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Demétrio x Verissimo: a esquerda pensante contra aquela estúpida e canalha
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Ler a coluna pérfida de Verissimo hoje no GLOBO, em que defende o “sucesso” do governo lulopetista na área social, e depois ler a coluna de Demétrio Magnoli logo abaixo é constatar o abismo entre a esquerda pensante e civilizada, representada pelo sociólogo, e aquela estúpida e/ou canalha, representada pelo humorista. São dois mundos muito distintos, ambos de esquerda, mas separados por um muro intransponível.

Enquanto Verissimo distorce os fatos, mente descaradamente, inventa coisas e finge que não viu tantas outras, tudo para defender o indefensável, Demétrio confronta a realidade, cobra coerência, desnuda fantasias e derruba mitos, em nome de uma esquerda mais moderna, civilizada e, claro, democrática. Abaixo, alguns trechos de sua excelente coluna:

Lula e Dilma, depois de tudo — é sério isso? Os heróis da esquerda são os compadres de Marcelo Odebrecht, os chefes dos gerentes-operadores da Petrobras, o óleo na engrenagem de um capitalismo de subsídios e sombrias negociatas. Na ordem lulo-dilmista, circulavam como aliados e associados os mesmos canalhas que rodeiam o atual governo. O que eles “odeiam” não é a presença perene dessa gente, mas a ausência de seus heróis sem nenhum caráter. O Temer que eles odeiam é a implicação necessária dos governos que eles amaram.

[…]

E nada se aprendeu sobre políticas sociais referenciadas em estímulos conjunturais ao consumo e transferências diretas de renda, que se esgotaram sem reformas de fundo. Enquanto ainda cantam as glórias petistas, eles escondem de si mesmos a permanência de uma educação pública em ruínas e as carências humilhantes dos serviços públicos de saúde. Eles gostam de cotas, não de direitos universais.

O que sobra de uma esquerda cega à desolação das nossas metrópoles cindidas em guetos sociais e, portanto, estruturalmente violentas? Por que eles amam tanto o retrógrado Minha Casa Minha Vida, um programa que ergue habitações populares distantes dos centros das cidades, reiterando um padrão secular de segregação espacial? Copa, Jogos Olímpicos, Porto Maravilha: a roda da fortuna da especulação imobiliária.

Em seguida, Demétrio menciona Guilherme Boulos, o líder do MTST, que “inverteu a sequência temporal dos eventos para justificar a falência econômica da Venezuela chavista pelo colapso das cotações do petróleo”. E cita Wagner Moura, “cuja inteligência política é inversamente proporcional a seu talento dramático”, e que “clama por recursos públicos para um filme sobre Marighella”. E não poupa o ator em sua análise: “À luz da história, compreende-se o erro trágico dos militantes que se engajaram naquela aventura. Já a romantização da tragédia, tanto tempo depois, e na vigência das liberdades democráticas, deve ser classificada como o ato típico de um idiota”.

Sim, são idiotas, ou pior, canalhas. Defendem Chávez e Fidel Castro, defendem Lula e Dilma, defendem o socialismo em pleno século XXI. E fazem isso em ritmo de bossa nova, com ar de superioridade intelectual, bancando os chics, os descolados, como faz Caetano Veloso, alvo dos ataques do sociólogo. Sim, em pleno século XXI, a esquerda brasileira ainda cultua a figura do caudilho latino-americano, o ícone do nosso atraso. Chico Buarque, Caetano, Wagner Moura, Verissimo: todos abraçados, juntos, “caminhando e cantando e seguindo a canção” rumo ao lixo da História…

Rodrigo Constantino

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