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Exame para identificar infecção por coronavírus
Exame para identificar infecção por coronavírus| Foto: AFP

Lideranças políticas, instituições e representantes do Judiciário e Legislativo reagiram com críticas à decisão do governo federal de reduzir a publicidade das informações relacionadas ao coronavírus. Neste sábado (6), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou do governo federal o restabelecimento dos dados completos sobre a pandemia de Covid-19, após o site do Ministério da Saúde restringir o acesso a dados disponíveis. Segundo ele, o sumiço dos dados completos e o atraso na divulgação dos dados - que passou a ser feita apenas no fim da noite - são prejudiciais para o planejamento de prefeitos e governadores no combate ao coronavírus.

"Hoje eu liguei ao ministro Jorge Oliveira (ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República) e fiz um apelo, em nome da Câmara, para que sejam restabelecidos os dados e a transparência. Você adiar informação, você adia o trabalho de muitas secretarias estaduais e municipais no Brasil inteiro, que trabalha com suas informações e com os dados consolidados do Brasil inteiro", argumentou o presidente da Câmara, em uma live promovida pelo músico Tico Santa Cruz.

O deputado disse esperar que os números voltem até o início da semana, para que a Câmara dos Deputados e o Tribunal de Contas da União (TCU) não tenham que assumir esse papel de divulgação de informações. "Não tem como, mesmo que quisesse, esconder, ou atrasar, esses dados da sociedade brasileira", disse. "É muito ruim que a gente precise estar preocupado com um assunto como esse", comentou, contrariado com a medida do governo federal.

SBI divulga nota de repúdio

Também no sábado (6), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou uma nota de repúdio sobre a falta de transparência: "É fundamental que em uma pandemia de tamanha magnitude tenhamos os números reais. Somente com informações epidemiológicas confiáveis será possível a avaliação das medidas atuais e o planejamento de ações para combater a propagação do novo coronavírus, que vem causando danos avassaladores no mundo e especialmente no Brasil".

Referência em estatísticas globais da pandemia da Covid-19, a Universidade Johns Hopkins deixou de usar os dados do Brasil por algumas horas na tarde deste sábado (6). Os dados deixaram de aparecer após o portal oficial sobre a pandemia deixar de divulgar o número total de casos confirmados e óbitos pela doença no País. Mais tarde, os dados do Brasil voltaram a aparecer na plataforma.

Mandetta: “Pior dos mundos”

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) também se manifestou sobre o tema. Ele chamou de "tragédia" e de "pior dos mundos" a alteração pelo governo federal da forma de divulgação dos dados da pandemia da covid-19. "Me parece que estão querendo fazer uma cirurgia nos números dos protocolos públicos. Não informar significa o Estado ser mais nocivo do que a doença", disse Mandetta, em uma live da faculdade IDP, de Brasília.

O ex-chefe da pasta da Saúde desferiu uma série de críticas após ser questionado, na live, especificamente, sobre a restrição das informações. Ele classificou como estratégia política com intenção de "esconder números, manipular os números, não deixar notícias ruins" e disse que isso é prejudicial para o cidadão. "O direito à informação é quase como um direito que ele o cidadão tem para saber como pode se prevenir daquela doença infecciosa, como ele contrai, o que ele pode fazer. O que acontece na sua cidade, nos seus bairros, no serviço público, como está funcionando é uma informação valiosa para que ele possa se portar enquanto cidadão, sabedor dos riscos", disse o ex-ministro.

Fazendo um paralelo, o ministro disse que o regime militar escondeu informações sobre uma epidemia de meningite em 1975. "É uma tragédia o que a gente está vendo agora, o desmanche da informação", afirmou Mandetta. "Podem os conselhos nacionais de secretários estaduais de Saúde transmitir as informações. É da transmissão de informações que se ganha credibilidade, frisou.

Gilmar: "Manobra de regimes totalitários"

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes também abordou o tema em seu perfil no Twitter e escreveu que a “manipulação de estatísticas é manobra de regimes totalitários”. “Tenta-se ocultar os números da Covid-19 para reduzir o controle social das políticas de saúde. O truque não vai isentar a responsabilidade pelo eventual genocídio”, afirmou ele.

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