O presidente da República eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciará seu terceiro mandato tendo o apoio oficial de nove partidos no Congresso Nacional. Outras duas legendas anunciaram que estarão na oposição. Os demais partidos com representação na Câmara ou no Senado se portarão como "independentes" ou ainda não definiram sua postura em relação ao novo governo, que se inicia no próximo dia 1º.
A relação das agremiações que apoiam Lula, farão oposição ou anunciaram independência foge do óbvio. O Psol, que terá 12 deputados federais e foi um dos primeiros partidos a aderir à candidatura de Lula durante o processo eleitoral, poderá adotar a independência, segundo a atual líder do partido na Câmara, Sâmia Bomfim (SP), disse em entrevista à Folha de S. Paulo. Já o Republicanos, que integrou a coligação de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição e se apresenta como partido conservador, anunciou que ficará em cima do muro diante do governo Lula.
A nova correlação de forças no Congresso ainda está em curso. Como o presidente eleito não concluiu sua equipe de ministros, é possível que agremiações que não definiram sua conduta optem pelo apoio ou pela independência, caso sejam ou não contempladas com cargos no primeiro escalão.
A equipe que trabalha na transição Bolsonaro-Lula tem membros de 16 partidos. Destes, sete não fizeram parte da coligação de Lula durante o primeiro turno das eleições presidenciais. Em alguns casos, o membro do partido que está na transição atua de forma individual, sem que sua participação represente um posicionamento do partido.
É o exemplo da deputada federal Daniela do Waguinho (RJ), nomeada para a coordenação das mulheres da transição. Ela é filiada ao União Brasil, que não confirmou apoio a Lula.
Quem está na base aliada de Lula
Lula deverá ter, tanto no Senado quanto na Câmara, o apoio dos partidos que compuseram sua coligação, à exceção do Psol: PCdoB, PV, Solidariedade, Rede, PSB, Agir, Avante e Pros. Somados, estes partidos terão 127 deputados federais e 12 senadores.
A bancada apoiará a reeleição do deputado Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara. O parlamentar tem conseguido construir uma ampla frente de sustentação à sua candidatura a um novo mandato. A adesão do PT ao bloco de Lira foi um dos fatores que distanciou o Psol do conglomerado petista.
Apesar das divergências, porém, membros do partido continuam próximos de Lula e dois deputados federais eleitos são cotados para ministérios do novo governo: Guilherme Boulos (SP), nas Cidades, e Sônia Guajajara (SP), na pasta dos Povos Originários, que será criada.
Até o momento, Lula já contemplou os dois maiores partidos da coligação – PT e PSB – com cargos em seu primeiro escalão. Os petistas Fernando Haddad e Rui Costa foram confirmados para, respectivamente, a Fazenda e a Casa Civil. E o Ministério da Justiça foi destinado a Flávio Dino, filiado ao PSB, ex-governador do Maranhão e senador eleito pelo estado.
Oposição confirmada
O PL, partido de Bolsonaro, teve sua posição de confronto ao novo governo anunciada pelo presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, ainda em novembro. Na ocasião, Valdemar declarou que Bolsonaro atuará como "presidente de honra" do PL e que é, desde já, pré-candidato da sigla ao Palácio do Planalto em 2026.
Apesar das falas de Valdemar, o histórico do PL lança uma sombra de indefinição sobre a conduta do partido. O PL é um tradicional componente do Centrão do Congresso e apoiou governos antagônicos nos últimos anos, participando do primeiro escalão de gestões como as de Dilma Rousseff (PT), por exemplo. Na eleição atual, o partido conquistou as maiores bancadas de Câmara e Senado embalado por uma mistura de apoiadores de Bolsonaro e de "filiados raiz", que integravam o PL desde os tempos do apoio a gestões petistas.
O partido Novo também divulgou que será oposição a Lula. A legenda não formalizou apoio a Bolsonaro no segundo turno da corrida presidencial, mas rejeitou o voto do petista – o que acabou levando à saída de seu fundador e presidenciável em 2018, João Amoêdo.
Quem ainda está indeciso
O PSDB deve também seguir a linha de independência em relação ao governo Lula. O presidente do partido, Bruno Araújo, descartou a possibilidade de a legenda compor o governo, mas disse que o partido tem compromisso com a "estabilidade" do país.
Araújo, porém, não permanecerá no comando do PSDB – ele será substituído no ano que vem por Eduardo Leite, governador eleito do Rio Grande do Sul, que, embora tenha apoiado Bolsonaro em 2018, contestou o ainda presidente e venceu a eleição em outubro com o apoio de forças da esquerda. O PSDB forma uma federação com o Cidadania, que no segundo turno apoiou Lula.
Já partidos de peso do Congresso como PSD, União Brasil e MDB ainda não definiram seu posicionamento diante da nova gestão. O PSD participa da transição com o deputado federal Marcelo Ramos (AM) e o senador Omar Aziz (AM), além de ter outros nomes abertamente simpáticos a Lula, como o senador Otto Alencar (BA). O presidente da sigla, o ex-ministro Gilberto Kassab, indicou que uma aproximação entre o partido e Lula é algo viável. Na mão oposta, o partido é a agremiação do governador do Paraná, Ratinho Junior, e de outras lideranças que se opõem ao PT.
O presidente do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), disse ao G1 que o partido esperará novas movimentações para decidir a conduta. Já o União Brasil entrou também em estado de indefinição após seu presidente, o deputado federal Luciano Bivar (PE), afirmar que o partido não será oposição ao PT "de jeito nenhum".
Mesmo o PP, que também participou da coligação de Bolsonaro, não indicou o caminho que tomará. Tal qual o PL, o partido é um histórico protagonista do Centrão e oscila seu apoio ao longo dos anos. Um dos caciques do PP, o senador e ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, já afirmou que ele, pessoalmente, fará oposição. Nogueira é presidente nacional licenciado da sigla.
Já o PDT, que lançou Ciro Gomes na disputa presidencial, também não confirmou se apoiará Lula. O partido tem muitos integrantes defensores do petista, mas a relação entre Ciro e o presidente eleito é um empecilho para uma aproximação definitiva.
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