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Crimes e violência no andar de cima: a classe social não determina comportamento!
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A esquerda acha que consegue explicar tudo com sua tese de luta de classes. Com isso, o indivíduo desaparece, dando lugar ao coletivo, à abstração que passa a agir em seu lugar. Esqueçam responsabilidade individual, livre-arbítrio e outras noções “conservadores”: é a classe a que pertencemos que dita nosso comportamento. Claro que essa visão de mundo não resiste a um segundo de observação isenta dos fatos.

Hoje mesmo, ao ler o jornal, há na mesma página dois relatos de crimes e violência envolvendo o “andar de cima”, as classes mais altas que, pela ótica canhota, deveriam estar livres desses problemas. Afinal, se é o nível da educação e a conta bancária que determinam a boa conduta, já que é a falta de escolaridade e a pobreza que explicam a criminalidade, então não era para termos casos como esses, em que “bacanas” partem para a violência ou o crime.

O caso ocorrido na Gávea mostra um rapaz rico, mas possivelmente desequilibrado, com oito passagens pela polícia, que teria agredido com um saca-rolhas três pessoas na festa de seu irmão em sua casa. Segundo o jornal:

Promotor de eventos e integrante de uma família que é dona de uma usina de açúcar e faz negócios no ramo da pecuária e no mercado financeiro, José Philippe apresenta um histórico de passagens pela polícia que começou em 2002, quando ele tinha apenas 16 anos. Dali em diante, protagonizou crimes como lesão corporal, violência doméstica, violação de domicílio e constrangimento ilegal. São, no total, oito casos registrados em delegacias da Zona Sul e de Búzios, além de um na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Florianópolis, em Santa Catarina. A análise das autuações revela o perfil de um jovem instável e agressivo, sobretudo com mulheres.

A riqueza e o berço de “ouro” não impediram esse tipo de comportamento. O mesmo com os garotos do Recreio, presos por tráfico de drogas:

Os jovens de classe média, com idades entre 20 e 22 anos, estavam em uma festa na casa de um deles, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, quando foram surpreendidos pelos agentes. Na residência, foram apreendidos meio quilo de maconha, narguilés, LSD, além de balanças para pesar drogas e réplicas de pistola e fuzil.

O estudante de direito Lucas Gonzaga Assaf Nazareth, de 20 anos, e Luiz Augusto Pinheiro Heyerdahl Cesário da Costa, que cursa publicidade, e Sheran Raphael Del Corona Brugioni, que estuda engenharia, ambos de 22 anos, foram flagrados ainda com três adolescentes. De acordo com o delegado assistente da Dcod, Henrique Damasceno, a delegacia recebeu denúncias de vizinhos sobre as festas realizadas no local nos fins de semana, que “eram regadas a bebidas alcoólicas, drogas e orgias, incluindo menores de idade”.

As festas ocorriam na casa de Sheran Brugioni, na Rua Clementina de Jesus 81.

— Sheran herdou a casa há sete anos, após a morte dos pais, uma estilista e um biólogo. Os três universitários, moradores do Recreio e da Barra, foram autuados por tráfico de drogas, cuja pena varia entre cinco e 15 anos de prisão. Eles estão sendo levados para um presídio no Complexo de Gericinó, em Bangu — disse Damasceno.

O que casos lamentáveis como esses mostram é que a visão simplista e materialista da esquerda não engloba a complexa realidade. Por que jovens que tiveram várias oportunidades escolhem o crime e a violência? São várias as possíveis respostas. Famílias sem estrutura apesar da renda, valores distorcidos, impunidade, busca por adrenalina, psicopatia, etc. Independentemente da razão, o fato é que vemos criminosos e agressores em todas as classes sociais, o que derruba a tese classista do crime.

Claro, no “andar de baixo” teremos maior incidência, o que é de se esperar. Famílias mais desestruturadas ocorrem com mais frequência nas favelas, o que pode ser tanto efeito como causa da pobreza. Mães adolescentes solteiras, falta de instrução básica, nada ajuda. O ambiente influencia, e ser criado em torno de territórios dominados pelo tráfico ou milícia não ajuda em nada também.

Ninguém nega que essas condições, que não necessariamente têm ligação direta com falta de recursos para o básico ou ausência de oportunidades escolares, prejudicam milhares de jovens brasileiros todo ano. O que se diz, e deve ser repetido sempre, é que tais fatores, ainda que possam influenciar, jamais determinam o comportamento. Ninguém mata uma pessoa, enfia uma faca em sua barriga por um relógio ou bicicleta, porque é miserável ou não foi à escola.

É um ato cruel, uma escolha em última instância. Ou, se não for uma escolha, estamos lidando com um psicopata, alguém sem qualquer chance de salvação. A existência de gente da classe média e mesmo da classe alta (vide Brasília) na lista de criminosos e agressores comprova que precisamos abandonar a explicação com base na classe, e focar no indivíduo. É ele, sempre ele, que age e, portanto, que deve ser responsável por seus atos.

Rodrigo Constantino

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