL-MG)
O candidato a deputado federal mais votado do Brasil é um apoiador convicto de Bolsonaro e, por extensão, deverá ser um dos protagonistas da oposição a Lula no Congresso. Nikolas já costuma entrar em embates com membros da esquerda nas redes sociais e na Câmara Municipal de Belo Horizonte, onde atualmente exerce o mandato de vereador .

Ricardo Salles (PL-SP)
"É hora de serenidade", escreveu o deputado federal eleito e ex-ministro do Meio Ambiente nas redes sociais horas depois da conclusão do segundo turno. A manifestação foi vista como uma das primeiras de apoiadores de Bolsonaro que reconheceram a derrota. O texto conciliador, porém, não tende a se manter quando Salles assumir seu mandato no Legislativo. O ex-ministro deverá focar em embates constantes com o governo do PT, principalmente na pauta ambiental.

Zé Trovão (PL-SC)
O líder dos caminhoneiros também reconheceu a vitória de Lula e disse aos seus aliados que é "hora de erguer a cabeça". Ele exercerá seu primeiro mandato de deputado federal a partir de fevereiro e pretende prosseguir na defesa de pautas alinhadas com as de Bolsonaro.

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