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Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo leite, presidente do PSDB, Bruno Araújo e governador de São Paulo, João Doria: prévias em outubro vão indicar o futuro candidato do partido.
Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo leite, presidente do PSDB, Bruno Araújo e governador de São Paulo, João Doria: prévias em outubro vão indicar o futuro candidato do partido.| Foto: Divulgação/PSDB

Mais dividido do que nunca, o PSDB deu início ao processo interno que irá definir sua candidatura ao Palácio do Planalto na eleição de 2022. Os governadores João Doria (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio devem participar das prévias para escolha do candidato da sigla.

Presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, reuniu os concorrentes na última semana de abril, de forma virtual, para discutir o processo para escolha do candidato. Uma comissão terá até o final de maio para apresentar as regras para realização das prévias, marcadas para ocorrer no dia 17 de outubro.

Trabalhando para ser o candidato do partido há pelo menos um ano, Doria defende que as prévias de outubro ocorram com a participação de todos os filiados. Eduardo Leite quer um peso diferente aos votos conforme o cargo do filiado. Já Jereissati e Virgílio são favoráveis ao adiamento da decisão para o ano que vem.

O partido tem cerca de 1,3 milhão de filiados no país, sendo 22% — a maior fatia — em São Paulo, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em caso de prévias com a liberação de votos de todos os correligionários, o cenário, em tese, é favorável a Doria.

Aliado do governador paulista, o presidente do PSDB de São Paulo, Marco Vinholi, diz que uma “democracia forte pressupõe a participação de todos”. “A beleza do sufrágio universal é que o voto do mais simples tenha a mesma importância que o voto do mais forte", argumentou.

Integrante da comissão interna do partido, o senador Izalci Lucas (DF) afirmou que o PSDB precisa recuperar o protagonismo que teve nas eleições anteriores a 2018. Segundo ele, o colegiado tentará unificar todos os interesses do partido. “Precisamos buscar a unidade. Temos bons nomes, mas precisamos debater projetos e não apenas pessoas”, argumenta o tucano.

Além do senador do DF, a comissão que cuidará da prévia nacional será composta por Marco Vinholi, o ex-senador José Aníbal; a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro; os deputados Lucas Redecker (RS) e Pedro Vilela (AL); e o ex-deputado Marcus Pestana.

Doria enfrenta "fogo amigo"

Apesar de ter ganhado visibilidade com o desenvolvimento da primeira vacina contra Covid-19 aplicada no Brasil, o governador João Doria enfrenta resistências internas ao seu nome no partido e não conseguiu decolar até o momento nas pesquisas.

Sondagem do PoderData divulgada em abril mostrou o governador paulista com apenas 4% das intenções de voto. Preocupa também o alto índice de rejeição registrado em recente levantamento do Paraná Pesquisas — 52,4% dos entrevistados disseram que não votariam em Doria de jeito nenhum. Nessa mesma pesquisa, o tucano aparece com 3,6% das intenções de voto.

Em fevereiro, Doria sofreu um duro revés ao tentar assumir a presidência do PSDB. O movimento acabou freado pela Executiva Nacional do partido, que reconduziu o ex-deputado pernambucano Bruno Araújo para o posto. A ideia do governador era aumentar seu poder interno e impulsionar sua candidatura. Dias antes, viu a costura política entre o DEM e a bancada paulista do PSDB para eleger o novo presidente da Câmara dos Deputados naufragar, com traições dentro do ninho tucano.

As duas derrotas são atribuídas a articulações do deputado Aécio Neves, ex-presidenciável do partido e desafeto declarado de Doria dentro do PSDB. Recentemente, o mineiro assumiu a Comissão de Relações Exteriores da Câmara — como parte do acordo que elegeu Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara — e tem trabalhado nos bastidores para que Eduardo Leite seja o nome escolhido para a disputa presidencial.

"Biden brasileiro", Tasso Jereissati corre por fora no PSDB

Mais recente nome do PSDB a pleitear a vaga de candidato, Tasso Jereissati (CE) foi convidado pelo presidente do partido a disputar as prévias. Apesar de entusiasta de Eduardo Leite, o senador cearense tem afirmado que só colocará seu nome na mesa se isso for um consenso no partido.

