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Integrante da equipe de transição de Bolsonaro é crítica severa do agronegócio
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Por Antonio Pinho, publicado pelo Instituto Liberal

Um dos principais setores da economia que apoiou a candidatura de Bolsonaro desde o início foi o agronegócio. Nos últimos anos, repetidas vezes, em eventos agropecuários, os produtores rurais demonstraram estar em peso com Bolsonaro. Não é por menos. Na era PT houve uma total relativização do direito de propriedade, com o governo até incentivando invasões de terra pelo MST e por índios. Houve uma indiscriminada criação de reservas indígenas e áreas quilombolas com base, muitas vezes, em laudos antropológicos fraudados. Tudo isso levou a uma repulsa dos setores agropecuários em relação à esquerda e ao PT em especial.

Contudo, uma ação de Bolsonaro vai na contramão do discurso que o elegeu. O presidente eleito colocou na sua equipe de transição a militar indígena Sílvia Nobre Waiãpi, que é uma crítica mordaz do agronegócio.

Num vídeo de 2016, em seu canal pessoal no YouTube, Sílvia faz graves declarações sobre a atividade agropecuária, afirmando que “ainda estamos em 1500” na forma como os produtores rurais tratam os indígenas. A militar diz que para plantar arroz, feijão, banana e soja, os produtores rurais “invadem” as terras e matam os índios. E mais: todos estes alimentos, segundo Sílvia Nobre no vídeo em questão, estão “manchados de sangue”.

Enquanto há quem diz, como Sílvia Nobre, que os produtores rurais invadem terras indígenas, o que acontece à luz dos fatos é justamente o contrário. Produtores rurais da Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Maranhão são as verdadeiras vítimas das invasões de propriedades, tendo como base o discurso ideológico da senhora Sílvia Nobre.

Claro que no passado houve violência, mas nada parecido com um “genocídio” como pregam certas leituras ideológicas da formação do Brasil. Na verdade, houve miscigenação entre o indígena e o português e não um extermínio em massa; mas, no discurso de Sílvia Nobre – agora estranhamente aliada de Bolsonaro –, houve só massacre e invasão perpetrada pelos europeus. Ela nega totalmente as contribuições do elemento europeu na nossa constituição como nação.

O movimento universitário “UFSC Conservadora” denunciou em sua página de Facebook (confira aqui) o agressivo discurso de Sílvia Nobre contra aqueles que produzem alimentos para mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. Uma boa parte do mundo depende do Brasil para comer. Sem o agro brasileiro não será só o Brasil que passará fome, mas uma boa parte do mundo.

Resta saber da senhora Sílvia Nobre como os brasileiros iriam comer e sobreviver sem o agronegócio. Será que ela defende uma volta ao neolítico?

Pelo visto, Sílvia Nobre não mudou de pensamento, pois o vídeo com este discurso virulento contra a agropecuária brasileira continua – até a conclusão deste texto – em seu canal no YouTube.

Queremos saber se Bolsonaro sabe que uma integrante de sua equipe ainda pensa na velha lógica do “nós contra eles” – “brancos contra índios” -, discurso típico da era PT que o presidente eleito prometeu deixar no passado.

Também precisamos saber se a Funai será comandada por alguém com o pensamento de Sílvia Nobre.

*Sobre o autor: Antonio Pinho é professor, jornalista e Doutorando em Letras.

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