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Downton Abbey está de volta para a temporada final
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Refinado como nunca, sofisticado como sempre, está de volta “Downton Abbey” para sua temporada final. O primeiro capítulo ficou disponível na Apple TV nesta segunda, e nesta segunda, claro, eu e minha mulher o vimos, para fechar com chave de ouro a comemoração de seu aniversário. Como é bom poder se transportar no tempo para 1925 e acompanhar diálogos inteligentes e tiradas impagáveis da aristocracia decadente!

A sensação de que “algo” se perdeu é forte durante aquela uma hora e poucos minutos de episódio. O mordomo Carson, desejando que fosse possível parar o curso do tempo para que certas coisas pudessem ser preservadas, é o ícone do conservador reacionário, mas que nem por isso deixa de ser cativante naquele contexto. E suas declarações de amor são simplesmente “fofas”, segundo minha mulher. Não se fazem mais cavalheiros como antigamente, pois não há mais mulheres distintas e elegantes como antigamente…

Em meio a tantas odes ao progresso, acaba sendo interessante assistir a uma ode aos valores tradicionais, aos estilos que mereciam ser conservados, ainda que mudanças fossem – e devessem ser – inevitáveis. Não é preciso ser um reacionário para lamentar certas mudanças, ou para mergulhar em nostalgia com um tempo clássico que já se foi e não mais regressará. Podemos apreciar todos os avanços e, ainda assim, sentir que havia ali, naquele estilo aristocrático, algumas qualidades importantes.

Como, por exemplo, aprender a conter os impulsos, por mais “justos” que possam lhe parecer à primeira vista. Sem “spoiler”, mas é a lição que a jovem empregada Daisy aprende “the hard way”, ao tentar defender seu sogro. O tiro sai pela culatra, pois a impulsiva moça teve muita estamina, e pouca sabedoria. No mundo atual, em que qualquer impulso é tido como nobre porque “autêntico”, essa mensagem fica ainda mais importante: ao contrário dos animais, os seres humanos podem e devem controlar impulsos e apetites, colocando alguma reflexão antes do agir.

Alguns acreditam que a beleza salvará o mundo moderno vulgar. Se for este o caso, então a criação de Julian Fellowes terá dado grande contribuição. É uma série bela. Recomendo a quem ainda não viu e aguardo ansioso pelos capítulos finais.

Rodrigo Constantino

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