
Ouça este conteúdo
O Partido Liberal (PL) decidiu mudar a estratégia para garantir o apoio necessário para o requerimento de urgência do projeto que concede anistia aos presos do dia 8 de janeiro de 2023. A mudança foi anunciada pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante, após reunião de líderes, nesta quinta-feira (3).
De acordo com Sóstenes, o presidente da Câmara, Hugo Motta, solicitou que os líderes partidários não assinassem o requerimento de urgência neste momento.
Sem a assinatura dos líderes no requerimento, não é contabilizado o número de deputados da bancada, e isso dificulta o processo já que são necessárias, no mínimo, 257 assinaturas. Dessa forma, a busca por assinatura terá que ser individual.
Com a mudança, Sóstenes informou que a estratégia do partido agora é recolher assinaturas individuais dos deputados para conseguir protocolar o requerimento de urgência. Até o momento, foram colhidas 163 assinaturas.
“Já que o presidente Hugo Motta está pedindo aos líderes para não assinarem o requerimento de urgência, nós começamos a partir de ontem a fazer assinaturas individuais. Neste exato momento, nós já temos 163 assinaturas individuais. São necessárias 257”, afirmou aos jornalistas.
Conseguindo as assinaturas necessárias, o pedido precisa ser votado no plenário e caso seja aprovado, o projeto poderá ser apreciado sem precisar passar pelas comissões.
Apesar da decisão de Motta dificultar o andamento da proposta, o líder do PL ressaltou que ele ainda “continua sendo e será sempre aliado do PL”. “Quero deixar claro que o presidente Hugo Motta é, continua sendo e será sempre aliado do PL em todas as nossas bandeiras, inclusive na anistia. Entretanto, a gente tem que entender as situações e a pressão que a cadeira de um presidente sofre”, explicou Sóstenes.
”Obstrução responsável” pela anistia
Sobre a obstrução para pressionar a votação da anistia, Sóstenes disse que a medida vai continuar, mas de forma “responsável”.
“Tem matérias que não dá para parar. Por exemplo, vai ter as comissões de orçamento. Lógico que se a gente obstruir lá, nós estamos complicando a vida de toda a Casa e nós estamos precisando dos votos das pessoas para a anistia. Muitos parlamentares estão esperando as emendas serem pagas. A gente tem que usar de estratégia nessa obstrução para não perder votos da anistia”, explicou.
Desde o início da semana, a bancada do PL e da oposição intensificaram as ações para acelerar a votação do projeto. Em coletiva de imprensa, nesta quarta (2), eles apresentaram um habeas corpus coletivo para os presos e um relatório com vários “abusos e violações” cometidos desde os atos do dia 8 de janeiro.
VEJA TAMBÉM:
- PSD e PP confirmam apoio à anistia e oposição pressiona Motta para votação
- Apesar da obstrução, Câmara e Senado aprovam MP que libera milhões para combate à seca
- Deputados aprovam subcomissão para fiscalizar denúncias de abusos do 8/1
- Líder do PT diz que projeto da anistia está “enterrado” e “não vai ser votado”