Com 72 anos de idade, Jereissati chegou a ser chamado por correlegionários de "Biden brasileiro" em referência ao presidente americano de 78 anos, que venceu a eleição nos EUA em novembro do ano passado.

Na visão de alguns líderes do PSDB, Tasso é sereno, progressista, experiente e capaz de dialogar com partidos da esquerda à direita. “Quando eu digo união é porque vejo espaço, nas próximas eleições, para um candidato entre Lula e Bolsonaro, que não seja nem de esquerda, nem de extrema esquerda, nem de extrema direita. Com certeza eu não acho bom para o país mais quatro anos de Bolsonaro”, disse Tasso ao jornal O Estado de S. Paulo.

Integrante da CPI da Covid no Senado, Jereissati tem evitado falar abertamente se entrará na disputa. Aliados do senador afirmam que seria inoportuno usar as investigações contra o governo Bolsonaro como palanque.

"Não é projeto de vida meu chegar à Presidência da República. [...] Mas eu faço parte do partido, se me apresentarem como alternativa é uma coisa que a gente tem que amadurecer", disse o senador em entrevista à Globo News.

Eduardo Leite tem dúvidas se disputará prévias

O governador gaúcho Eduardo Leite foi o primeiro rival declarado de Doria na corrida pela candidatura do PSDB à Presidência da República. Jovem e sem um passado político que o comprometa, ele tenta angariar apoio em diretórios tucanos de outros estados, mas reconhece que a tarefa não está sendo fácil.

Em entrevista ao UOL, Leite disse estar mantendo "alguns contatos", mas colocou em dúvida se irá mesmo disputar as prévias do partido ao Planalto. "Meu foco como governador está centrado nas minhas atribuições como governador. Estou fazendo alguns contatos sobre as prévias, mas não vou desviar meu olhar da minha missão principal", afirmou, citando a pandemia de Covid-19 como algo que exige mais da sua atenção neste momento. A declaração foi entendida como uma correção de rota e o desejo de uma possível reeleição ao Palácio Piratini em 2022.

Pesa contra a candidatura dele a falta de projeção nacional, principalmente no Norte e Nordeste. Por outro lado, aliados de Eduardo Leite afirmam que mesmo que não lidere como cabeça de chapa, ele poderia entrar como vice em uma aliança com outros partidos. Alguns tucanos afirmam que a estrutura do PSDB poderia ser o fiel da balança na composição dessa candidatura.

“O PSDB sempre liderou as alianças de centro. Em 2018 a candidatura do Alckmin contou com o apoio de mais de dez siglas. Vamos mais uma vez buscar um entendimento com os outros partidos para montarmos uma boa alternativa para o eleitor em 2022”, argumentou o senador Izalci Lucas.

Partido tenta segurar Alckmin no ninho tucano

Candidato à presidência pelo PSDB em 2018, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin passou a ser sondado pelo PSL como alternativa para a disputa do governo paulista no ano que vem. O tucano tem aparecido bem nas sondagens de intenção de voto, mas o PSDB pretende apoiar o atual vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM). O vice negocia a entrada no PSDB.

Tentando evitar uma nova crise interna, o diretório estadual avalia realizar prévias internas também para a definição da candidatura ao governo de São Paulo. Para isso, Marco Vinholi afirmou que o ex-governador precisa apresentar sua pré-candidatura à legenda. “Alckmin é muito grande e sua trajetória deve ser respeitada”, admite.

Até o momento Alckmin não definiu se irá migrar de legenda. O tucano tem se reunido com prefeitos do interior de São Paulo para mensurar o tamanho de seu apoio no estado. Ao mesmo tempo mantém conversas com dirigentes do PSDB.

Metodologia da pesquisas citadas

A pesquisa do PoderData citada na reportagem foi realizada de 12 a 14 de abril com 3.500 pessoas em todas as unidades da federação. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual.

A rejeição dos candidatos à Presidência medida pelo Paraná Pesquisas ouviu 2.010 eleitores, entre os dias 30 de abril e 4 de maio, por telefone. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

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