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Dilma é responsável por política econômica e a levará às últimas consequências, diz Mantega
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A presidente Dilma, após sentir o calor de Marina em seu cangote na corrida eleitoral, acenou com possíveis mudanças no eventual segundo mandato, praticamente demitindo Guido Mantega por antecipação. Busca, com isso, conquistar algum apoio do empresariado, acalmar os investidores, mostrar que poderá reverter algumas políticas atuais que levaram ao quadro de recessão com alta inflação. Balela!

Quem quiser acreditar em Dilma é livre para isso. Mas que fique claro se tratar de um wishful thinking absurdo, de um incrível desejo de crença, profundamente irracional. Afinal, como já cansei de repetir, Dilma é a “cabeça da Hidra”, a responsável pela atual política econômica. Mantega é apenas um ministro fraco, no poder há tanto tempo justamente por ser fraco. Quem dá as cartas equivocadas é Dilma mesmo.

Se o empresário não quiser acreditar em mim, que ao menos acredite no próprio Mantega! Em entrevista ao GLOBO, o ministro disse não se sentir constrangido coisa alguma com sua suposta “demissão”, que não existiria. Garantiu que ele é quem quer sair, por questão familiar, e já tinha dito isso a Dilma. E para não deixar margem a dúvidas, frisou com todas as letras:

Eu gozo da plena confiança da presidente, e ela sempre confirmou. No dia em que eu não tiver a confiança dela, saio imediatamente. Isso é condição de trabalho. Somos muito afinados na política econômica. Compartilhamos dessa política econômica, e ela vai levar essa política econômica às últimas consequências.

O que interessa é a estratégia econômica. São as ideias, não as pessoas. Tanto ela quanto eu somos portadores de um projeto de desenvolvimento que tem acontecido no Brasil, que tem passado por etapas diferentes. E esse projeto terá continuidade. Isso pode ser implementado por pessoas diferentes.

Ou seja, temos aqui o próprio ministro de Dilma garantindo publicamente que goza de sua total confiança, que sem isso sairia imediatamente, e que ambos são muito afinados na política econômica, que compartilham dela. Dilma não negou em momento algum isso; ao contrário: confirmou que a saída de Mantega seria por razões pessoais dele. Ou seja, está consentindo com seu ministro, o que torna sua fala ambígua sobre mudanças de equipe apenas uma tentativa de ludibriar alguns trouxas.

E Mantega ainda enfatizou que a presidente “vai levar essa política econômica às últimas consequências”. Isto é: vamos mesmo dobrar a aposta se Dilma for reeleita, vamos insistir nos erros, intensificar o nacional-desenvolvimentismo, continuar com preços represados, com malabarismos contábeis, com o BNDES fazendo sua “Bolsa Empresário” e selecionando os “campeões nacionais”, com os bancos públicos fomentando uma bolha de crédito de forma irresponsável, com um Banco Central subserviente ao Planalto deixando a inflação acima da meta, com gastos públicos crescentes e sem superávit fiscal.

Enfim, vamos reforçar tudo aquilo que nos trouxe a essa situação de estagflação. Argentina é nosso modelo a ser seguido se Dilma vencer as eleições, e quem diz isso, ainda que implicitamente, é Mantega, que continua no cargo. Ou seja, Dilma atesta sua declaração. Se o empresário não quer acreditar nos “pessimistas”, que ao menos acredite na própria presidente e em seu ministro, o mesmo que está no cargo por tempo recorde em nossa história democrática. Depois não adianta dizer que foi enganado…

Rodrigo Constantino

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