O anúncio da liberação de R$ 12,46 bilhões do Orçamento federal – entre recursos desbloqueados e dinheiro "novo" vindo do chamado "fundo da Lava Jato" – gerou alívio em ministérios e órgãos do governo que viam suas contas estourando no último trimestre do ano.
Mas a liberação dos recursos, depois de três bloqueios, não garante novos investimentos ou a retomada de todos os projetos paralisados. Grande parte da verba liberada será usada no custeio das pastas e na manutenção de serviços do dia a dia. De um orçamento total de R$ 127,7 bilhões para despesas discricionárias (de livre escolha) neste ano, R$ 21 bilhões continuam bloqueados (confira neste quadro quanto dinheiro os ministérios podem gastar – e quanto ainda está bloqueado).
Do total de R$ 12,46 bilhões liberados, dois terços – cerca de R$ 8,3 bilhões – eram verbas dos ministérios que estavam contingenciadas. Além disso, algumas pastas dividirão R$ 2,66 bilhões de um fundo formado por dinheiro recuperado pela operação Lava Jato, para uso em programas específicos – combate a desmatamento, educação infantil e outros. Há também R$ 800 milhões para a execução de emendas parlamentares, R$ 83 milhões para os poderes Legislativo e Judiciário e ainda R$ 614 milhões que ficarão em uma reserva de emergência.
Em valores absolutos, o Ministério da Educação foi o que mais sofreu com os bloqueios orçamentários anunciados ao longo do ano, tendo R$ 6,1 bilhões contingenciados. Agora, ele é o maior beneficiado com o desbloqueio anunciado na última sexta-feira (20), e terá acesso a quase R$ 2 bilhões que estavam "congelados".
Procurada pela Gazeta do Povo, a pasta informou que aguarda a publicação, no Diário Oficial da União, do ato normativo que descontingencia o orçamento da Pasta e que ainda estuda em quais ações e programas esses recursos serão alocados, buscando a maior eficiência nos gastos. Ao anunciar a liberação da verba, no entanto, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, destacou que a pasta da Educação era a destinatária do maior montante devido ao risco que os cortes orçamentários representavam para o funcionamento das universidades e institutos federais, a aquisição de livros didáticos e a manutenção de bolsas de estudos.
O Ministério da Defesa comunicou que, do total de R$ 1,65 bilhão descontingenciado, R$ 950 milhões destinam-se à manutenção das atividades operativas e de funcionamento das Forças e R$ 700 milhões, à continuidade dos projetos estratégicos – Submarinos convencionais e nuclear, Caça Fx-2 (Gripen), Blindados Guarani. “A pasta aguarda ainda aguarda descontingenciamento da ordem de R$ 4,2 bilhões até o final do ano, de forma a dar total cumprimento aos projetos estratégicos ora em andamento”, diz nota do Ministério.
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informou que teve seu pedido de desbloqueio de R$ 15,4 milhões atendido pelo Ministério da Economia "para sanar a ausência de disponibilidade orçamentária, mantendo a prestação de serviços de grande importância para a população brasileira como o Disque 100 e o Ligue 180 até o final deste ano". Segundo o ministério, "a previsão orçamentária adequada para manutenção dos contratos deste Ministério até dezembro, não foi realizada pela gestão anterior a este governo, o que causaria interrupções a partir deste mês, caso não fosse feito o desbloqueio". A pasta ainda tem R$ 47,8 milhões bloqueados.
O Ministério da Economia anunciou que vai priorizar o Fundo Garantidor de Exportação, organismos internacionais, sistemas Dataprev/Sepro e pagamento de agentes financeiros (tarifas bancárias) na aplicação do R$ 1,75 bilhão liberado. A pasta segue com R$ 2,69 bilhões bloqueados.
O Ministério das Minas e Energia comunicou que os R$ 340 milhões liberados serão utilizados para a estatal Indústrias Nucleares do Brasil, para a produção de combustível nuclear para as usinas de Angra 1 e 2.
O Ministério do Meio Ambiente informou que ainda estuda onde aplicar os recursos liberados. Procurados, os ministérios da Saúde, Agricultura, Infraestrutura, Justiça, Relações Exteriores e Desenvolvimento Regional não informaram o que pretendem fazer com o dinheiro liberado.
-
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
-
Jim Jordan: quem é campeão de luta livre que chamou Moraes para a briga
-
“A ditadura está escancarada”: nossos colunistas comentam relatório americano sobre TSE e Moraes
-
Aos poucos, imprensa alinhada ao regime percebe a fria em que se meteu; assista ao Em Alta
Ampliação de energia é o maior atrativo da privatização da Emae, avalia governo Tarcísio
Ex-desembargador afirma que Brasil pode “se transformar num narcoestado”
Contra “sentença” de precariedade, estados do Sul buscam protagonismo em negociação sobre ferrovia
Câmara de São Paulo aprova privatização da Sabesp com apoio da base aliada de Nunes
Deixe sua opinião