A recente viagem ao Rio Grande do Sul de um grupo de ministros liderados pela primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, com o vice-presidente em segundo plano na comitiva, evidenciou mais uma vez um certo desprestígio de Geraldo Alckmin (PSB-SP) junto ao governo, mesmo que o partido negue constrangimento ou insatisfação.
Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afastado em razão de uma cirurgia no quadril, interlocutores garantem que Alckmin estaria "incomodado" com a presença da primeira-dama em agendas oficiais, que, em princípio, deveriam ser assumidas pelo vice-presidente.
Apesar de parlamentares do PSB negarem qualquer tipo de mágoa ou descontentamento com a posição do partido dentro do governo Lula, depois que Márcio França foi deslocado do Ministério de Portos e Aeroportos para uma nova pasta, a do Empreendedorismo, para acomodar Sílvio Costa Filho, interlocutores dizem que há, sim, um certo "ressentimento".
O próprio Geraldo Alckmin já teria dito a interlocutores estar incomodado. Mesmo assim, deputados dizem que tudo não passa de boato, e a assessoria do partido nega descontentamentos ou rachas internos.
Juan Carlos Gonçalves, CEO do Ranking dos Políticos, disse que desde o início do governo Lula já se previa que Janja teria papel de destaque na equipe do presidente, e acredita que isso pode enfraquecer figuras influentes, incluindo o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
"O PSB está, sim, sendo enfraquecido na gestão Lula. Alckmin teve que ceder uma parte de seu ministério para que Márcio França não ficasse ao relento. O desafio do PT será equilibrar vários pratos entre os diferentes partidos políticos de sua coalizão e atender aos seus diferentes interesses. A questão será como equalizar a dinâmica com as ações de Janja", completa.
O professor de Ciências Políticas Adriano Cerqueira, do Ibmec Belo Horizonte, vai além: "Está sendo até uma humilhação pública, na minha avaliação. Ele deveria ser empoderado quando o presidente se afasta".
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