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Volodymyr Zelensky
Presidente ucraniano cobrou um apoio mais enfático de Lula para o fim da guerra, e afirmou que pode vir ao Brasil se for convidado.| Foto: Sergey Dolzhenko/EFE

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, cobrou mais apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ajudar a encerrar a guerra provocada pela Rússia há quase um ano e meio no Leste europeu, e disse que pode vir ao Brasil se for convidado em algum momento oportuno do conflito.

Zelensky diz que a opinião de Lula sobre a guerra é de extrema importância por conta de sua posição como presidente de um país, que “forma a opinião do povo que o elegeu”, e que sabe que não adianta pedir armas ao Brasil, que não receberá.

As afirmações são um reflexo da política que Lula tem adotado desde o início do governo em não condenar enfaticamente a Rússia pela invasão ao território ucraniano, em dizer reiteradas vezes que a guerra é um problema da Europa e que o conflito não chegou ao fim por conta de interesses dos Estados Unidos e dos europeus – que estariam “dando a contribuição para a continuidade”, disse em Abu Dhabi em abril.

O presidente ucraniano relativizou as declarações e diz que sabe que Lula respeita a soberania e integridade do território ucraniano, mas cobrou uma posição mais enfática e um encontro para mostrar apoio pelo fim do conflito. Os presidentes deveriam ter se encontrado na reunião do G7 em Hiroshima, no Japão, em maio, mas desencontros nas agendas frustraram a reunião.

“A voz do país é a do seu presidente, precisamos conversar nesse nível, entre presidentes. Porque, se não encontramos o presidente, significa que há algo errado entre os nossos povos. E não entendo a razão de não nos reunirmos, está errado”, disse Zelensky em entrevista à GloboNews exibida nesta quarta (26).

Volodymyr Zelensky afirmou que entende que as circunstâncias da guerra podem ser um impeditivo para a viagem de Lula à Ucrânia – por motivos de “segurança” – e disse que, apesar de estar aberto a um convite para vir ao Brasil, prefere um encontro em território europeu por ter “pouco tempo” para se deslocar a outro continente.

Ele reiterou que a invasão da Rússia ao território ucraniano foi uma violação da soberania, contrariando falas de Lula, no passado, de que a “decisão da guerra foi tomada por dois países”, também em Abu Dhabi, onde equiparou a responsabilidade pelo conflito aos dois países.

Em entrevistas mais recentes, Lula afirmou que o fim da guerra deveria ser alcançado diplomaticamente, em discussões entre representantes dos dois países. Zelensky concordou, com a condicionante de que a Rússia precisa recuar e sair da Ucrânia para abrir um canal de diálogo.

“Se a Rússia sair do nosso território soberano, a diplomacia vai entrar”, completou sem saber como isso poderia ocorrer neste momento.

Qual é o apoio esperado por Zelensky de Lula?

Durante a entrevista, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse esperar atitudes “concretas” de Lula e do governo brasileiro em apoio ao país para encerrar o conflito.

“Primeiro, que ele una a América Latina e nos dê a oportunidade de fazer uma reunião e conversar. É apoio político. Segundo, há crime de agressão contra a nossa soberania e integridade territorial, precisamos desse apoio sim”, disse.

Zelensky também cobrou um apoio de Lula à sua Fórmula da Paz, um conjunto de termos e condições formulado pela Ucrânia para o cessar-fogo entre os dois países, principalmente com vista ao Acordo de Grãos que foi rompido recentemente por Vladimir Putin e que afeta diretamente a exportação da produção do país para outros países “que precisam lugar contra a fome” – “isso é urgente”, disse.

Ele pediu, ainda, ajuda humanitária “se puder”, e “um pouquinho só, que seja”, como equipamentos especializados para fazer a desminagem – retirada de minas escondidas no chão – dos campos de trigo ucranianos “que foram minados pela Rússia”.

“Não pretendo pedir a Lula que me dê armas. Por que faria isso? Sei que não vai me dar”, disse Volodymyr Zelensky em referência a um pedido feito pela Alemanha em janeiro para enviar munições à Ucrânia e à solicitação para a compra de 450 veículos blindados Guarani em versão ambulância, também negada pelo governo brasileiro para “não entrar na guerra”.

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