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Genocídio cultural: bárbaros do Islã destroem monumentos históricos no Iraque
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O que é civilização? Não é fácil de definir. Mas estamos certos de uma coisa: existe a tal civilização, e existe a barbárie. Disso não restam dúvidas. Mas tal constatação é justamente o que os multiculturalistas modernos tentam negar. Para o relativista cultural, não podemos afirmar que algumas civilizações são mais avançadas que outras, pois isso seria o pecado mortal do etnocentrismo. Para eles, todas as culturas são “apenas diferentes”, e não existiria, portanto, algo como a barbárie. Trata-se de uma postura evidentemente contraditória e rechaçada pelos fatos mais óbvios.

Penso nisso ao ler a notícia de que bárbaros do ISIS destruíram monumentos históricos no Iraque. Não basta atacar seres humanos inocentes em nome de seu Alá; é preciso destruir obras de arte também. É o encontro da marreta dos brutos com a História, e parece insuportável para alguns contemplar os feitos dos antepassados. É preciso “zerar a pedra”, fazer tábula rasa de tudo que já existiu, pois o “paraíso” começa agora, quando Alá reconhecer a força da fé daquele que mata e destrói em seu nome.

Em um vídeo divulgado nesta quinta-feira pelo grupo fundamentalista, é possível ver militantes atirando esculturas datadas do século VII a.C. ao chão, reduzindo-as a pedaços. “Muçulmanos, estas estátuas atrás de mim eram ídolos e deuses para povos que viveram séculos atrás, que as adoravam em vez de adorar a Alá”, diz no vídeo um homem barbado, diante do touro alado, parcialmente demolido. “O profeta ordenou que nos livrássemos de estátuas e relíquias, e seus companheiros fizeram o mesmo quando conquistaram países depois dele. O profeta enterrou os ídolos em Meca, com suas benditas mãos”. Eis o vídeo:

httpv://youtu.be/iS2xnZcGNTA

Arte, cultura, civilização, entendemos por tais conceitos a tentativa do ser humano de alcançar o que é eterno, transcendental, universal, para fugir do efêmero, do aqui e agora, do pó. Uma tentativa de conversação entre diferentes povos em diferentes épocas. Por isso podemos ler uma tragédia de Sófocles em pleno século XXI e sentir emoção, ou uma peça de Shakespeare e ficar estupefato com os conflitos e dilemas morais da natureza humana, que não mudam muito com o tempo. Os bárbaros são aqueles que odeiam isso tudo, que pretendem destruir esse legado da civilização.

Mesmo os multiculturalistas sabem, no fundo, que existe a civilização e a barbárie. Eles só não têm a coragem para dizê-lo. Não é possível, afinal, manter a afirmação de que todos os povos são “apenas diferentes”, sem distinção entre o estoque de conhecimento, a qualidade dos costumes, o respeito às liberdades individuais e os valores tidos como universais, sem cair em contradição. Ora, fosse assim, um povo que tem sede pela destruição de tudo e de todos seria “apenas diferente” de outro que luta para preservar a vida, a tolerância, a civilidade. Quem está realmente disposto a bancar isso?

O primeiro passo na luta pela preservação da civilização é reconhecer de forma realista que ela possui vários inimigos, externos e internos. Os externos são esses cuja barbárie é mais fácil identificar. Atacam à luz do dia, matam, destroem, dão vazão ao seu niilismo e brutalidade de forma escancarada. Mas há também os inimigos internos, de dentro da civilização, que não necessariamente usam máscaras ou turbantes para destruir com as próprias mãos a civilização. Eles usam suas canetas, seus computadores, suas ideias, para ir minando o próprio conceito de civilização. Falei disso em minha palestra nesta quarta sobre lançamento de livro de Theodore Dalrymple:

httpv://youtu.be/N6LN1A2wP-A?list=UUsQZuqvj2yp6DK39TooDd6Q

Se nada é melhor ou pior, se nenhuma cultura é mais avançada, se não existe essa coisa de civilização e barbárie, então não podemos sequer condenar os atos vândalos desses fanáticos religiosos. Eles seriam “apenas diferentes”, e quem somos nós, afinal de contas, para julgá-los? Eis o recado dos multiculturalistas, os bárbaros disfarçados de seres civilizados, os lobos em pele de cordeiro, que podem ser ainda mais perigosos do que os brutos que quebram estátuas antigas…

Rodrigo Constantino

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