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Manifestante pró-Bolsonaro durante ato em Brasília: pandemia de coronavírus criou desafio para manter mobilização.
Manifestante pró-Bolsonaro durante ato em Brasília: pandemia de coronavírus criou desafio para manter mobilização.| Foto: Sergio Lima/ AFP

A quarentena imposta pela pandemia de coronavírus alterou o cotidiano de organizações sociais e políticas que não compõem o governo. Elas têm o desafio de manter a mobilização no momento em que a circulação de pessoas e a realização de eventos se tornaram inviáveis. Muitas instituições precisam lidar ainda com dificuldades no dia a dia administrativo, como a gestão de funcionários e o atendimento ao público.

Este último ponto é relevante especialmente para os sindicatos. A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) anunciou que suspendeu "todas as atividades programadas pela entidade", como cursos, oficinas e seminários. A instituição também determinou o fechamento parcial de sua sede em Brasília, com a instauração de teletrabalho para a equipe do escritório. Já a Força Sindical divulgou que não planeja cerrar as portas, mas vai adotar horário restrito e suspender atividades como atendimento médico e odontológico.

Anúncios de adiamentos ou mesmo cancelamentos de eventos de grupos de diferentes correntes ideológicas se tornaram frequentes nos últimos dias. Um deles veio da Nação Conservadora, corrente que apoia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e que havia programado para o último fim de semana um congresso em Belo Horizonte. Até o dia 16, os organizadores do evento mantinham a ideia de realização do encontro, motivados pelos atos pró-Bolsonaro no dia anterior que contaram com a presença do próprio presidente da República. Mas tiveram que rever a posição e divulgaram o adiamento no dia 17.

UNE e MBL contam com redes sociais para driblar pandemia

Adversários no debate político, o Movimento Brasil Livre (MBL), ligado à direita, e a União Nacional dos Estudantes (UNE), de esquerda, terão posturas similares enquanto durar a reclusão forçada pela pandemia. As duas instituições fecharam suas sedes, incentivaram seus apoiadores a ficar em casa e dão agora mais ênfase à internet, em especial as redes sociais, para passar suas mensagens aos simpatizantes.

"Nós estamos com uma campanha para a galera ficar em casa. Além disso, vamos fiscalizar as besteiras dos governantes. Queremos jogar luz nos problemas do SUS, nas incoerências dos governantes, nos gastos supérfluos", disse Renan Santos, coordenador do MBL. O grupo, bastante ativo na internet e com produção profissional de vídeos, partiu para um esquema caseiro durante a pandemia. "A gravação agora é com cada um na sua casa, todo mundo em home office, e sem reuniões presenciais", contou.

No caso da UNE, a aposta é a realização de "aulas virtuais". "Estamos mobilizando professores e pesquisadores de temas como saúde e economia, reitores de universidades, para falar sobre o que está acontecendo", afirmou o presidente da instituição, Iago Montalvão.

Segundo ele, a UNE investirá também em campanhas de posicionamento em redes sociais, para defender pautas de interesse da entidade. "Uma que estamos lançando é a de pedir a suspensão dos estágios. Muitos estudantes já estão com as aulas suspensas, mas ainda precisam ir aos estágios", destacou.

Montalvão ressaltou que as sedes da UNE pelo Brasil estão "paralisadas" e as equipes administrativas da instituição estão fazendo trabalho remoto.

Partidos congelam filiações em série

Nos partidos políticos, uma orientação comum dos últimos dias tem sido a de suspender ações de filiação em massa e outros eventos com grande presença de público. Esses tipos de atividade são habituais em anos eleitorais, como 2020.

PSDB, Novo, PDT e MDB divulgaram diretrizes com a vedação dos atos. "O Novo comunica que, diante do risco exponencial e do aumento de casos do coronavírus, todos os eventos públicos do partido no mês de março foram cancelados", diz o partido, em nota. O texto do PDT foi na mesma linha: "o PDT Nacional determina que todas as direções municipais e estaduais fechem suas sedes e cancelem todas as reuniões presenciais".

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse à Gazeta do Povo na quinta-feira (19) que o partido havia optado por não fechar sua sede nacional, mas teve que promover adaptações em sua estrutura administrativa.

"Nós determinamos que alguns funcionários trabalhem de casa. Para outros, nós providenciamos transporte individual, para que não tenham que utilizar o transporte coletivo. A verdade é que a cada dia nós precisamos estudar a realidade", declarou.

Ele também aponta que a internet é o meio mais natural de manter a mobilização política no período de isolamento forçado. "As mídias sociais não nos permitem parar completamente. Estamos acompanhando. Nós achamos que o momento é de defesa da vida e da saúde pública, não de oportunismo", ressaltou.

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