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Nísia Trindade
Ministra afirmou que Lula lançou, na segunda gestão, o complexo de biotecnologia que fabricaria vacinas e medicamentos.| Foto: reprodução/Ministério da Saúde

A ministra Nísia Trindade, da Saúde, afirmou nesta segunda (8) que o Brasil ainda não tem uma produção nacional de vacina da dengue por conta do não andamento do projeto do complexo de biotecnologia que foi proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu segundo mandato, entre os anos de 2007 e final de 2010, e que está sendo retomado agora na terceira gestão à frente da República.

“O Brasil poderia ter hoje condições muito melhores de produção de vacinas. [...] Poderíamos já hoje ter um complexo de biotecnologia aprovado desde o segundo governo do presidente Lula para ser implantado. Está no nosso PAC, vamos avançar nisso, ter muito mais segurança de rapidamente aumentar a produção de uma vacina”, disse a ministra durante uma coletiva no Palácio do Planalto que prestou contas sobre o trabalho à frente da pasta em meio a pressões políticas.

O projeto consta no Novo PAC lançado no ano passado e pretende ampliar a capacidade de produção de vacinas e medicamentos para reduzir a dependência nacional de insumos importados, com um investimento total de R$ 8,9 bilhões em ações que incluem, ainda, uma nova planta industrial da Fiocruz e a finalização do parque fabril da Hemobras.

A explicação de Nísia sobre a vacina da dengue foi dada ao analisar a atual situação de epidemia no país e de vacinação, em que o governo precisou limitar a campanha de imunização por conta da baixa quantidade de doses disponíveis – toda a produção da fabricante japonesa Takeda foi comprada, enquanto que a Fiocruz e o Instituto Butantan ainda não suprem a produção nacional.

Depois do segundo governo de Lula, o PT teve mais uma gestão e meia na presidência, com a eleição de Dilma Rousseff no ano seguinte e a reeleição em 2014. A segunda gestão Dilma, no entanto, foi interrompida com o impeachment de 2016.

Poucas vacinas neste momento

O ministério conseguiu garantir ao menos 5,2 milhões de doses da Takeda para este ano, e há a previsão de encaminhar mais 9 milhões no ano que vem. Nísia afirmou que há a expectativa de uma oferta maior de vacinas da dengue para 2025, mas não para este ano.

Por outro lado, o governo vem trabalhando com a Fiocruz para habilitar laboratórios privados a também produzirem a vacina da dengue, e tem analisado o desenvolvimento de um imunizante do Instituto Butantan, que deve ter um encaminhamento até setembro. Nísia, no entanto, evitou dar uma previsão exata por enquanto.

A ministra, no entanto, afirmou que o ministério já vê um arrefecimento da epidemia, com a estabilização do contágio em 12 estados e uma tendência de queda em outros sete (Acre, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Piauí e Paraná) e no Distrito Federal.

Mas, outros sete ainda registram uma tendência de aumento na quantidade de casos, como Alagoas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

“Essa epidemia começou de maneira muito forte com explosão de casos em janeiro, isso é inédito. Não dá para fazer uma comparação direta com as epidemias anteriores, de semana X com outra. Mas, já estamos vendo que há tendência de queda em alguns estados”, afirmou.

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De acordo com o painel de arboviroses do Ministério da Saúde, já foram registrados 2,7 milhões de casos prováveis, sendo 1,07 mil óbitos confirmados e 1,5 mil em investigação (veja na íntegra).

Nísia Trindade disse, ainda, que a campanha de vacinação contra a dengue não é uma solução para agora como foi com a Covid-19, e sim para proteger a população no médio prazo. “É uma vacina com três meses de intervalo em duas doses, portanto não é o principal instrumento para o atual momento de surto”, emendou.

A definição do público alvo, de 10 a 14 anos, ocorreu por orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), e o Brasil, diz, é o único país que adotou uma campanha pública de imunização.

Ainda segundo a ministra, o governo já vem, desde o ano passado, reforçando as atividades dos agentes sanitários e tem empenhado recursos para o combate, com ação dos governos federal e estaduais. Em 2023, diz, foram repassados R$ 256 milhões a estados e municípios, e há a previsão de investir R$ 1,5 bilhão neste ano para a realização de ações, entre elas mutirões e “dias D”.

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