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Eduardo Bolsonaro com seus padrinhos de casamento, entre eles Jorge Oliveira (à direita).
Eduardo Bolsonaro com seus padrinhos de casamento, entre eles Jorge Oliveira (à direita).| Foto: Divulgação/Davi Nascimento

A última sexta-feira (24) criou uma lista de problemas para o presidente Jair Bolsonaro. A saída explosiva do ministro Sergio Moro – que, ao pedir demissão, acusou o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal (PF) – tirou do governo um dos "superministros" e, de quebra, pode ter dado a largada para uma investigação sobre o caso conduzida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Além desses, Bolsonaro precisa escolher um substituto para Moro e outro para a diretoria-geral da PF. O antigo diretor, Maurício Valeixo, foi demitido pelo presidente na quinta-feira (23) – o que foi o estopim para a demissão de Moro.

Na própria sexta-feira e ao longo do final de semana, dois nomes ganharam força e, agora, são dados como praticamente certos nos dois cargos. No Ministério da Justiça e Segurança Pública, o cotado é Jorge de Oliveira, atual ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Para a PF, a expectativa é de que Alexandre Ramagem, hoje diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), assuma o comando.

Além de já ocuparem cargos no governo, ambos têm outro ponto importante em comum. Tanto Oliveira quanto Ramagem são próximos à família do presidente e ao próprio Jair Bolsonaro não só no âmbito profissional, mas também na vida pessoal.

Jorge de Oliveira: de chefe de gabinete a padrinho de casamento

Formado em Direito e em Administração de Segurança Pública, Jorge de Oliveira atuou por 20 anos na Polícia Militar do Distrito Federal. Antes de se tornar o titular da Secretaria-Geral da Presidência, foi subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil – função que ainda exerce atualmente. A ligação com o clã Bolsonaro, porém, está em outra parte da biografia do principal cotado para o Ministério da Justiça.

Carinhosamente apelidado de Jorginho, Oliveira é filho de Jorge Francisco, que foi capitão do Exército e morreu em 2018. Durante 20 anos, Francisco foi chefe de gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro, além de seu amigo pessoal.

Oliveira, que já foi cotado para uma possível indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF), por sua vez, tem laços próximos com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Seguindo os passos do pai, o provável ministro trabalhou como chefe de gabinete do filho 03 do presidente. A proximidade é tanta que Oliveira foi padrinho de casamento de Eduardo, em maio do ano passado.

Além da amizade e dos cargos no governo, Oliveira chegou a atuar como advogado do presidente Jair Bolsonaro. Com registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) desde 2013, ele foi responsável pela defesa de Bolsonaro no caso da briga com o então deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ).

Alexandre Ramagem: da campanha eleitoral às redes sociais de Carlos Bolsonaro

Já Alexandre Ramagem tem relações próximas com outro filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro. Delegado da PF desde 2005, ele desenvolveu uma relação de confiança com Bolsonaro e seus filhos ao longo da campanha de 2018, quando coordenou a segurança da campanha eleitoral do então candidato à Presidência.

Assim como no caso de Oliveira, as relações com a família vão além do âmbito profissional. Nas redes sociais, Carlos chegou a publicar a foto de uma festa de Ano Novo, entre 2018 e 2019, em que Ramagem aparece ao seu lado.

Antes disso, Ramagem atuou na Operação Lava Jato, no Rio de Janeiro, e na coordenação da segurança de grandes eventos, como a Rio +20 (em 2012); a Copa das Confederações (2013); a Copa do Mundo (2014); e as Olimpíadas do Rio (2016).

Delegados da PF querem nova forma de escolha de diretor

As relações próximas entre os dois nomes com a família Bolsonaro têm gerado críticas dentro da própria PF. Também no final de semana, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgou uma carta aberta afirmando haver uma "crise de confiança" dentro da corporação.

Um dos pedidos da Associação é para que a escolha dos próximos diretores seja feita por meio de uma lista apresentada pelos delegados.

Ao pedir demissão, uma das acusações de Moro foi, justamente, de que o presidente teria solicitado acesso a dados sigilosos de investigações da PF. De acordo com informações divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo, um inquérito conduzido pela corporação junto ao STF apontou Carlos Bolsonaro como um dos líderes de um grupo de disseminação de notícias falsas para beneficiar o presidente.

Em pronunciamento no mesmo dia em que Moro pediu demissão, Bolsonaro negou que tenha tentado interferir em investigações, e reafirmou que a prerrogativa de indicar o diretor-geral da PF é do presidente.

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