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Crônica de um afogamento: o caso de Dilma
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Rogério Werneck faz em sua coluna de hoje no GLOBO uma analogia entre a situação da presidente Dilma e um afogamento típico, lembrando que a luta desesperada do governo para impedir o impeachment parece o ato irracional fruto do pânico de um afogado:

A reação instintiva de quem está prestes a se afogar é mobilizar todas as forças que lhe restam para manter a cabeça fora d’água. No sôfrego afã de continuar a respirar, tudo mais perde importância.

É esse estertor de afogado, aflitivo e desesperado, que vem à mente, quando se analisa a agoniada atuação da presidente Dilma nas últimas semanas. O Planalto está integralmente mobilizado pelo único propósito de evitar o impeachment. Todo o resto foi deixado de lado. Nada mais importa. E no vale-tudo que se instalou, parece não haver limites aos meios de que o governo possa lançar mão para evitar que o mandato da presidente seja abreviado.

É bem sabido, no entanto, que, quando o risco de afogamento promete ser prolongado, entrar em pânico pode ser fatal. É importante manter a calma, saber poupar forças para resistir por mais tempo e conceber plano de jogo menos imediatista, que torne a sobrevivência mais provável.

Mesmo se Eduardo Cunha se afogar antes de detonar o impeachment, não há garantias de que ele será evitado. A coisa já tomou corpo e a pressão popular será crescente, à medida que a crise econômica arraste para o pântano todos, inclusive aqueles pendurados hoje em “programas sociais”.

Se Dilma escutar Lula e der uma guinada à esquerda populista, ou se Joaquim Levy não suportar mais ficar sob tanto fogo “amigo”, a permanência da presidente no poder poderá ser encurtada também.

Em suma, Dilma se afoga no tsunami que ela mesma ajudou a criar, com todos os estímulos de liquidez que injetou na economia, causando esse grave quadro de estagflação. Há algumas boias em que ela pode se agarrar para ganhar tempo, mas dificilmente terá fôlego para suportar mais três anos assim. Se, por algum “milagre”, ela conseguir, quem não resistirá será o Brasil mesmo, que afundará em seu lugar.

Rodrigo Constantino

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