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Garotinho que não teve mãe… Ou: Quem ama, educa!
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Os pais moderninhos, que sofrem de culpa por ambos trabalharem fora, ou por serem egoístas demais e não terem mais saco para os sacrifícios que uma boa educação exige, ou simplesmente por serem adultescentes e desejarem ser “coleguinhas” de seus filhos, costumam encontrar muita dificuldade em dizer “não” aos rebentos e lhes impor limites.

O resultado é a geração mimimi que vemos por aí, a turma do nem trabalha, nem estuda e nem vota, muito menos arruma o próprio quarto, mas quer “salvar a humanidade”.

Quando um desses chega ao poder… já viu, né? Quem nunca “introjetou” limites, freios aos apetites, terá maior dificuldade de respeitar as leis, o próximo. Quando os freios internos são fracos, será necessário um freio externo mais rigoroso. Elementar, meu caro Watson.

Vejam esse exemplo abaixo, de um moleque birrento e mimado que insistia em empurrar o carrinho de compras na perna do sujeito à frente na fila do supermercado. A reação da vítima foi sensacional:

A mãe, por outro lado, é uma banana, uma covarde, incapaz de educar o fedelho. Ah, o que uns beliscões poderiam evitar no futuro! Esse garoto, achando que tem o direito de fazer o que der na telha, o que quiser, poderá ser até mesmo um governador corrupto de um estado como o Rio amanhã. Garotinho sem limites tem futuro sombrio à frente. É o que argumenta Gustavo Nogy nessa pequena crônica deliciosa:

Eu, quando garotinho, certa feita ensaiei escândalo no supermercado. Queria um chocolate e um amigo garantira: “Deita no chão, grita, que sua mãe compra o chocolate.” Desconfiado, planejei com antecedência a cena. Chego ao supermercado, procuro o corredor brilhante das guloseimas, as guloseimas acenam para mim como virgens acenassem para mouros no paraíso. Meio sem jeito, tento desarrumar a postura e simulo um choro. Quase um miado. Quando começo a acreditar na infalibilidade do meu plano, quando as virgens do meu paraíso começam a brilhar para mim, vestidas em papel celofane colorido, recebo um tapa na nuca vindo de não sei onde e um beliscão preventivo no braço, seguidos da pergunta: “Está querendo me fazer passar vergonha aqui, Gustavo?” Eu, naturalmente, me converto a mil cristianismos, deixo as virgens, digo, os chocolates, para os mouros futuros, mais destemidos, e dou por encerrado o frustrado esquete.

Anthony Garotinho não teve mãe. Anthony Garotinho não teve a mãe que eu tive.

O resultado aparece depois de velho.

Sim, aparece mesmo. O homem fez birra até depois de velho, quando era levado na maca. Garotinho que nunca aprende, que se sente acima das leis. E claro: um Garotinho desses não daria uma educação decente à própria filha, que segue seus passos, que também faz birra e grita “meu pai não é bandido”. Isso, quem vai dizer é a Justiça. Vejam as cenas:

Ficou com peninha do Garotinho? Caiu na encenação, na birra? Eu não. Eu prefiro a turma que dá beliscão em Garotinho mimado, abusado. Prefiro os pais que dão uns tapas em bandidinhos, em Garotinho que planeja roubos e não aceita limites aos seus apetites, que não respeita o próximo, as leis. Por mais beliscões! Quem ama, educa!

Rodrigo Constantino

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