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Eleição colombiana revela que povo não quer saber de guerrilheiros das Farc na política
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Comentei nesta segunda um texto de Ricardo Vélez sobre segurança pública com base na experiência colombiana. Quando o assunto é criminalidade no país vizinho, há um nome que merece destaque: Alvaro Uribe. O ex-presidente comandou com mão firme o combate ao crime, aos cartéis, aos narco-guerrilheiros das Farc. E foi por isso que os traficantes comunistas resolveram partir para a negociação de paz e entrar para a política.

Mas não era mais Uribe a negociar os termos, e sim o esquerdista Santos, que fez concessões demais aos terroristas, como Obama fez com o Irã. A esquerda sempre dá um jeito de fechar acordos benevolentes, de pai para filho, com marginais de todos os tipos. E foi assim que os guerrilheiros das Farc tiveram cadeiras no Parlamento asseguradas, independentemente da vontade popular. Democratas, pero no mucho.

Pois bem: a impopularidade das Farc ficou comprovada nas urnas, para desespero dos radicais de esquerda, que só gostam das urnas – de preferência eletrônicas e sem impressão do voto – quando elas atendem aos anseios da minoria organizada. Ou seja, quase nunca. Mas eis que o “perigo para a paz”, segundo “especialistas”, é a tendência à direita nas urnas. O editorial do GLOBO diz:

As eleições para o Parlamento colombiano do último domingo revelaram uma população polarizada, resultando num Congresso dividido, com tendência à direita, sem que nenhum partido tenha obtido maioria. Contadas as cédulas, as questões centrais da política colombiana continuam sem solução, sobretudo os esforços de pacificação de um país que há mais de meio século convive com revoltas e guerrilhas, de um lado, e milícias, de outro. Acrescentem-se problemas comuns aos países latino-americanos, como a corrupção disseminada em vários níveis institucionais e a violência provocada pelo tráfico internacional de drogas.

A estreia do partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc) decepcionou. Formada por ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, a agremiação teve um desempenho abaixo do esperado, obtendo apenas 85 mil votos, o que equivale a cerca de 0,5% do eleitorado que compareceu às urnas. Este resultado está bem aquém do mínimo necessário para eleger um deputado (3% dos votos válidos ou 400 mil), mas, pelos termos do acordo de paz assinado entre a guerrilha e o presidente, Juan Manuel Santos, no fim de 2016, o partido tem asseguradas dez vagas no Parlamento: cinco na Câmara e cinco no Senado.

Não há polarização alguma quando o assunto são as Farc: é uma unanimidade! O troço não tem qualquer apelo popular, ninguém quer saber de guerrilheiros na política. O resultado não foi “decepcionante”, e sim alvissareiro, ao mesmo tempo que esperado. Só na bolha “progressista” que traficante com discurso “igualitário” desperta suspiros revolucionários e é enaltecido. O povo não aprecia bandido mascarado de Robin Hood.

O fato de esses guerrilheiros terem direito a cadeiras apenas comprova o péssimo negócio feito por Santos, à revelia da opinião pública. O “risco” ao “acordo de paz” pode ter aumentado, mas somente se entendermos que não havia paz alguma no tal acordo, ao menos não se o preço for a rendição incondicional aos marginais, “eleitos” mesmo sem votos. Diz o editorial:

Embora sem obter maioria nas duas Casas do Congresso, a vitória da direita, sob liderança do ex-presidente Álvaro Uribe, adversário do acordo de paz, gera dúvidas sobre a aplicação efetiva do pacto no futuro. As três principais forças de direita, juntas, obtiveram cerca de 40% dos votos. Mesmo sem poder alterar substancialmente o acordo de paz, um Parlamento hostil pode interferir no complexo processo de transição da guerrilha para a vida civil. 

Ora, hostilidade às Farc é exatamente o que o povo colombiano quer e expressou nas urnas, assim como já havia deixado claro em pesquisas. Mas os governantes de esquerda (ou “centro”, para os esquerdistas) nunca ligaram muito para o que o povo pensa e quer. Eles se consideram os “ungidos”, que sabem melhor o que deve ser feito, apesar de se venderem como “democratas”. Que paz é essa que depende da concessão de privilégios aos guerrilheiros? A mesma “paz” de um sequestrado que paga um resgate ao sequestrador? O editorial conclui:

As eleições de domingo revelam o quadro de incertezas que deve permear o primeiro turno da corrida presidencial, marcado para maio. De um lado, mostra o longo trabalho que a Farc terá que realizar para convencer o eleitor sobre seu novo papel; de outro, exigirá da sociedade colombiana uma reflexão sobre se vale a pena voltar a enveredar pelo caminho do conflito armado, como preconiza a direita.

As Farc, pelo visto, já convenceram parte da elite. O seu longo trabalho para convencer o eleitor sobre seu “novo papel” é que parece uma missão impossível: o povo não quer saber, repito, do comunismo. A reflexão foi feita e o resultado está nas urnas: a Colômbia rejeitou as Farc como alternativa política. Ou seja, se por conta desse retumbante fracasso eles “retornarem” ao crime, paulada neles! Criminoso se enfrenta com a polícia e a lei, afinal de contas.

O “conflito armado” não é uma escolha da direita, mas da esquerda radical que escolhe o caminho do crime. Elementar. Se o MST e o MTST de Stédile e Boulos fracassarem nas urnas – e agora teremos como medir isso com a candidatura de Boulos pelo PSOL – isso não quer dizer que a paz está ameaçada. A paz fica ameaçada toda vez que os criminosos do MST e do MTST praticam crimes. E a resposta adequada não é ceder cadeiras na Câmara e no Senado, mas endurecer no combate aos marginais, inclusive ou principalmente aqueles que se escondem por trás da ideologia.

Não há paz com bandidos. Há a aplicação da lei. Uribe e a direita colombiana entendem bem isso. No Brasil, Bolsonaro e a direita também demonstram ter a mesma compreensão. Infelizmente, muitos jornalistas ainda acham que a melhor forma de acabar com uma guerra é perde-la para os marginais…

Rodrigo Constantino

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