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Houve racismo no caso do ator negro preso por roubo?
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O ator Vinicius Romão acabou sendo preso após o registro de ocorrência de um assalto nas proximidades do Hospital Pasteur, no Méier. A copeira Dalva teve sua bolsa roubada, e descreveu o bandido como um homem de camiseta e bermuda preta, negro e com cabelo no estilo “black power”.

Os oportunistas de sempre vislumbraram aí uma chance de levantar a bandeira de racismo. O ícone da turma, o deputado Jean Wyllys, aproveitou a deixa para soltar em sua página do Facebook a seguinte mensagem demagógica:

Mais uma vitória conquistada! Foi concedida há pouco pelo Tribunal de Justiça do Rio a liberdade provisória de Vinícius Romão. O ator que estava preso desde o dia 10 de fevereiro acusado de assaltar uma mulher na Zona Norte do Rio, pode ser solto a qualquer momento. Parabéns ao Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública, a Comissão de Direitos Humanos da Alerj, a todos os amigos, militantes e artistas que se empenharam e contribuíram com afinco para que esse erro tão grave fosse reparado. O preconceito racial faz parte da nossa realidade e não temos como negar que Vinícius foi mais uma vítima. Tantos outros casos semelhantes acontecem diariamente com pessoas comuns. Que esse episódio sirva de exemplo para que atos como esses sejam apurados antes que mais injustiças sejam cometidas.

Faz algum sentido falar em racismo nesse caso? O professor de filosofia Francisco Razzo, em sua página do Facebook, resumiu bem o absurdo desta acusação:

Prenderam o rapaz por ser negro e por estar no lugar errado. Não sei de toda história, mas só sei que foi assim: mulher deu depoimento ao policial que um homem de cor negra, alto, magro e cabelo “black power” roubou a bolsa dela. Se é ou não Vinícius Mourão eu realmente não faço ideia. Se não foi, espero que soltem o ator e paguem pelo transtorno. Se foi, ele deve responder pelo crime. O problema é deduzir daí “racismo”. Ora, se a mulher tivesse dado um depoimento de que o rapaz que roubou sua bolsa era chinês, amarelo, gordo, cabelo liso e oleoso, então os policiais procurariam por um rapaz aparentemente com os traços de um chinês gordo. De repente, podiam até prender, por equívoco, o filho do pasteleiro do bairro, e, embora os policiais tivessem errado, não seria racismo – afinal decretaram que racismo é um problema só de negros: seria erro dos policiais ou erro da moça. O problema dessa história não tem nada a ver com racismo: tem a ver com um roubo, com a propriedade privada, com segurança pública. De tão habituados com a violência, com a rotina diária de assaltos, homicídios, latrocínios etc isso já nem entra mais em discussão. O pressuposto de que houve racismo, neste caso em questão, deriva de um dado sociológico bem mais complexo e não de um suposto erro de policial ou de depoimento da vítima. O roubo em si – e real e único problema do caso – caiu no esquecimento e foi engolido pelo mantra dos ressentidos.

Bullseye! No alvo! Imaginem que a moça tivesse descrito o meliante como um japa, com uma barbicha de bode, cabelo mais enroladinho, e pinta de esquerda caviar. E vamos supor que Sakamoto estivesse nas redondezas na hora do crime. Ora, seria racismo a polícia prendê-lo? Claro que não!

O que Jean Wyllys e os demais oportunistas de plantão fingem não saber é que houve um retrato falado da vítima do roubo que batia com o perfil do ator. Como alguém consegue alegar racismo em um caso desses escapa à minha compreensão.

Será que essas pessoas perderam completamente a capacidade de reflexão? Será que estão tão tomadas pela “vitimização das minorias” que não dão mais a mínima para a lógica? É muito triste ver a que ponto a ideologia pode destruir a capacidade intelectual das pessoas…

Rodrigo Constantino

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