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Consternação seletiva: para alguns, uma morte vale mais do que as outras
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Escrevi apenas dois comentários imparciais em minha página do Facebook assim que soube do assassinato da vereadora do PSOL no Rio. São eles:

Acabo de chegar ao Brasil, ligo o celular e fico sabendo de mais um assassinato no Rio, dessa vez de uma vereadora do PSOL. É um atentado contra a vida de uma pessoa, e contra o próprio estado, pois ela era representante do povo, não importa o partido. É o retrato da falência do Rio. Precisamos acabar com essa impunidade. Tolerância zero!

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Devemos lutar pelo fim da impunidade, não importa se a vítima é branca ou negra, rica ou pobre, do PSOL ou eleitora de Bolsonaro, e se o criminoso é negro ou branco, traficante ou miliciano. A humanidade está acima disso. A politização do assassinato é asquerosa, dos dois lados. Seja do lado dos que dizem “mereceu” por ser socialista, seja do lado que utiliza essa morte como trampolim político, enaltecendo a cor da pele e o partido da vítima. Aliás, vítima é quem foi morta, nunca o bandido, que fique claro. Sejamos mais humanos nessas horas…

Mas claro que eu estava sendo otimista. Politizaram, e muito, a morte dela. Alguns “do lado de cá”, é verdade, mas a imensa maioria do lado de lá, os próprios “companheiros” dela, que transformaram sua morte em passeata ideológica, com direito ao hino comunista da Internacional e tudo.

Marielle Franco, antes de ser uma vereadora, antes de ser de esquerda, antes de ser negra, antes de ser mulher, era uma PESSOA, uma filha, uma irmã, uma mãe, uma amiga de outras pessoas. É bom lembrar disso, pois muitos parecem ter se esquecido dessa obviedade. Para eles, Marielle é apenas um mascote em suas causas, uma mártir a ser explorada politicamente, inclusive de forma incoerente e hipócrita.

Sim, porque teve jornalista na televisão cobrando repúdio e reação da direita, e houve repúdio, houve reação, pois muitos liberais e conservadores entendem exatamente que se trata de uma vida humana, e que a impunidade deve ser combatida sempre. Mas, pelo visto, socialistas “igualitários” acham que uma morte vale mais do que as outras.

A consternação é seletiva, como colocou um amigo meu. Destacam que ela era negra, mulher, de esquerda, como se apenas isso importasse, como se fosse homem, branco e de direita não tivesse problema ser executado na rua. A mesma esquerda que trata bandido assassino como “vítima da sociedade” agora cobra punição, ignorando que nós, de direita, cobramos punição sempre, pois toda vítima de marginal é vítima, e todo marginal é marginal: não há distinção aqui.

O Rio é uma selva, uma terra sem lei, e o estado faliu à vista de todos. Não vamos resolver isso cantando “Imagine”, soltando bolhas de sabão ou iluminando postes nas ruas, muito menos desarmando cidadãos de bem ou legalizando as drogas. Não há soluções fáceis, e aquelas propostas pela esquerda podem muito bem agravar o problema. Como Marielle, muitos outros morrem todo dia, policiais honestos em serviço, cidadãos trabalhadores, crianças.

A turma de esquerda grita cobrando punição aos culpados, e é isso que deveriam fazer sempre, independentemente de quem foi a vítima. Os responsáveis pelo assassinato de Marielle devem ser punidos com rigor, assim como todos os assassinos soltos por aí, que agem de forma cada vez mais ousada pela certeza da impunidade. É asqueroso, confesso, ver o grau de seletividade e politização dessa morte, como se as demais vítimas não tivessem o mesmo valor. É preciso valorizar todas as vidas humanas, não importa a cor da pele, o credo político, a visão de mundo.

Que os verdadeiros amigos e parentes de Marielle encontrem força para superar essa perda. E que os demais, à esquerda e à direita, deixem eles fazerem o luto com um mínimo de paz e respeito. Vocês não têm vergonha de explorar dessa forma sua morte, como urubus diante de uma carniça?

Rodrigo Constantino

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