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Crise entre poderes

Senado marca votação da lei do impeachment de ministros do STF para quarta (10)

CCJ do Senado
Votação na CCJ do Senado terá um novo parecer que amplia o alcance da lei para outras autoridades além de magistrados do STF. (Foto: reprodução/Youtube TV Senado)

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O senador Otto Alencar (PSD-BA), que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, agendou para esta quarta-feira (10) a votação do projeto de lei que redefine as regras para o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de outras autoridades, em meio à crise imposta pelo ministro Gilmar Mendes após publicar uma liminar que restringe os pedidos contra magistrados.

A proposta será “o primeiro item da pauta”, segundo disse Alencar em entrevista à Folha de S. Paulo, e é considerada uma tentativa de tornar mais rígido o uso desse mecanismo. O relator do projeto, Weverton Rocha (PDT-MA), já adiantou que está com o parecer pronto para votação e que as mudanças valerão também para outras autoridades de diferentes poderes.

Com isso, diz, haverá uma “reorganização da legitimidade de quem pode apresentar o pedido de impeachment”, restringindo apenas a entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Procuradoria‑Geral da República (PGR) e partidos políticos com representação no Congresso. Atualmente, qualquer cidadão pode pedir o impedimento de um ministro no Senado.

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Apesar de limitar o acesso a entidades representativas, Weverton Rocha afirma que cidadãos comuns continuarão tendo essa prerrogativa, mas apenas se apresentarem um abaixo-assinado com apoio de 1% do eleitorado. A justificativa, segundo o relator, “qualifica o ato, não deixa que seja feito de forma solta, injuriosa ou dolosa, apenas para manifestar divergência com a autoridade”.

Rocha defende que “não se pode usar instrumento de exceção como meio de atuação política, para manifestar descontentamento ou divergência com a autoridade”. O objetivo, diz, é evitar pedidos impulsivos ou motivados por insatisfação momentânea contra ministros.

Outra mudança prevista envolve o prazo para decisão do pedido de impeachment, em que o presidente do Senado passará a ter 15 dias úteis para analisar o requerimento e decidir se dá prosseguimento ou arquiva. Se houver arquivamento, o plenário poderá desarquivar o processo em 15 dias com apoio de 2/3 dos senadores — ou seja, 54 votos. Hoje essa reanálise exige apenas maioria simples de 41 senadores presentes.

Além disso, a votação final para impedir um ministro da Corte exigirá 2/3 dos 81 senadores.

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Na véspera, Weverton Rocha criticou a decisão de Gilmar Mendes e afirmou que o Senado já discute uma nova regra para o impeachment elaborada com contribuição do ex-ministro do STF e atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

“Não acredito que fosse o caso de dar liminar. Poderiam ter esperado o colegiado. Houve precipitação. O Congresso já estava amadurecendo um projeto de lei coordenado por um ex-ministro do próprio Supremo, Ricardo Lewandowski, hoje ministro da Justiça”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo.

A decisão de Gilmar Mendes foi tomada na ADPF 1.259, proposta pelo Solidariedade, em que o partido pedia revisão das normas do impeachment. O decano do STF reinterpretou dispositivos centrais da lei para ampliar garantias à magistratura, alterando quem pode acionar o Senado e quais condutas podem ser avaliadas.

O ministro argumentou que a legislação atual permitiria a “instrumentalização política” do impeachment, citando experiências internacionais de interferência sobre cortes constitucionais. Para ele, restringir a legitimidade e impor quórum mais elevado seria necessário para evitar pressões indevidas.

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