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No último domingo (1º), em Boulder, no Colorado, um grupo pró-Israel chamado Run for Their Lives foi alvo de um ataque brutal durante uma caminhada pacífica em solidariedade aos reféns israelenses mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza. O agressor, identificado pelo FBI como um egípcio que vivia ilegalmente nos EUA, lançou coquetéis molotov e usou um lança-chamas improvisado contra o grupo, ferindo oito pessoas – algumas gravemente. Testemunhas relataram que o homem gritava “Palestina livre” enquanto promovia o ataque.
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O episódio se soma a outro, ocorrido semanas antes, em Washington. Um cidadão nascido em Chicago foi preso acusado de matar dois funcionários da embaixada de Israel – um jovem casal – após abrir fogo contra um grupo que deixava um evento do Comitê Judaico Americano. Ao ser detido, o criminoso repetiu a mesma expressão usada em Boulder: “Palestina livre”. Em ambos os casos, o alvo era claro: judeus ou quem com eles se solidariza.
Não resta dúvidas de que o antissemitismo vem crescendo no mundo, e isso quando Israel foi vítima do ataque mais bárbaro desde o Holocausto. Diante dessa realidade, haverá sempre os analistas "fofos" que vão até condenar o ódio a judeus, mas sempre darão um jeito de responsabilizar... Israel pela situação. É a síndrome de Oslo: se Israel ceder um pouco mais, se for mais "moderado", aí essa gente toda que quer varrer Israel do mapa vai deixar os judeus em paz, quiçá abraçá-los para cantarem juntos Imagine.
Todo antissemita se esconde atrás da desculpa esfarrapada de que está apenas criticando o Estado de Israel. Curioso que não dedicam nem uma fração dessa energia para criticar estados com Rússia, China, Venezuela e tantos outros que abusam de seus povos e atropelam os direitos humanos
Um dos analistas "fofos" é Joel Pinheiro da Fonseca, que se diz liberal. Em sua coluna de hoje na Folha ele faz exatamente isso: dá um jeito de responsabilizar Israel pelo crescente ódio aos judeus. Ele escreve:
Uma saída para a situação seria a intervenção dos EUA para impor algum limite a Israel. Neste momento, contudo, esperar de Trump algo além de apoio tácito a tudo o que Netanyahu fizer parece ilusório. Pelo contrário: para ele, um atentado antissemita cometido por um árabe muçulmano que está irregularmente no país cai como uma luva para sua própria política anti-imigrantes.
Em situações dessas, em que o ódio se retroalimenta de lado a lado, só uma liderança comprometida com valores básicos de humanidade pode interromper a escalada ou a dizimação de um lado. Essa esperança seria totalmente ingênua se não tivesse exemplos reais no passado. Um Mandela, um Gandhi, um Pepe Mujica. Líderes que, chegando ao poder, com a faca e o queijo na mão para perseguir a vingança, apostaram na reconciliação, mesmo que sob as acusações dos radicais de seu próprio lado. E mesmo —como no caso de um Yitzhak Rabin no próprio Israel— colocando sua vida em risco.
Reparem que falta ao governo americano impor limites ao "rebelde" Netanyahu, e que o ódio se "retroalimenta de lado a lado", ou seja, há tantos palestinos querendo massacrar judeus como o contrário. São premissas falsas, claro. Se Israel depuser suas armas hoje, todos os judeus morrem. Se os palestinos depuserem suas armas, haverá paz. Israel não quer eliminar palestinos, mas sim o Hamas. E garantir sua segurança, o que só é possível controlando o território vizinho para que não fique em mãos de radicais. O problema é que não faltam radicais em Gaza...
E nas universidades e na imprensa americana, vale dizer! Eis outro grande problema que os analistas "fofos" ignoram: influenciadores, atores, jornalistas e universitários acabaram dando respaldo ao antissemitismo banalizando o 7 de outubro, virando o foco contra Israel e cantando musiquinhas nazistas como "Do rio ao mar a Palestina será livre", o que prega o extermínio de dez milhões de israelenses. Essa normalização do terrorismo ocorreu no mundo ocidental todo, inclusive no Brasil, como mostra editorial da Gazeta:
Manifestação de apoio ao Hamas – que tem como objetivo a eliminação de Israel e dos judeus – também se tornaram comuns. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), por exemplo, um “ato político” foi realizado na última semana para manifestar apoio ao grupo terrorista Hamas e aos atos criminosos do dia 7 de outubro de 2023. Além do grupo palestino, outras organizações terroristas foram saudadas e, do lado de fora, eram vendidas camisetas do Hezbollah. Nos intervalos, o público entoava cantos e gritos como "do rio ao mar, a Palestina triunfará", slogan do Hamas que conclama o fim de Israel.
Todo antissemita se esconde atrás da desculpa esfarrapada de que está apenas criticando o Estado de Israel. Curioso que não dedicam nem uma fração dessa energia para criticar estados com Rússia, China, Venezuela e tantos outros que abusam de seus povos e atropelam os direitos humanos. É como se só Israel fosse um Estado "malvadão" responsável por atrocidades. Essa máscara é fajuta e já veio abaixo. Como diz o editorial da Gazeta:
Questionar decisões militares ou estratégias adotadas por um Estado faz parte do exercício legítimo da opinião pública. No entanto, o que ultrapassa todos os limites da legitimidade é a desumanização e o desprezo, bem como a violência sob qualquer forma, baseados na origem nacional ou pertencimento étnico de um povo – o abjeto racismo em sua essência. A civilização já conheceu os horrores que nascem do antissemitismo e não pode permitir que eles se repitam.
Impedir as consequências nefastas desse antissemitismo não será possível com covardia, concessões, moderação ou pedidos de desculpa por parte da vítima. Somente por meio da força de Israel será possível proteger o povo judeu de seus inimigos.





