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Vários tucanos, e também um ou outro petista, assinaram uma carta em "defesa da democracia". A narrativa é conhecida: as críticas legítimas de Bolsonaro ao processo eleitoral centralizado e opaco que temos passaram a ser tratadas como "ataques", e a previsão de um golpe futuro imaginário justifica todo tipo de esforço presente para derrubar o presidente.

É por isso que os tucanos nem se importaram de ter entre os signatários gente como Greenhalgh, nada menos que um dos fundadores do PT, o partido do mensalão, do petrolão, e que defende os regimes ditatoriais de Cuba e Venezuela. É com essa turma que os "respeitáveis" juristas e empresários pretendem se unir para "proteger nossa democracia".

Foi nesse contexto que entrevistei no jornal esta terça o jurista Miguel Reale Jr. Conforme coloquei ao entrevistado, não era o espaço adequado para um debate nosso, infelizmente. Porém, discorri sobre alguns pontos antes de lançar minha pergunta no ar. Lembrei que a urna "sacrossanta" dos tucanos já foi denunciada sim, e pelo próprio PSDB, mas os especialistas de fora que contrataram concluíram que elas não eram auditáveis.

Mostrei também que termos utilizados por alguns signatários da carta, como o ex-ministro Celso de Mello, que pediu uma "insurgência" contra o "golpismo", poderiam parecer... bem, um tanto golpistas. Na expectativa de um golpe futuro, tem gente conclamando o povo para uma rebelião presente. Estranho, não?

Em seguida, peguei a fala do próprio jurista sobre o absurdo de se rasgar a Constituição, concordei com ela, e lembrei que quem tem feito isso, com muita frequência, é justamente o STF, que deveria ser seu guardião. Essa lembrança, pelo visto, não foi capturada pelo nobre jurista, que se esquivou do comentário em sua "resposta".

Reale Jr. reforçou sua crença de que a reunião de Bolsonaro com embaixadores foi uma enorme vergonha nacional. Eu apontei para o fato de que estranho mesmo é ministro do TSE convidar embaixadores para falar de potencial golpe futuro, e lembrei que os países representados pelos respectivos embaixadores que manifestaram confiança em nosso sistema eleitoral preferem não adota-lo, e não é por falta de capacidade tecnológica. Ficamos ao lado apenas de Butão e Bangladesh.

Por fim, joguei a pergunta: qual medida efetiva do atual governo pode se configurar um ataque direto à democracia? O jurista engasgou um pouco, esquivou-se de todos os meus pontos, acusou-me de parcial ao selecionar entre os signatários um fundador do PT (mas eu poderia apontar muitos outros esquerdistas), listou outros nomes de renome como o ex-ministro Carlos Ayres Britto (por acaso foi candidato em 1990 pelo... PT), e, visivelmente nervoso, passou a falar do retrocesso que seria a volta do voto em papal, algo que ninguém está defendendo. Ou seja, bateu num espantalho para não ter de responder minhas questões um tanto objetivas.

Um seguidor meu, chamado Mozart, resumiu bem o papelão do entrevistado: "Miguel Reale Jr., numa entrevista bizarra, manifesta um 'medo de ruptura', claramente se referindo a Bolsonaro e AO POVO. Posto em xeque pelo Constantino, deu xilique. Essa cretinice antibolsonarista e PRÓ-LULA é a maior farsa antidemocrática que este país já viu".

O advogado Emerson Grigollette, que até hoje tenta acesso à íntegra do inquérito ilegal de Alexandre de Moraes contra seus clientes, comentou: "Cadê os grandes juristas do país pra defender Prerrogativas dos advogados no Inquérito das Fake News? Se embaraçando pra responder perguntas simples sobre política do Constantino na Pan. É disso que se trata. Por isso estamos assim".

Em suma, os tucanos querem se livrar de Bolsonaro de qualquer maneira. Como carecem de bons argumentos, preferem se juntar a petistas para espalhar a narrativa falsa de que nossa democracia corre enorme perigo por conta de Bolsonaro, e que devemos simplesmente reverenciar nossa urna eletrônica - que até ontem eles, tucanos, além de petistas e pedetistas, também criticavam com desconfiança. É um grande circo! Mas os "democratas" pensam que palhaços somos nós...

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