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Ação de Graças em tempo de melancolia isolacionista
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Vivemos tempos estranhos, bem estranhos, de muita covardia e vitimização, tudo embalado no manto da ciência. No fundo, é pura ideologia mascarando paixões humanas, como o medo e a ambição. E é nesse clima que nos aproximamos de um Natal melancólico, imerso nesse ambiente pandêmico que prega o isolamento social.

Heather Mac Donald, autora do livro War on Cops, publicou um excelente texto na The Spectator, chamado "Mais Salem do que Ação de Graças". João Luiz Mauad, colunista do Instituto Liberal, destacou e traduziu alguns trechos, que compartilho a seguir com vcs:

"Se o Conselho Privado do Rei James contivesse um proto-Anthony Fauci, em 1620, talvez não houvesse um feriado de Ação de Graças para o Fauci atual e seus pares cancelarem quatro séculos depois. A viagem transatlântica que trouxe os peregrinos a Plymouth Rock teria sido impensável sob a filosofia de "segurança" que agora rege a vida americana.

Quase metade dos 102 ocupantes do Mayflower morreram em seu primeiro ano de ocupação em Plymouth, às vezes, a uma taxa de três por dia. Essa taxa de mortalidade era previsível. O posto avançado anterior em Jamestown, fundado em 1607, perdeu 66 de seus 104 colonos originais em seus primeiros nove meses. Em 1609, após a também previsível perda no mar de um navio que vinha para reabastecer a colônia, a fome em Jamestown havia se tornado tão terrível que os residentes retiravam cadáveres de seus túmulos para comer qualquer resto de carne, relatou mais tarde o primeiro presidente da colônia.

Tentar estabelecer uma nova vida no Novo Mundo definitivamente não era "seguro". E, no entanto, os viajantes continuaram chegando, movidos por algo além da segurança extremada - zelo religioso, ambição, paixão pela descoberta, o desejo de maior liberdade. Os americanos que mais tarde se espalharam pelo continente também evitaram a filosofia do "fique seguro".

Hoje, estamos estrangulando a sociedade americana a fim de evitar um risco de morte tão infinitesimal para a maioria dos americanos que não teria sido registrado em qualquer análise de custo-benefício possível a governar os notáveis empreendimentos americanos e atividades cotidianas durante os últimos quatro séculos. Nossos mantras atuais do Dia de Ação de Graças - 'Fique dentro de sua bolha. Fique dentro de sua casa'; não viaje, não compartilhe comida, não toque seus familiares ou amigos, fale apenas em voz baixa - zombe do espírito que criou este país e sustenta a vida humana. (...)

Quase todos os negócios que estão sendo sacrificados no altar do medo do coronavírus são tão inocentes quanto as virgens vestais de antigamente. As autoridades de saúde pública não têm ideia do que está causando a propagação atual. Eles não têm nenhuma evidência de que as refeições em restaurantes ao ar livre ou em ambientes fechados são responsáveis; eles certamente não têm evidências de que as compras sejam responsáveis. E, no entanto, milhões de meios de subsistência estão sendo destruídos pelo exercício de um poder inebriante e ilimitado. “Não queremos que você vá a restaurantes, sente-se e coma fora, e também não queremos que você vá a lojas de varejo”, declarou a onipresente Barbara Ferrer de Los Angeles recentemente. (...)

O número crescente de casos e o feriado de Ação de Graças que se aproxima provocaram uma nova explosão de ditames arbitrários do governo. O governador do Oregon está limitando as reuniões sociais a não mais que seis pessoas. Como ele chegou a esse número? Por nenhum corpo de evidência conhecido. Se existisse, presumivelmente o teto de seis pessoas seria universal. Mas Yolo County, Califórnia (onde Sacramento está localizado), tem um limite de 16 pessoas para o Dia de Ação de Graças e outras reuniões, enquanto Kentucky está limitando o Dia de Ação de Graças a oito pessoas de duas famílias diferentes. O estado da Califórnia permite magnanimamente um total de três famílias. Antes de celebrar essa relativa liberalidade, observe que a Califórnia exige que as três unidades sociais da sorte (cujos membros, é claro, devem estar todos mascarados) se dispersem após duas horas. Tudo isso, mesmo em locais ao ar livre.

Os especialistas estão tão confiantes em seu domínio induzido pelo medo sobre a mente popular que não sentem remorso quanto à autocontradição. O CDC reconheceu que há pouca transmissão superficial do vírus. Ainda assim, recomenda que se alguém for precipitado a ponto de comparecer a uma reunião de Ação de Graças fora de sua casa, ele deve trazer sua própria comida e utensílios para evitar tocar nos utensílios de cozinha de seu anfitrião. Estamos regredindo ainda mais no caminho civilizacional até a época medieval, quando cada um carregava sua própria colher no cinto. (...)

Os especialistas não temem rebeliões contra regras que destroem exatamente o que pretendem regular. Trazer sua própria refeição para o Dia de Ação de Graças e nem mesmo compartilhá-la cancela o espírito do feriado. O Dia de Ação de Graças se torna indistinguível daqueles tristes 'jantares de família' em que cada adolescente coloca no microondas sua própria comida congelada e depois volta para a privacidade de seu quarto e smartphone.

Uma civilização avançada se constrói em direção ao futuro, como os peregrinos e outros colonizadores do Novo Mundo entenderam. Ela acumula capital social e econômico a ser utilizado por descobridores e empresários individuais para um maior progresso. Agora, no entanto, estamos canibalizando nossa herança econômica, na crença fantástica de que os pagamentos de transferência do governo, gerados pelo aumento da dívida, podem substituir a atividade econômica privada. Nosso capital, que agora está sendo destruído de forma imprudente por decreto arbitrário do governo, levará gerações para ser reconstruído. Tomamos como garantido tudo o que a prosperidade duramente conquistada nos proporcionou - serviços que funcionam bem, manutenção confiável, o luxo da escolha. Perderemos essa prosperidade quando seguirmos o destino daqueles milhões de empresas cujas perdas estão causando desespero, abuso de substâncias e suicídio.Uma civilização madura entende que o risco faz parte da vida e que existem propósitos mais elevados - mesmo a mera sociabilidade - do que evitar a morte a todo custo. Nenhum grande empreendimento pode ser realizado se permanecer seguro for o único princípio orientador da vida. Agora, porém, nossas elites zombam da coragem e da perseverança, repudiando explicitamente as virtudes que construíram este país. O presidente Trump, ao deixar o hospital após uma infecção por coronavírus, advertiu o país a não "ter medo" do vírus e não 'permitir que ele domine' nossas vidas. Essa exortação eminentemente razoável, outrora esperada em um líder, continua sendo denunciada por especialistas em saúde pública e pela mídia, quase dois meses depois. Se os americanos não repudiarem essa ética do medo, as futuras Ações de Graças serão ainda mais sombrias do que as deste ano."

Aplausos! Numa era de tanto vitimismo é bom destacar a importância da gratidão! E numa era de tanta covardia é bom destacar a importância da coragem, do desejo de VIVER, não de apenas sobreviver. O propósito do feriado, uma das poucas datas comemorativas que parece imune à guerra cultural nos Estados Unidos, é simplesmente agradecer e compartilhar. Não queremos nos isolar. Queremos nos unir para agradecer a bênção divina que é estarmos todos vivos e numa era de muito mais prosperidade, liberdade e segurança, que não estamos sabendo valorizar e preservar.

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