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Inflação esperada para este ano ainda está acima do topo da meta
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Toda segunda-feira o Banco Central divulga o Boletim Focus, com as estimativas dos principais analistas financeiros. A inflação projetada por eles para o fechamento de 2014 colou em 7%, mas isso é passado. O que importa é o futuro. E este não é muito mais empolgante: os analistas esperam uma inflação de praticamente 6,7% para 2015, ainda acima do topo da elevada meta.

IPCA esperado para os próximos 12 meses. Fonte: Focus / Bloomberg IPCA esperado para os próximos 12 meses. Fonte: Focus / Bloomberg

Como se não bastasse, essa expectativa está se deteriorando a cada nova rodada de pesquisa. E isso mesmo com um crescimento nulo da economia, na melhor das hipóteses. Alguns economistas já projetam uma queda da atividade de até 1% este ano, ou “crescimento negativo”, para usar o oxímoro da área.

Parte do aumento da inflação se deve aos ajustes nos preços e tarifas que o novo ministro Joaquim Levy vem fazendo, e que tinha de ser feito mesmo. O governo Dilma foi extremamente irresponsável ao manipular e represar tarifas públicas e praticar o “populismo tarifário” no setor elétrico. Preços congelados são insustentáveis e geram várias distorções na economia.

Mas essa não é a explicação toda. O que estamos vivendo é uma grave crise de estagflação, como prevista por alguns economistas liberais, críticos do modelo nacional-desenvolvimentista da presidente. Com tantos estímulos fiscais e monetários e forte intervencionismo na economia, tudo que o governo conseguiu produzir foi mais inflação.

O Banco Central foi subserviente ao Planalto e ficou “atrás da curva”, mantendo uma taxa básica de juros artificialmente reduzida. Mesmo com as altas recentes, fazendo com que o Brasil volte a ter as taxas mais altas do mundo, percebe-se que o BC ainda está atrasado, tanto que a inflação esperada ultrapassa o teto da banda permitida.

Taxa básica de juros - Selic. Fonte: Bloomberg Taxa básica de juros – Selic. Fonte: Bloomberg

Para adicionar só um “pouco” mais de lenha na fogueira, como se fosse necessário, temos as crises de água e eletricidade. Em plena época de chuva os reservatórios vão atingindo recordes negativos. O sistema integrado começou o mês com os reservatórios em 22,7%, e hoje já estão em 21,3%, descendo. O volume que entra no sistema tem sido de pouco mais da metade da média histórica, e a demanda continua batendo recordes.

Para atravessar o período de seca era preciso estar com ao menos 35% de reservas, número que parece pouco provável de ser alcançado. Os governos já deveriam estar com planos de racionamento, mas não agem com a premência que a situação exige, o que pode nos custar muito caro à frente.

Colocando tudo no liqüidificador, eis o resultado que obtemos: o PIB deve sofrer uma queda esse ano, configurando um quadro de recessão; mesmo assim, a inflação deve continuar não só em patamares muito elevados, como acima da tolerância da meta do governo; e como se nada disso fosse suficiente, temos uma grave crise de abastecimento de água e de eletricidade se aproximando com velocidade cada vez maior.

A presidente Dilma é a grande responsável individual por tudo isso. E a candidata Dilma negou que qualquer coisa similar estivesse acontecendo no país durante a campanha. Alguém ainda não entendeu porque a presidente desapareceu do mapa e não abre a boca em público desde o ano passado?

Rodrigo Constantino

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