Cota racial para o Oscar?

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Deu na Veja:

Após o cineasta Spike Lee e Jada Pinkee Smith, esposa de Will Smith, terem anunciado que fariam um boicote ao Oscar devido à falta de atores negros entre os indicados, mais um nome de peso em Hollywood condenou a votação da Academia: George Clooney, estrela de filmes como Queime Depois de Ler e Os Descendentes. “Olhe para trás em alguns indicados. Por volta de 2004, certamente haviam negros entre os nomeados – como Don Cheadle, Morgan Freeman. E de repente, você sente que estamos caminhando na direção errada”, disse o ator e produtor à revista Variety.

Na entrevista, Clooney disse que achou “ridículo” o fato de os atores Will Smith (Um Homem Entre Gigantes) e Idris Elba (Creed: Nascido para Lutar) não terem sido indicados ao Oscar deste ano, assim como criticou a não nomeação da diretora Ava DuVernay (Selma) na premiação de 2015. “E estamos falando dos negros, para os latinos é ainda pior. Nós precisamos ser melhores! Nós costumávamos ser”, afirmou o ator. Para ele, o problema não tem relação apenas com quem escolhe os indicados ao prêmio, mas também com as oportunidades dadas aos atores negros. “Quantas opções estão disponíveis para minorias nos filmes, particularmente nos filmes de qualidade?”, questionou.

Clooney ampliou suas críticas, reforçando sua tese de que estaria havendo uma regressão no cinema, como por exemplo entre as mulheres, que tinham grande espaço nos anos 1930, mas hoje têm dificuldades em arrumar papeis de destaque depois dos 40 anos. “Nós estamos vendo um movimento em relação a isso. Jennifer Lawrence e Patricia Arquette fizeram discursos sobre essa desigualdade. Porém, deveríamos ter prestado atenção nisso muito tempo atrás”, disse.

Eis como funciona a cabeça de um típico “progressista” como George Clooney, merecidamente incluído em meu Esquerda Caviar: o resultado tem que bater com ser visão pré-concebida de mundo, com base em grupos coletivistas. Pela mesma lógica estranha, um branco poderia alegar que há discriminação e preconceito na NBA, pois as estrelas de basquete são quase todas negras.

Onde foi parar a meritocracia? Agora o Oscar deverá levar em conta a “raça” e o sexo? Daqui a pouco vão reclamar que há pouco ator gay sendo premiado, se bem que gay está mais para maioria em Hollywood. Ironias à parte, percebam o caminho arriscado desse tipo de pensamento coletivista: cada um, com base no critério coletivista de sua preferência, poderá alegar preconceito quando ficar de fora. Poucos latinos, poucos baixinhos, poucos judeus, poucos islâmicos, poucos conservadores…

Ops! Eis aí o maior preconceito verdadeiro em Hollywood: experimenta “sair do armário” como um Republicano eleitor de Ted Cruz ou fã de Ronald Reagan para ver o que acontece! Se você não for alguém com uma carreira bem sólida e estabelecida, como um Clint Eastwood da vida, ferrou! Você vai sofrer a fúria dos pares “tolerantes” e terá o ostracismo como resultado. Trata-se de um ambiente totalmente dominado pela beautiful people de esquerda. Isso Clooney não condena, não é mesmo?

Enfim, em vez de analisar quantos negros ou mulheres estão sendo premiados, seria melhor a análise ser sobre a queda na qualidade dos filmes em geral, retratada pela ascensão meteórica das séries de TV e da Netflix, que não tido mais coragem para enfrentar a patrulha politicamente correta. Aliás, seu filme de estreia, “Beasts of no Nation”, foi boicotado pela turma por representar uma ameaça aos padrões “certinhos” (e nada realistas) de Hollywood.

Pense menos em raças ou gênero, Clooney, e mais em indivíduos. Morgan Freeman, citado por você, é um grande ator, não resta a menor dúvida. E veja o que ele tem a falar sobre racismo:

Precisa dizer mais alguma coisa?

PS: Talvez seja injusto deixar Will Smith de fora, um grande ator. Mas não seria injusto Leonardo DiCaprio não ter seu Oscar, ele, que tem feito excelentes papeis? Alguém diria que é preconceito com loiro de olhos claros, por acaso?

Rodrigo Constantino