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PILAR OLIVARES / Reuters
PILAR OLIVARES / Reuters| Foto:

“Os esquerdistas, contumazes idólatras do fracasso, recusam-se a admitir que as riquezas são criadas pela diligência dos indivíduos e não pela clarividência do Estado.” (Roberto Campos)

O volume de dinheiro captado pelas empresas brasileiras no mercado de capitais foi três vezes maior que os desembolsos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos últimos 12 meses. Com juros mais baixos e dinheiro disponível, as companhias encontraram no apetite de investidores o espaço para substituir os empréstimos do banco de fomento por emissões de títulos e ações nos mercados interno e externo.

Levantamento do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec)mostra que até março as emissões, em 12 meses, somaram R$ 220 bilhões. Os desembolsos do BNDES ficaram em R$ 58 bilhões no período. Há quatro anos, as posições eram inversas: em 2015, o mercado de emissão de dívidas e ações somou R$ 115 bilhões e o BNDES, R$ 165,9 bilhões. “O mercado de capitais conseguiu compensar o BNDES”, afirma Carlos Antonio Rocca, diretor do Cemec.

Segundo ele, a queda da Selic – hoje em 6,5% ao ano – e a redução da oferta de financiamentos do BNDES com taxas subsidiadas criou um ambiente adequado para o mercado de capitais. De um lado, as empresas foram obrigadas a buscar opções para se financiar. Do outro, os investidores precisaram encontrar modalidades mais rentáveis que os títulos públicos para melhorar o retorno de suas aplicações.

Os desenvolvimentistas devem estar surpresos, mas não os liberais. Economistas sérios sempre souberam que um banco como o BNDES produzia aquilo que se chama “efeito crowding out”, ou seja, a própria presença ativa do banco estatal de fomento espanta demais concorrentes privados, criando uma reserva de mercado e inibindo o desenvolvimento do mercado de capitais no país.

Sem a mamadeira estatal, as empresas precisam se virar na iniciativa privada. E o resultado costuma ser bom! A concorrência faz milagres. Já se o empresário sabe que as muletas estatais estão logo ali, ao alcance, ele vai “investir” mais em lobby em Brasília do que em produtividade, e os bancos privados vão ficar de fora, pois não têm como disputar esse mercado com o estado ofertando subsídios a torto e a direito.

É o mesmo argumento paternalista da esquerda para todo o resto: precisamos de protecionismo comercial, de empurrão estatal, de investimentos do estado, de seleção dos campeões nacionais, pois sem essa “ajuda” toda do estado os empresários nunca terão chances de competir globalmente e nunca investirão em projetos grandiosos. Balela! Mil vezes balela! Os Estados Unidos estão aí para provar.

No auge do intervencionismo francês durante o reinado de Luís XIV, aquele que pensava que o estado era ele mesmo, Colbert, seu ministro, teria perguntado aos empresários o que mais o estado poderia fazer para ajuda-los. Foi quando um deles teria se levantado e dito: pare de nos ajudar! Legendre, o comerciante, teria pedido ao funcionário do Rei Sol: laissez faire, que significa literalmente “deixai fazer”. Ou seja, não tente nos ajudar! Basta não atrapalhar tanto.

Desde então esse tem sido o mantra dos liberais, que entendem que não é o estado que cria riquezas, mas os empreendedores num ambiente de livre concorrência com proteção da propriedade privada. O BNDES já se afasta tarde demais, e ainda falta muito. Mas antes tarde do que nunca…

Rodrigo Constantino

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