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Fim de ciclo: adeus, Lula! Ou não devemos subestimar o poder da molecagem?
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O jornal O GLOBO de hoje traz três colunas no caderno de Opinião que resumem bem quem é Lula e como o PT se encontra, hoje, refém de um só indivíduo, um oportunista sem ideologia disposto a fazer de tudo para se dar bem na vida.

A primeira é do historiador Marco Antonio Villa, que traça a trajetória do oportunista Lula desde os tempos de sindicalista, passando por deputado apagado até virar presidente corrupto. Diz Villa:

Lula surgiu no mundo político como um líder sindical que negava a política. Mais do que isso, nas suas primeiras entrevistas, na segunda metade dos anos 1970, chegou a satanizar a política. […]

Saltando do mundo sindical para a política partidária, liderou a fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980. Teve papel marginal nas eleições diretas para os governos estaduais, em 1982. Para o Congresso Nacional conseguiu eleger apenas oito deputados federais e nenhum senador. As mudanças que estavam ocorrendo no país passavam ao largo da sua liderança. Lula era mais um personagem folclórico do que um relevante ator político.

Mesmo dobrando a representação parlamentar petista na Constituinte, Lula teve atuação apagada. Em momento algum se sobressaiu em algum debate. Faltou a diversas sessões. Não deixou sua marca em nenhum dispositivo constitucional. […]

Na Presidência, Lula adotou como lema ter como princípio não ter princípio, repetindo o método utilizado quando foi dirigente sindical. Só que tendo um imenso poder. Buscou cooptar o Congresso Nacional e as cortes superiores de Brasília. Conseguiu. Comprou apoios e vaidades. Superou a crise do mensalão. Desmoralizou as instituições democráticas. Usou do aparelho de Estado como se fosse propriedade privada, sua propriedade. […]

Hoje, a decadência política de Lula é inegável. Não passa de um réu temeroso de ser condenado a regime fechado — o que deve ocorrer ainda este ano. Sua queda — e de seu nefasto legado — é fundamental para que o Brasil retome o processo de construção de uma sociedade democrática. Lula representa a velha forma de fazer política, o conchavo, a propina, o saque do Erário, o desprezo pelas instituições. Removê-lo da política, condená-lo a uma pena severa, é um serviço indispensável ao futuro do nosso país.

Em seguida, temos a coluna do jornalista José Casado, que também fala do fim de um ciclo para o PT, por ter apostado todas as suas fichas em Lula:

Mudaram o país e o mundo, e Lula continua candidato no mesmo palanque de 12 mil dias atrás. É caso singular de concentração de poder dentro de um partido: já gastou 49% dos seus 71 anos de vida impondo-se como única alternativa ao PT, até para escolha do substituto eventual, como foi com Dilma Rousseff.

O PT reduziu-se ao papel de alavanca da defesa de Lula num processo criminal. A mais organizada máquina partidária acaba de completar três décadas e meia de história prisioneira de candidato único. Tornou-se símbolo de um sistema falido de organização e método de se fazer política. Fixou-se no ponto extremo da monotonia de um sistema partidário fragmentado e impeditivo à formação e renovação de lideranças.

Há indícios da petrificação petista. Pela primeira vez, por exemplo, o partido amarga uma estagnação no número de filiações. O 1,5 milhão de alistados que possuía em março do ano passado, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, continuou imutável no último abril. Agregou somente 3,8 mil novos seguidores, nove vezes menos que o PSDB e o PMDB no período.

No mesmo palanque há 35 anos, Lula agora lidera a repulsa nas pesquisas eleitorais. Com 45% de rejeição, segundo o Datafolha, só é superado por Michel Temer, chefe de um governo-tampão, que ele e o PT escolheram duas vezes como vice-presidente, num pacto eleitoral com o PMDB de Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Romero Jucá, entre outros.

Mas, se o oportunismo de Lula salta aos olhos, e a decadência sua e do PT é evidente, ainda é muito cedo para considerá-los cartas fora do baralho. Como Carlos Andreazza mostra em sua coluna, ninguém é páreo para Lula na molecagem, e o petista conta com o apoio de gente muito poderosa ainda:

Mestre alquimista do nós contra eles, que verteu em oxigênio, Lula precisa de inimigos imaginários poderosos (os reais lhe são amigos), condição ideal a que prospere como vítima do tal sistema de que, no entanto, é beneficiário histórico.

Não importa. O que disse Renato Duque não importa. Os fatos não importam. Ele está em campanha e não move peça se no lance não vislumbrar boa chance de vitória — mais do que judicial — política. […]

É fundamental ter clareza a respeito de que não há como competir com Lula em molecagem. Insistir em que duelará com Sergio Moro, cara a cara, consiste em elemento fundamental à sua estratégia narrativa. Há, pois, método na deturpação — cálculo: transformar aquele que o pode condenar segundo a letra fria da lei em algoz motivado por interesses alheios ao ordenamento jurídico.

O que podemos fazer disso tudo? A trajetória de Lula, como bem apontou Villa, demonstra que ele não foi corrompido pelo poder, como alegam alguns, e sim chegou lá já totalmente corrompido, graças à sua corrupção. Lula é um oportunista. E o PT, ao ser apenas sua extensão partidária, também não passa de uma organização criminosa, montada para dar ao seu grande líder guarida sempre, não importa o que foi feito.

Mas é cedo para escrever o epitáfio do PT e de Lula, ainda que ambos estejam em severa crise. Não devemos subestimar a capacidade dessa gente em manipular o povão mais ignorante, com sua narrativa cafajeste de vítima oprimida e perseguida pelas elites. A guerra, portanto, continua, uma batalha de narrativas acima de tudo. Convém não dar moleza aos moleques…

Rodrigo Constantino

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