• Carregando...
Jamais subestime o fator ideológico: o exemplo do setor energético
| Foto:

A roubalheira petista é um espanto, mesmo para os padrões brasileiros. O petrolão, por exemplo, transforma qualquer esquema antigo de corrupção num simples roubo de galinha. Mas esse não é o único fator de preocupação com o PT no governo. Já seria motivo suficiente para desejar sem fim, sem dúvida. Mas o fator ideológico jamais pode ser subestimado.

O PT em geral e a presidente Dilma em particular acreditam mesmo no estado como locomotiva para o avanço do país. Sim, o discurso é em parte cínico e oportunista pois alimenta aqueles esquemas de desvios. Mas a descrença em relação ao mercado existe de verdade, foi martelada em suas cabeças ocas por professores marxistas desde sempre.

Acho importante lembrar isso pois muitos gostam de alimentar uma esperança de que o PT e Dilma farão o que precisa ser feito para não perder a galinha dos ovos de ouro, para não afundar de vez a economia. Não! Esse é o PMDB, partido cheio de gente envolvida em escândalos de corrupção, mas sem ideologia. O PT é ideológico, quer controlar a economia toda.

Adriano Pires, especialista no setor energético, escreveu um artigo no GLOBO hoje comentando o assustador grau de desorganização nessa área, justamente por conta do intervencionismo estatal. Ele é fruto da ideologia, não só da vontade de roubar. Diz o especialista:

Para reverter esse quadro, é preciso implantar uma política baseada no tripé planejamento, gestão e regulação eficiente. É exatamente a fragilidade deste tripé que explica a situação caótica em que se encontra o setor energético. O planejamento é falho, a gestão das empresas estatais caracterizadas pela falta de governança e a regulação enfraquecida pela captura política das agências reguladoras. Este quadro é a consequência perversa da opção pela intervenção excessiva e populista do governo nas atividades regulatórias e econômicas do setor, além da falta de crença e respeito pelo mercado. É a gênese da desorientação energética promovida pelo governo do PT, que acabou por criar grandes esqueletos em todas as áreas do setor energético brasileiro.

[…]

Se a prática fosse o planejamento, a gestão e a regulação, olhando mais para o mercado — em vez dessa visão míope do modelo da intervenção, em que o governo o tempo todo quer promover a revogação da lei da oferta e da procura e usar o setor e suas estatais com fins políticos —, poderia se criar um ciclo virtuoso de energia competitiva, investimentos, geração de empregos e crescimento, na medida em que o país tem fontes diversificadas e abundantes de energia.

Aí sim, poderemos restabelecer a estabilidade regulatória, a segurança jurídica e atingir o equilíbrio entre os objetivos de modicidade tarifária, segurança energética e crescimento com sustentabilidade.

Alguém acha que essas mudanças podem vir do próprio PT, de Dilma? Pergunto de outra forma: alguém acha que o escorpião consegue atravessar o rio todo nas costas da rã sem meter-lhe o ferrão venenoso?

Rodrigo Constantino

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]