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JoDilma

Os poucos que ainda assistem ao programa do Jô (talvez os mesmos que ainda conseguem apoiar o governo Dilma, ou seja, 7% da população), que passa de madrugada na TV Globo, relataram a nova peripécia do apresentador rechonchudo: ele acha que pagamos poucos impostos no Brasil. Isso mesmo. Releia a frase. Deixe ela vagar lentamente em seu cérebro. Agora compare a afirmação com a realidade em volta: trabalhamos até maio só para bancar o estado, e Jô acha que é pouco!

Nossa carga tributária, uma das maiores do mundo e a maior dos países emergentes, chega a quase 40% de tudo o que é produzido pela iniciativa privada. Em troca, o que temos? Esses ótimos serviços públicos que o Jô Soares utiliza: estradas maravilhosas, aeroportos e portos de primeiro mundo, um sistema de saúde fantástico, uma educação pública espetacular, e muita segurança, claro. Ops!

Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso e de honestidade percebe o absurdo da fala de Jô Soares. Qualquer um que não seja um tarado por mais estado (e menos liberdade) compreende que o brasileiro paga imposto demais, e que é indecente e imoral falar em aumentar os impostos para que os trabalhadores paguem ainda mais pelos erros e roubalheira do PT. O que nos leva a questionar se Jô ficou mesmo gagá, ou se lhe falta honestidade.

Algumas informações sobre peças suas na fila de espera ou já agraciadas com os subsídios fiscais da Lei Rouanet podem ajudar a lançar luz sobre a questão. Por exemplo: “Tróilo e Créssida” já teve autorização para quase R$ 2 milhões de captação pelo mecanismo de incentivos fiscais. Quem é o diretor geral? Isso mesmo: Jô Soares. Dizem que há mais uns R$ 5 milhões atrelados ao apresentador no forno ou já liberados.

São milhões de motivos para ser simpático ao governo, para se alinhar ao seu desejo por arrecadar ainda mais dinheiro nosso. Marx falava em luta de classes, mas pensava em patrão contra empregado, em burguês contra proletário. Tudo errado! A verdadeira luta de classes se dá entre pagadores e consumidores de impostos. Quem está do lado que recebe do governo não costuma se importar muito com aumento de impostos; pelo contrário: é mais verba disponível para seus espetáculos!

Claro que Jô pode realmente achar que o brasileiro paga pouco imposto, e defender o governo Dilma por afinidade ideológica, não por interesses mesquinhos. Nesse caso estaríamos diante de uma possível perda de lucidez mesmo. Só maluco ainda defende o governo Dilma de forma genuína e quer mais impostos, diante da absurda situação que já temos. Mas bem que o Jô poderia começar doando parte de sua fortuna ao estado, de forma voluntária, em vez de pregar o confisco compulsório dos outros…

Até mesmo no assunto do rebaixamento da nota do Brasil pela S&P o “economista” Jô se meteu a falar, e falou muita besteira, claro. Por sorte suas convidadas não toleraram tanta baboseira, e ousaram ir contra o anfitrião, a quem só restou a alternativa de chamar comerciais para fugir do constrangimento:

— O rebaixamento do Brasil para o grau especulativo, com selo de mau pagador, é apenas uma retórica, uma coisa absurda. O país nunca deixou de pagar suas dívidas internacionais — disse Jô Soares.

— Não é verdade, Jô! — interrompeu Lucia Hippolito, taxativa: — O Brasil deve a todos os organismos financeiros internacionais. Todos! E nos últimos anos sequer está pagando as parcelas.

— Jô, você está errado. — foi categórica a jornalista Lillian Witte Fibe, prosseguindo em tom professoral: — O que acontece é que os principais fundos de investimentos internacionais são obrigados, por força dos seus estatutos, a só manter dinheiro em países com ‘grau de investimento’. Se perdemos o ‘grau’, os fundos serão obrigados a retirar o dinheiro do Brasil. Será uma avalanche de dinheiro deixando o país.

Ouch! É o que dá defender o indefensável, sabe-se lá o motivo. As recentes declarações de Jô Soares comprovam que sempre é possível uma pessoa afundar mais, mesmo quando jurávamos que ela estava no fundo do poço. Se continuar assim, Jô pode até conseguir mais verbas para suas peças, mas a audiência de seu programa vai acompanhar a trajetória da aprovação do governo Dilma, que ele admira tanto: rumo ao traço, não por acaso a audiência da TV Brasil, o canal mais chapa-branca que existe.

Rodrigo Constantino

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