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Lula
Apesar de reconhecer que projeto não é o desejado, Lula ressaltou que todos os interessados foram ouvidos para a versão final do texto.| Foto: Cláudio Knebe/Secom

Mesmo após as crítica dos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se preocupa em afastar sua imagem de ditadores. Apenas na última semana, o petista fez discursos e deu entrevistas nas quais citou quatro dos maiores autocratas recentes da América Latina: Daniel Ortega, Nicolás Maduro, Hugo Chávez e Fidel Castro.

Chamando de companheiro, Lula citou o antigo ditador cubano Fidel Castro (1916-2016) durante discurso no Foro de São Paulo. O evento aconteceu em Brasília, dos dias 29 de junho a 2 de julho, e reuniu 123 partidos da esquerda. O presidente brasileiro foi o responsável por encerrar os discursos de abertura do evento e citou Castro três vezes.

Em uma das citações, o petista disse que "aprendeu a admirar" o ditador cubano. "Eu aprendi, ao longo da minha vida, a respeitar e admirar o companheiro Fidel Castro. Porque desde 1985, em toda a relação que eu tive com o Fidel Castro, ele nunca deixou de fazer a crítica que ele tinha que fazer pessoalmente e nunca deixou de elogiar publicamente", disse Lula.

Apoio insistente de Lula à Maduro

No mesmo dia, um pouco antes de marcar presença no Foro, Lula fez vistas grossas para a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o mandatário brasileiro deu uma pisada de bola ainda maior: disse que o conceito de democracia "é relativo". “A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. O conceito de democracia é relativo para você e para mim”, afirmou o petista.

A alegação causou uma grande onda negativa envolvendo o presidente. Entre os dias 29 e 30 de junho, o tema foi citado em mais de 22 mil publicações no Twitter. Dessas, de acordo com levantamento realizado pela Vox Radar, 48,3% eram tweets negativos, 34,9% positivos e 21,3% neutros.

"Quem quiser derrotar o Maduro, derrote nas próximas eleições agora, vai ter eleições", ainda incitou Lula na entrevista. Maduro está à frente da Venezuela há 10 anos e, desde que chegou ao poder, é considerado um autocrata mais severo que Hugo Chávez, seu antecessor.

Acusado de crimes contra os direitos humanos e de fazer presos políticos, o ditador venezuelano realiza manobras eleitorais para não deixar a presidência da Venezuela –as eleições no país também não têm chancela de órgãos internacionais.

Logo após as afirmações de Lula, o ditador venezuelano ainda deu um novo passo no sentido oposto da democracia. No dia 30 de junho, a Venezuela tornou inelegível a principal oponente de Maduro para as eleições de 2024. A ex-deputada Corina Machado era o principal nome da oposição e tinha 50% das intenções de voto para as primárias eleitorais do país, marcadas para outubro.

Lula citou Hugo Chávez duas vezes em menos de uma semana

O antigo ditador venezuelano Hugo Chávez (1954-2013), com quem o petista também mantinha uma relação próxima, apareceu em dois discursos de Lula. Durante participação no Foro de São Paulo, no dia 29 de junho, o mandatário brasileiro utilizou uma situação com Chávez para dar respaldo ao evento.

"No nosso segundo encontro, Chávez quis participar [do Foro] e nós não deixamos. Na época, ele tentou dar o golpe na Venezuela e nós não deixamos. Falamos 'você não é democrático e não vai participar'", disse Lula. O ditador venezuelano, porém, foi uma das figuras exaltadas na 26ª reunião anual do Foro de São Paulo, realizada em Brasilia

Poucos dias depois, Chávez apareceu em um novo discurso de Lula, desta vez durante a Cúpula do Mercosul. Na ocasião, Lula foi empossado como novo presidente do bloco e não perdeu a oportunidade de citar ditadores. Enquanto discursava, o mandatário brasileiro defendeu que os países dialoguem com a Venezuela e citou um exemplo do passado envolvendo Chávez.

"Eu fui pessoalmente ao Obama, numa reunião em Trinidad e Tobago que a Argentina estava, que estava a Bolívia, e conversamos os presidentes todos da América do Sul e falamos para o Obama: “Obama, estabelece a relação com a Venezuela. Chama o Chávez para conversar”, relembrou.

No mesmo evento, Lula também citou o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega. Em seu discurso, o petista relativizou a caça que o presidente da Nicaragua tem feito a membros da Igreja Católica: "Eu estive com o papa Francisco agora e assumi o compromisso de falar com o Daniel Ortega na próxima semana a respeito da disputa lá com os setores da Igreja", disse.

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