
A superintendente nacional de eventos da Caixa Econômica Federal, Ana Luiza Fraga, foi indicada para ocupar o cargo de diretora de Governança, Estratégia e Marketing do banco estatal. A indicação de Fraga ocorre em meio ao cancelamento da exposição “O Grito”, por apresentar obras com “viés político” como a que mostra o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o ex-ministro Paulo Guedes em uma lata de lixo coberta pela bandeira do Brasil.
O nome de Ana Luiza consta no extrato de um processo seletivo interno da Caixa para o cargo, revelado nesta quinta (26) pelo Poder 360. Segundo a apuração, a superintendente é funcionária de carreira da Caixa e a promoção para a diretoria ainda precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração, que ainda não tem uma data prevista para se reunir.
Em nota, a Caixa afirmou que, ao contrário da apuração do Poder360 citada pela Gazeta do Povo, Ana Luiza "não participou dos trabalhos da comissão de aprovação da exposição O Grito e nem conhecia o conteúdo da exposição".
Nesta noite, a Gazeta do Povo ouviu integrantes da área técnica do banco que afirmaram que, apesar de o valor total da exposição ter sido orçado em R$ 250 mil, apenas a primeira parcela, no valor de R$ 75 mil, foi executada. Com o cancelamento do evento, a a área técnica ainda irá avaliar o que será feito com o restante do valor empenhado.
A promoção de Ana Luiza à diretoria pode ser suspensa, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode direcionar mais cargos do banco estatal a indicados pelo Centrão – como fez com a presidência. Na quarta (25), Lula demitiu Rita Serrano para acomodar o economista Carlos Antônio Vieira Fernandes, indicado por Lira ao cargo.
A nomeação faz parte da negociação do governo com o Centrão para ampliar a base na Câmara dos Deputados e facilitar a votação de projetos considerados importantes, principalmente de medidas econômicas. Há a expectativa que todas as 12 diretorias e vice-presidências da Caixa sejam divididas entre partidos do bloco.
“Considerando que foi identificada na obra em questão manifestação com viés político, o que fere as diretrizes do programa, a Caixa decidiu suspender a referida exposição. A direção do banco informa ainda que determinou apuração de responsabilidade pelos órgãos internos”, disse a Caixa em nota sobre o cancelamento da exposição.
As obras da artista Marília Scarabello foram contratadas pela antropóloga Iara Machado, que apresentou o projeto da exposição ao Programa de Ocupação dos Espaços da Caixa Cultural, selecionado por diversas áreas internas do banco.
Veja a nota da Caixa Econômica Federal na íntegra:
"A CAIXA informa que a exposição 'O grito!' foi selecionada no âmbito do Programa de Ocupação dos espaços da CAIXA Cultural 2023/2024, modelo de seleção pública para projetos culturais que são patrocinados para ocupação dos espaços do banco e cujo resultado foi divulgado no dia 7 de agosto.
Todos os projetos da seleção foram submetidos a um processo de avaliação, que contou com pareceres de empregados do banco, colaboradores e pareceristas externos.
O banco reforça que a superintendente nacional não participou dos trabalhos da comissão de aprovação da exposição O Grito e nem conhecia o conteúdo da exposição."
A primeira versão desta reportagem afirmava que Ana Luiza Fraga teria sido a responsável por escolher a obra da artista Marília Scarabello, mas a Caixa Econômica Federal negou o envolvimento da superintendente nesta seleção. Além disso, o banco estatal apontou que a ministra da Cultura, Margareth Menezes, não participou da seleção do Programa de Ocupação dos Espaços da Caixa Cultural, como citado na primeira versão deste conteúdo. Pedimos desculpas pelo erro.
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