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São Paulo - O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, fala de pesquisa realizada com mil empresários paulistas sobre barreiras que impedem o crescimento industrial
São Paulo - O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, fala de pesquisa realizada com mil empresários paulistas sobre barreiras que impedem o crescimento industrial| Foto:

Muitos estão comemorando que a Fiesp finalmente decidiu apoiar o impeachment da presidente Dilma. Entendo: todo apoio é bem-vindo, especialmente de industriais cheios da grana. Não devemos reclamar, e o certo é aceitar a adesão com um sorriso no rosto, de olho nos resultados. Entendo tudo isso, mas…

Não seria quem sou se não colocasse a honestidade acima dos interesses, ou para ser ainda mais sincero, se não colocasse os interesses de longo prazo acima daqueles de curto prazo. Pensando no imediato, claro que é ótimo contar com o apoio da Fiesp. Mas não é por isso que vamos fingir que os grandes empresários desse país não têm nada a ver com a confusão toda, não é mesmo?

Sou um crítico da Fiesp faz tempo. Nossos industriais, salvo raríssimas exceções, gostam mesmo é de uma teta estatal, uma barreira protecionista, um subsídio do BNDES, ou de reclamar dos altos juros como se bastasse voluntarismo político para reduzi-lo. Em vez de lutar por reformas estruturais que reduzissem o tamanho do estado e, com isso, o “custo Brasil”, a Fiesp prefere atacar os sintomas e se aproximar do governo.

“Se não pode derrotá-los, junte-se a eles”, diz o ditado. Só que, com base nessa mentalidade, os inimigos jamais serão derrotados mesmo! Afinal, contam com o apoio das vítimas desde cedo. Os nossos industriais alimentaram o monstro que, agora, os engoliu. E não foi por falta de aviso!

Um amigo meu, jornalista, desabafou numa rede fechada de debates:

Lendo o livro do Celso Arnaldo [Dilmês: o idioma da mulher sapiens] se constata o quanto esse país é absurdo e o quanto essa nossa elitezinha – empresarial, política e intelectual – não vale nada. Como um país deixou uma mula como Dilma chegar a presidente? Para que servem os bilhões que esses empresários da Fiesp acumulam se eles não têm um pingo de dignidade, um pingo de honradez, e não souberam sinalizar a Lula que o Brasil não podia ser o vaso sanitário dele?

Ouch! Pegou pesado, eu sei. Mas mentiu? Não! Quem mente é Dilma, aquela que claramente não tem condições de gerir uma quitanda, um puteiro, uma loja de bugigangas, mas que acabou como presidente da República! Ou melhor: como “presidenta” do Brasil, sob o aplauso de “intelectuais” e empresários. Onde estavam com a cabeça? Nas cifras do governo apenas? Então tiveram o merecido!

O problema é que ferraram com os inocentes também, com aqueles que alertaram para os riscos, que sabiam da lambança que seria um governo Dilma, que jamais caíram no conto do vigário – ou do populista barbudo. Portanto, não cabe aliviar a barra da Fiesp só porque resolveu, agora, aderir ao movimento que pede o impeachment. Fingir que ela não foi, de certa forma, cúmplice do PT seria fechar os olhos para os fatos, o que teria efeito pedagógico terrível.

Pensando no longo prazo da nação, faz-se mister ter em mente o perigo que é a simbiose entre grandes industriais e governo. É isso que o liberalismo quer impedir!

Rodrigo Constantino

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