• Carregando...
| Foto:
patologia

Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? A mesma pergunta metafísica pode ser feita sobre os esquerdistas bolivarianos: o que vem antes, sua patologia ou a ideologia? Ao ler a coluna de Clovis Rossi na Folha hoje, fiquei com essa questão na cabeça. Rossi tenta separar uma coisa da outra, e diz que o bolivarianismo é patologia, não ideologia.

Mas até que ponto a própria ideologia não acaba alimentando a doença mental dessa turma? Diz ele, sobre as teorias conspiratórias que os bolivarianos andam espalhando sobre as manifestações nas ruas dos países dominados por governos de esquerda:

Alguns querem o golpe no estilo tradicional, não um “golpe brando”. Outros, a maioria, preferem o impeachment, que, estando previsto na Constituição, só pode ser chamado de golpe por energúmenos.

Na verdade, recorrer a uma teoria conspiratória é um recurso tão antigo como o mundo e serve para não encarar as deficiências de governos que se acham messiânicos mas estão acossados pelas ruas.

Que a esquerda tida por bolivariana se deixe fascinar por essa estupidez não é, em todo o caso, de causar admiração.

Ela idolatra um governante, Nicolás Maduro, que diz ter recebido o antecessor (Hugo Chávez) na forma de um passarinho.

Não é, pois, um problema ideológico e, sim, patológico.

De fato, bolivarianos e petistas dão claros sinais de desvios cognitivos, o que pode ser considerado um problema patológico, ou de caráter. Mas não estou convencido de que é a patologia que sempre leva a uma defesa de tal ideologia. Poderia ser o caso de a ideologia martelada desde cedo na cabeça dessas pessoas também acabe por desenvolver uma patologia.

Acreditando na plasticidade cerebral, o poder de estrago de “professores” marxistas jamais pode ser deixado de lado nessa equação. Pessoas que seriam normais, em condições normais, acabam vítimas de uma patologia desenvolvida pela ideologia que lhes foi enfiada goela abaixo quando jovens.

Vejam bem: não quero isentar de culpa os próprios bolivarianos e petistas, o que seria algo típico deles. Sua responsabilidade no que defendem é clara, pois entre o estímulo e a resposta, o homem tem a liberdade de escolha. Mas seria um atenuante apenas: ideologias podem contribuir para a formação de patologias.

A dissonância cognitiva se encarrega do resto no processo. Funciona basicamente assim, e como não sou médico, apenas um observador atento, peço vênia por qualquer equívoco: 1) o “professor”, os artistas, os “intelectuais”, todos martelam incansavelmente em cabeças jovens as “maravilhas” do socialismo e demonizam o capitalismo; 2) o jovem idealista acredita nesses gurus, deseja ser aceito no grupo, ser visto como abnegado e altruísta, muitas vezes é parte de uma elite culpada, e endossa, então, a ideologia utópica igualitária; 3) qualquer argumento ou fato contraditório – e eles pululam – precisa ser ignorado, para que o cérebro fique blindado contra a realidade, de modo a permitir a sobrevivência da ideologia.

Pronto! O sujeito defende a “democracia” ao mesmo tempo em que enaltece o regime cubano. Ele chama os outros de “fascistas” enquanto defende mais estado e controle sobre as vidas alheias. Acusa de “raivosos” os adversários depois de babar de tanta raiva e usar os adjetivos mais chulos para definir um “coxinha”. Revolta-se com a denúncia de corrupção envolvendo Eduardo Cunha, enquanto trata os petistas do mensalão e do petrolão como heróis injustiçados. E por aí vai.

É um caso de patologia? À exceção dos que fazem isso tudo conscientes e em troca de pixulecos, sem dúvida! Bolivarianos e petistas genuínos, que acreditam na causa revolucionária, sofrem de alguma patologia. Mas é, também, uma questão ideológica. Foi a ideologia adotada lá atrás que veio, como um câncer, destruindo a capacidade de raciocínio lógico dessa gente.

Existem, portanto, dois tipos de bolivarianos e petistas, ambos reagindo de forma desesperada agora, que seus governos se encontram ameaçados pela realidade, pela revolta popular, pela crise econômica que produziram: aqueles “espertos”, em pânico pelo risco de perder as mamatas, as tetas estatais; e aqueles “otários”, que servem de massa de manobra dos “espertos”, que realmente acreditam na ideologia, no socialismo do século XXI.

Ou uma coisa, ou outra. O que não é mais possível é ter alguém inteligente, honesto, decente, livre de patologias graves, que ainda defenda o bolivarianismo e sua versão brasileira, o lulopetismo. Pelos canalhas oportunistas, sinto apenas desprezo, e regozijo-me com a aproximação de seu encontro com a dura realidade, quando perderão as tetas estatais e terão, ó céus!, que trabalhar de verdade para se sustentar; dos patológicos consigo sentir alguma pena, e torço para que o estrago ideológico não tenha sido total, para que ainda exista salvação.

Rodrigo Constantino

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]